Após 35 anos, Globo demite José Mayer, acusado de assédio sexual

José Mayer em A Lei do Amor; contrato do ator com a Globo venceu em dezembro e não foi renovado - João Miguel Jr.TV Globo

DANIEL CASTRO e LUCIANO GUARALDO

O contrato do ator José Mayer com a Globo venceu em dezembro e não foi renovado. Acusado de assediar sexualmente uma figurinista no início de 2017, Mayer estava na geladeira da emissora desde o final da novela A Lei do Amor, na qual interpretou o vilão Tião. É o fim de uma relação iniciada há 35 anos.

Procurada pelo Notícias da TV, a Globo confirmou a informação. “Depois de mais de 35 anos de uma trajetória iniciada na novela ‘Guerra dos Sexos’, em 1983, com participação em mais de 40 obras, entre novelas, séries, minisséries e especiais, a Globo e o ator José Mayer informam o fim da parceria, de comum acordo, no final de 2018”, afirmou a emissora em nota.

Mayer foi denunciado pela assistente de figurino Susllem Tonani, que relatou em março de 2017 que ele teria a assediado durante as gravações de A Lei do Amor. No texto, escrito em primeira pessoa, a profissional de 28 anos disse que o assédio começou oito meses antes, com frases do tipo “Como você é bonita” e “Como você se veste bem”, que logo evoluíram para “Fico olhando a sua bundinha e imaginando seu peitinho”.

Em fevereiro de 2017, dentro de um camarim dos Estúdios Globo e na frente de duas camareiras, Mayer teria colocado a mão esquerda na genitália de Susllem, que decidiu denunciar a agressão à emissora. Com o fim de seu contrato para trabalhar na produção de A Lei do Amor, Susllem levou seu drama à imprensa.

Sensibilizadas pela situação que a figurinista enfrentou, funcionárias e atrizes da Globo fizeram um protesto na emissora, vestindo uma camiseta com a frase “Mexeu com uma, mexeu com todas”, e com a hashtag #chegadeassédio. Atrizes como Alice Wegmann, Bruna Linzmeyer, Mariana Xavier e Drica Moraes se posicionaram contra o machismo de Mayer em seus perfis nas redes sociais.

Depois de muita pressão, Mayer admitiu que errou em carta que foi lida no Jornal Hoje de 4 de abril daquele ano. Ele pediu desculpas por sua atitude e afirmou que pretendia mudar sua forma de pensar e agir.

“Eu errei. Errei no que fiz, no que falei, e no que pensava. A atitude correta é pedir desculpas. Mas isso só não basta. É preciso um reconhecimento público que faço agora. Mesmo não tendo tido a intenção de ofender, agredir ou desrespeitar, admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas”, disse no início do texto.

O ator ainda declarou que recebeu educação machista e que aprendeu muito mais sobre respeito após a denúncia vir à tona do que ao longo de seus então 67 anos –hoje, ele tem 69. “A única coisa que posso pedir a Susllem, às minhas colegas e a toda a sociedade é o entendimento deste meu movimento de mudança”, admitiu.

Apesar da coragem em abrir o jogo sobre o ocorrido, Susllem não deu continuidade à denúncia contra o ator na Justiça. Ela alegou no ano passado que foi “extremamente inibida por um delegado” logo após sua denúncia.

Sem perdão
A atitude de José Mayer não foi perdoada pela Globo. A emissora proibiu seus autores e diretores de escalarem o ator para qualquer produção. Aguinaldo Silva tentou emplacá-lo em O Sétimo Guardião duas vezes, sem sucesso. Na primeira, queria dar a ele o papel de Olavo, que ficou com Tony Ramos. Depois, tentou escalá-lo para viver o mendigo Feliciano, que ficou com (Leopoldo Pacheco).

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