Arquivo diários:04/02/2019

PSB presidido por Rafael Mota ganha mais dois prefeitos com eleições suplementares

Grupo vitorioso em Santa Cruz

Com as eleições suplementares realizadas domingo (3) no Rio Grande do Norte, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) ganhou mais dois prefeitos em seu quadro. Presidente estadual da legenda, o deputado federal Rafael Motta comemorou com os eleitos e disse que o PSB pretende crescer ainda mais no RN.

Em Santa Cruz, a vitória foi de Ivanildinho (PSB), com 9.714 votos. O vice-prefeito Glauther Adriano também é da legenda. Já na cidade de Passa e Fica, Celú (PSB) foi o eleito, com 4.086 votos. O PSB já contava com os prefeitos de Felipe Guerra, Coronel João Pessoa, Rafael Godeiro, Taipu e Vera Cruz.

“Queremos reproduzir no RN o crescimento que o PSB vive nacionalmente, tendo ampliado, inclusive, sua bancada na Câmara dos Deputados. O partido pretende dialogar com os governos estadual e federal, sem radicalismos, buscando melhorias para os potiguares”, disse Rafael Motta

Maduro rejeita convocar eleições e envia Exército para fronteiras

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rejeitou o ultimato dado por países europeus na semana passada para ele convocar eleições presidenciais, e afirmou que está reforçando o patrulhamento nas fronteiras com o envio das Forças Armadas. A decisão foi tomada após o líder oposicionista e autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmar que pediu ajuda humanitária para Estados Unidos e países europeus.

Em entrevista à rede espanhola La Sexta, Maduro disse que não vai “ceder por covardia diante da pressão” dos europeus. “Por que a União Europeia terá que dizer a um país que já fez escolhas que têm de repetir as eleições presidenciais? Só porque seus aliados não ganharam?”, disse Maduro.

O ultimato dado Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal e Holanda na semana passada termina à meia-noite deste domingo. Os países afirmaram que se Maduro não convocasse eleições presidenciais, eles passariam a apoiar Juan Guaidó.

“Eles tentam nos encurralar com ultimatos para nos forçar a ir a uma situação extrema de confronto”, denunciou Maduro, que insistiu em sua proposta para as eleições antecipadas do Parlamento, dominadas pela oposição.

Por outro lado, Maduro disse apoiar a “boa iniciativa” de um grupo de contato internacional, formado por União Europeia e países latino-americanos, como Uruguai e México, que visa “promover um processo político e pacífico” para sair da crise venezuelana. O primeiro encontro do grupo deve ocorrer em 7 de fevereiro, em Montevidéu.

“Eu apoio essa conferência. (…) Aposto que a partir desta iniciativa haverá uma mesa de negociações, um diálogo entre os venezuelanos, para resolver nossos problemas, para agendar um plano, uma solução para os problemas da Venezuela”, disse Maduro.

Durante a entrevista, o presidente enviou uma mensagem a Guaidó: “Eu digo a ele: abandone a estratégia do golpe, se quiser contribuir com algo, sente-se em uma mesa de conversação face a face” com o governo.

Guaidó já disse que não se prestará a “falsos” diálogos que dão oxigênio ao governo e que os venezuelanos “permanecerão nas ruas até o usurpador” Maduro renunciar.

O opositor anunciou que a ajuda humanitária deve começar a chegar nesta semana. Segundo Guaidó, será criada uma “coalizão nacional e internacional” com três centros de armazenamento de remédios e alimentos: na Colômbia, na cidade de Cúcuta, no Brasil, e em uma ilha caribenha. Segundo Guaidó, haverá uma mobilização para exigir aos militares venezuelanos que deixem a ajuda entrar no país.

Entre as opções estudadas pelos EUA para enfrentar o colapso da Venezuela está a abertura de um corredor para envio de ajuda humanitária. Washington disse ter prontos US$ 20 milhões para enviar em alimentos e remédios. Na madrugada de sábado para domingo, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, escreveu em sua conta no Twitter que os “Estados Unidos já estão mobilizando e transportando ajuda humanitária” para a Venezuela. Bolton postou fotos de caixas de alimentos e remédios já empacotados e prontos para o embarque.

A ideia de abrir um canal ou corredor humanitário foi respaldada pela Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria opositora, e por 14 países que integram o Grupo de Lima em diferentes comunicados. O chavismo considera a criação de um “corredor humanitário” uma porta de entrada para forças estrangeiras interessadas em uma intervenção militar. O governo Maduro atribui a escassez de alimentos e remédios às sanções dos Estados Unidos.

Diante da ajuda humanitária, Nicolás Maduro enviou as Forças Armadas do país para reforçar as fronteiras.

