Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
Com mais de 700 mil presos espalhados por delegacias e presídios superlotados, o Brasil deixou de garantir a segurança das pessoas atrás das grades e a missão cabe hoje às facções criminosas. A afirmação é do próprio ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, dada após evento na última quinta-feira (30), com procuradores e promotores responsáveis pela investigação de organizações criminosas de todo o país.
“O crime domina o sistema prisional porque o poder público não garante a vida dele [do preso]”, disse Jungmann. “Quem garante, lá dentro, é a facção.”
Na avaliação do ministro, o aperto financeiro, uma vez que o detento está preso, o torna alvo fácil para as facções. “Quem vai garantir muitas vezes essa renda para ele e para a família dele é a facção. Só que ela vai exigir que ele faça um juramento e ele passa a ser um escravo, dentro e fora do presídio.”
Para Jungmann, não há outra fórmula para reduzir o poder das facções que não seja o Estado garantindo a vida do preso em custódia. “Assim podemos tirá-lo das mãos das facções. Claro, ele vai continuar a pagar pelo que fez, mas, se deixar ele absolutamente indefeso em relação à sua vida lá dentro, a pergunta que faço à sociedade é: isso está valendo a pena?”, questionou o ministro.