Do UOL, em São Paulo
Durante a missa de um ano da morte de sua mulher, Marisa Letícia, realizada na noite deste sábado (3), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que há muito “mau caráter” na Justiça, mas negou sentir ódio.
As afirmações foram uma referência à decisão do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que, por unanimidade, manteve na semana passada a condenação do petista por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no chamado processo do tríplex do Guarujá. Os desembargadores decidiram ainda aumentar a pena do ex-presidente para 12 anos de prisão.
“Não há espaço para ódio no meu coração (…) Se votaram com ódio, votaram contra um homem que tem muita paz. Vou matar eles (sic) de ódio por não ter ódio”, afirmou o petista, que disse não respeitar a decisão em segunda instância. “Ela está baseada em uma mentira. Se eu a respeitasse não teria coragem de olhar na cara da minha bisneta.”
“Vou recorrer com a mesma tranquilidade com que sempre apostei na Justiça, mas com a coragem de dizer que dentro da Justiça tem gente muito boa, mas tem muita gente mau caráter, de má-fé, que age mais como agente partidário do que como representante do Judiciário. E essas pessoas não merecem ser juízes”, completou.
O ex-presidente disse que “o pernambucano que não morre até os 5 anos, passa dos 90 anos. E eu estou com a vontade e com a energia para viver pelo menos até os 90 anos, para ser contribuinte para a reconstrução democrática do país e para que os pobres voltem a ter os seus direitos.”
Lula também afirmou não ter medo de nada. “A vantagem de a gente ficar velho e passar dos 70 é que a gente perde o medo. Nada causa medo, nem a morte”, afirmou o petista ao se referir ao que classificou como perseguição a ele, ao PT e à esquerda.
Lula se emociona ao falar da morte de Marisa
O ex-presidente se emocionou ao falar da morte da mulher. “A experiência da morte é mais fácil a gente teorizar do que a gente conviver”, disse. “Quando a morte é na família dos outros, a gente consegue conviver e até fazer discurso. Mas quando a morte é na família da gente, é muito mais difícil de falar qualquer coisa.”
“A única coisa que eu tenho certeza absoluta é que, se tiver céu, a Marisa está lá”, completou.