Arquivo diários:25/04/2018

Gasto de turista brasileiro no exterior soma US$ 1,5 bilhão em março

Por Eduardo Campos e Alex Ribeiro | Valor

BRASÍLIA  –   Os brasileiros gastaram em viagens internacionais a cifra de US$ 1,520 bilhão em março, leve queda em relação ao US$ 1,533 bilhão de um ano antes. Já os estrangeiros que estiveram no Brasil deixaram US$ 544 milhões, contra US$ 650 milhões no mesmo período em 2017. Disso resulta um déficit na conta de viagens de US$ 980 milhões no período. Os dados são do Banco Central (BC).

Em 2017, a conta de viagens ficou deficitária em R$ 13,192 bilhões, contra projeção da autoridade monetária de um total de US$ 13,5 bilhões. Para este ano, o déficit deve subir a US$ 17,3 bilhões, voltando, assim, ao patamar de 2014.

Essa linha do balanço é fortemente influenciada pela cotação do dólar e pela renda disponível da população. Desde o fim de 2016 e ao longo de 2017 se observou um movimento de retomada dos gastos com viagens que chegaram a cair mais de 40% no comparativo anual. A recente valorização da moeda americana pode ter impacto nesses gastos ao longo dos próximos meses.

Os gastos com viagens são parte relevante da balança de serviços, que fechou março com déficit de US$ 2,776 bilhões. O gasto líquido com aluguel de equipamentos foi de US$ 1,337 bilhões e os dispêndios com transportes mostraram déficit de US$ 489 milhões.

Dados parciais do BC mostram que a conta para viagens internacionais está deficitária em US$ 715 milhões em abril, até o dia 23.

Vera Lúcia, pré-candidata pelo PSTU, quer despropriar 100 empresas

A sindicalista Vera Lúcia, pré-candidata à Presidência pelo PSTU, durante entrevista para a TV FolhaA ex-operária Vera Lúcia Salgado, 50, pré-candidata à Presidência pelo PSTU, diz que, se eleita, desapropriaria cerca de cem empresas e que a Venezuela não serve de modelo. “É um Estado capitalista”, disse à TV Folha.

Ela prega a revolução operária e afirma que o modelo mais próximo do ideal seria o dos cinco primeiros anos após a Revolução Russa, em 1917.

REVOLUÇÃO
O Brasil precisa de uma revolução socialista. Que tenha como tarefa central organizar a classe trabalhadora.

No Brasil, cem grandes empresários são detentores de 70% da riqueza produzida. É para expropriar? É. Não estamos falando dos pequenos e médios empresários, mas das multinacionais, dos bancos.

Para que tudo isso fosse colocado para o atendimento das necessidades do conjunto da população. Hoje é como se toda a riqueza produzida se voltasse contra os trabalhadores.

GOVERNO LULA
O governo Lula não mudou essa lógica. E quem ganhou foram os bancos, as grandes empresas. O próprio Lula não se cansa de dizer que nenhum banqueiro podia reclamar de seu governo. Aos trabalhadores só foram dadas pequenas concessões, como o Bolsa Família. Não se pode dizer que a vida das pessoas melhora dando a elas R$ 200 ou R$ 300. Isso é o congelamento da miséria.

Houve também concessões na área do crédito, que acabaram endividando os trabalhadores e aposentados. Com isso a economia foi aquecida, mas quem lucrou? Os bancos e a grande indústria.

Lula fez a sua experiência dentro dos marcos do sistema capitalista. Deu no que deu. Toda sua proposta não resolveu os problemas dos pobres.

VENEZUELA
Não é modelo. É um Estado capitalista e tem uma economia capitalista voltada para a exportação de petróleo. E importação de quase tudo para o consumo interno. Esse processo chamado pelo governo de lá de socialismo do século 21 é pura retórica.

A estatização que ocorreu na Venezuela inclusive foi “meia-boca”. O modelo que mais se aproxima do socialismo que nós defendemos foi a Revolução Russa nos seus primeiros cinco anos. Não é o da ex-União Soviética.

ELEIÇÕES
Nossa campanha vai ser pobre, como sempre foi, pedindo contribuição para os trabalhadores. Não temos condição de fazer uma campanha grandiosa, aí a gente vai e faz do jeito que pode.

As eleições se dão num esquema fraudulento, antidemocrático. Nós, do PSTU, utilizamos esse espaço para falar das nossas ideias, e é legítimo que nós, enquanto partido, façamos isso.

O PSTU não é um partido eleitoral, é um partido que se organiza e organiza os trabalhadores independentemente disso, mas, no período da campanha, nós temos uma visibilidade maior.

Apesar de muita gente não querer, a gente existe e é um fato. A classe dominante é organizada. Se queremos derrubar os de cima, nós, que somos aqui de baixo, precisamos nos organizar também.

Gestão Temer adia megaleilão de petróleo que renderia até R$ 100 bilhões

Bacia de Santos

Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA- O megaleilão de petróleo previsto para acontecer até o fim do ano e que renderia entre R$ 80 bilhões e R$ 100 bilhões aos cofres do governo está praticamente riscado do cronograma de 2018 e deve ficar para o próximo presidente. O leilão deve ser adiado por causa de uma disputa envolvendo a União e a Petrobrás em torno da ‘cessão onerosa’, área que abrange seis blocos de pré-sal na Bacia de Santos.

Segundo representantes da área econômica, as negociações entre o governo e a petroleira emperraram e dificilmente será possível chegar a um acordo a tempo de realizar ainda este ano o megaleilão, listado pela equipe econômica como um das prioridades da agenda do governo Temer. Em 2017, a licitação dessa área era considerada uma peça chave para o governo cumprir a meta fiscal em 2018. Mas, agora, a avaliação é de que o governo não precisaria mais desses recursos extras para cumprir a meta este ano.

