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Maquiavel
O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, está inconformado com a restituição do mandato de senador a Aécio Neves (PSDB-MG) pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal.
Tão inconformado que bateu boca até com o advogado do tucano, Alberto Zacharias Toron, que, em entrevista ao site Congresso em Foco, disse que o procurador estava falando “bobagem” ao dizer que o senador, de volta ao mandato, poderia colocar fim à Lava Jato. No Twitter, Dallagnol postou: “Havia razões para estar preso, mas influenciará leis que governam nosso país. Livre inclusive para articular o fim da Lava Jato e anistia”.
Leia a íntegra da nota do advogado Alberto Zacharias Toron:
“Diante da decisão do Supremo Tribunal Federal exarada pelo ministro Marco Aurélio, o senhor Deltan Dallagnol, procurador da República de primeira instância, se desespera e proclama que o senador Aécio Neves poderá ‘acabar’ com a Lava Jato. Ou esta operação é muito fraca ou, na fantasia do procurador, o senador é muito forte. Nem uma coisa e nem outra!
De saída, vê-se que se lançam argumentos de terror para deslegitimar uma decisão do STF e, o que é pior, vinda de alguém que deveria ter maior recato pela posição que ocupa. Mais grave, todavia, é a leviandade da fala. O incensado procurador da República sabe que a Lava Jato não acabará com a volta do senador Aécio às suas atividades legislativas. Se tivesse lido a decisão do ministro, veria, ou aprenderia, que o Senado é composto por mais de 80 senadores, os quais deliberam coletivamente. Foi o senador Aécio, aliás, quem articulou proposta do procurador-geral da República e do juiz Sérgio Moro para tirar do projeto da necessária Lei de Abuso de Autoridade o denominado crime de hermenêutica. No mais, a votação do aludido projeto foi unânime na CCJ.
Não custa lembrar que foi o senador Aécio que, como constituinte, ajudou a criar o novo Ministério Público com os poderes de que hoje dispõe, e foi o mesmo senador Aécio que, como presidente do PSDB, por inúmeras vezes se posicionou pelo fortalecimento e aprofundamento da Lava Jato.
Portanto, era melhor pensar antes de falar bobagem. Melhor, ainda, seria ler a decisão do ministro na íntegra e perceber que, se temos Constituição, ela deve ser cumprida. O mais pertence a um tipo de terrorismo punitivo que mais se compadece com o fascismo do que com a democracia.
Alberto Zacharias Toron, advogado”