O contrato de cessão onerosa foi firmado em 2010, no período de euforia com a descoberta do pré-sal. A União cedeu 5 bilhões de barris de petróleo em troca de R$ 74,8 bilhões da Petrobrás. No contrato, ficou definido que, no momento em que a empresa declarasse que o reservatório é comercialmente viável, seria feito um acerto de contas, considerando o valor do petróleo naquela data.

Assim, caso o barril do petróleo estivesse valendo menos, as reservas teriam desvalorizado e a Petrobrás deveria receber uma diferença da União. Caso contrário, deveria pagar ainda mais ao Tesouro pela área recebida. Esse acerto de contas, porém, não foi concluído até hoje. A revisão do contrato é uma condição fundamental para a realização do leilão do chamado ‘excedente da cessão onerosa’ – um reservatório na mesma área que é maior do que o cedido pelo governo em 2010.

Flávio Rocha, que elogia a Lava Jato, doou para alvos da operação

Empresário deu R$ 585 mil para candidatos que foram implicados na investigação

Flávio Rocha, pré-candidato à Presidência pelo PRB, em entrevista à TV Folha

WÁLTER NUNES E JOSÉ MARQUES
BRASÍLIA e SÃO PAULO
Folha de São Paulo

O pré-candidato à Presidência da República Flávio Rocha (PRB) se diz um entusiasta da maior operação anticorrupção do país. Evangélico de discurso moralizador, ele classifica a Lava Jato como “uma bênção” para vida nacional.

Já o empresário Flávio Rocha era até bem pouco tempo atrás um homem que tinha fé nos políticos. Nas últimas quatro eleições dinheiro seu e de suas empresas patrocinaram candidatos. Muitos deles foram parar na mira da Lava Jato.

No total, Rocha e seu grupo empresarial gastaram R$ 585 mil com políticos e legendas envolvidos em acusações de corrupção ou caixa dois.

Entre suas apostas eleitorais estiveram Henrique Eduardo Alves (MDB-RN), Rodrigo da Rocha Loures (MDB-PR), José Agripino Maia (DEM-RN) e Paulo Skaf (MDB-SP).

Os repasses foram feitos por meio das empresas Guararapes Confecções e Lojas Riachuelo S/A, presididas por Rocha, e em doações pessoais do próprio empresário. Todas as contribuições foram registradas na Justiça Eleitoral.

A Riachuelo transferiu também para contas de partidos. Em 03 outubro de 2014, antevéspera do primeiro turno da eleição, a empresa repassou R$ 100 mil para o comitê financeiro do MDB do Rio de Janeiro. O partido era capitaneado pelo ex-governador Sérgio Cabral e pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, hoje presos pela Lava Jato.

Os candidatos do Rio Grande do Norte também ganharam atenção especial. No estado a Guararapes Confecções controla o maior polo de produção de roupas do país –é também onde enfrenta denúncias do Ministério Público do Trabalho.

Henrique Eduardo Alves (MDB), deputado eleito pelo estado, recebeu apoio financeiro de Rocha nas disputas para a Câmara dos Deputados em 2010 e 2014. A Guararapes doou, respectivamente, R$ 10 mil e R$ 50 mil para as suas candidaturas. O deputado foi preso em 2017 na operação Sepsis, que apurou fraudes no FI-FGTS. Ele também é citado por delatores da Odebrecht.

A Guararapes injetou dinheiro na campanha vitoriosa do governador Robinson Faria (PSD). Foram doados R$ 70 mil. Depois de eleito Faria acumulou denúncias. Foi alvo de operação que apurou desvio por meio de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa. O governador também foi citado por delatores da Odebrecht e da JBS, tendo recebido R$ 100 mil da empreiteira e R$ 10 milhões do frigorífico.

Agripino Maia (DEM) recebeu R$ 50 mil da Riachuelo em 2010 para se eleger ao Senado. Em 2016, a empresa doou o mesmo valor para eleger o filho do senador Felipe Catalão Maia (DEM). Pai e filho aparecem juntos numa planilha de propinas da Odebrecht. “Pino”, codinome que seria de Agripino Maia, teria recebido R$ 100 mil, e “Pininho”, referente à Felipe, outros R$ 50 mil da empresa.

No Paraná, berço da Lava Jato, Flávio Rocha investiu R$ 10 mil, em 2010, na campanha de Rodrigo da Rocha Loures (MDB), então candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Osmar Dias (PDT).

Sete anos mais tarde, Loures, então assessor especial de Michel Temer, foi filmado por policiais carregando uma mala com R$ 500 mil. O empresário Joesley Batista, acionista da JBS, diz que o dinheiro entregue a Loures era propina para o presidente.

Rocha também financiou o projeto político do amigo Paulo Skaf (MDB), presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), que concorreu ao governo, em 2014.

Fez uma doação de R$ 5.000 do próprio bolso e cinco outras pela Riachuelo que totalizaram R$ 160729,66.

Segundo a delação de Marcelo Odebrecht, Skaf recebeu R$ 2,5 milhões de um acerto envolvendo o PT. O caso foi parar na Justiça Eleitoral. Skaf, assim como os outros citados, nega ter recebido propina.

Procurado, Rocha não falou sobre as doações.

Em nota, o coordenador jurídico de sua campanha diz que as contribuições dele e de suas empresas “sempre obedeceram a lei e os limites estabelecidos”.

“Rocha e a empresa repudiam qualquer tipo de corrupção e uso de caixa dois em campanhas eleitorais”, diz o comunicado.