Neste domingo, 3, oficiais das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (Fanb) e membros da Guarda Nacional foram para a fronteira com a Colômbia, em Táchira, n a madrugada, para supervisionar os postos fronteiriços. “Estamos na Ponte Internacional Simón Bolívar, para assegurar a defesa da pátria. Paz total por aqui”, escreveu em sua conta no Twitter o general Freddy Bernal.

A operação aconteceu horas depois de Guaidó anunciar que Cúcuta, na Colômbia, seria um dos pontos onde chegaria a ajuda humanitária internacional. A ponte Simón Bolívar liga San Antonio del Táchira, na Venezuela, com Cúcuta, na Colômbia.

John Bolton exortou ontem os militares venezuelanos a “seguir o exemplo do general Francisco Yáñez, da Aviação Militar, proteger os manifestantes e ficar ao lado da democracia”. No sábado, Yáñez não reconheceu Maduro, tornando-se o primeiro militar na ativa de alto escalão a reconhecer Guaidó. / AFP e REUTERS

ESTADÃO CONTEÚDO

No Senado, Styvenson diz que carrega a responsabilidade de uma nação

José Aldenir / Agora RN
Styvenson Valentin, senador pelo Rio Grande do Norte

O senador Styvenson Valentim ainda está analisando a qual partido se filiará para prosseguir o seu mandato de oito anos no Senado Federal. O parlamentar disse que é o momento de ter serenidade para fazer a escolha certa.

“Ainda estou analisando, esse momento é para termos serenidade para fazer as escolhas certas, uma vez que nunca fui político. É preciso que eu tenha humildade para escutar os mais experientes”, disse, em entrevista concedida à TV Senado.

O parlamentar se comprometeu a defender os interesses do povo potiguar, afirmando que é “apenas um representante” do Rio Grande do Norte, tendo sido eleito por 745 mil votos. “Eu carrego a responsabilidade de uma nação”, declarou.

Styvenson foi o único da bancada potiguar a mostrar em quem havia votado para a presidência do Senado no último sábado, 2. O capitão da Polícia Militar e ex-comandante da Lei Seca votou no senador José Reguffe (sem partido – DF), que acabou derrotado por Davi Alcolumbre (DEM – AP).

Com a educação, segurança e saúde, como bandeiras, Styvenson revelou qual é o grande pedido que seus eleitores fazem quando o veem. “Sempre busco ouvir as pessoas que estão nas redes sociais e nas ruas, e a palavra que elas mais pedem é combate à corrupção e é isso que a gente se propõe a se fazer. Serei coerente por oito anos”, concluiu.

Quem compartilha foto vazada por WhatsApp comete crime, afirma advogado

Cantora Luísa Sonza teve foto íntima que enviou para marido divulgada na internet.

Uma foto intima da cantora Luísa Sonza foi divulgada neste domingo (3/2) sem o seu consentimento. Este não é o primeiro caso do tipo envolvendo uma personalidade pública. Mas, por mais que ocorra com frequência, essa prática é crime previsto no artigo 218-C do Código Penal, com pena de 1 a 5 anos.

O advogado Luiz Augusto Filizzola D’Urso, especialista em Cibercrimes e Coordenador do Curso de Direito Digital da FMU, afirma que quem compartilha as fotos por meio do WhatsApp também está cometendo crime,  podendo ser punido com as mesmas penas que o indivíduo que vazou inicialmente a foto de nudez.

“Todos aqueles que recebem este tipo de conteúdo, nunca devem compartilhá-lo ou armazená-lo, pois as atitudes ilícitas cometidas no ambiente virtual podem gerar consequências, inclusive criminais, na vida real”, afirma o advogado

Detalhes sobre a morte de Sabrina Bittencourt ainda são incertos

Sabrina Bittencourt (foto: reprodução/Facebook)

Acordamos esta manhã com a notícia de que a ativista Sabrina Bittencourt teria se suicidado. Sabrina, uma das responsáveis pelas avalanches de denúncias contra João de Deus que o levaram a prisão, vinha relatando sofrer várias ameaças desde que o caso veio à tona.

Na noite de 2 de fevereiro, Sabrina postou uma carta de despedida no Facebook, falando que se juntaria a Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, assassinada em 14 de março de 2018.

Em seguida, seu filho Gabriel Baum confirmou a morte da mãe na rede social. O grupo Vítimas Unidas, do qual Sabrina era membro, publicou uma nota do falecimento pedindo “a todos que não tentem entrar em contato com nenhum integrante da família, preservando-os de perguntas que sejam dolorosas neste momento tão difícil”.

A reportagem ligou para as embaixadas de Angola (onde ela aparece em uma foto no mesmo dia da notícia do suicídio; veja explicação abaixo) e Barcelona (cidade onde ela vivia e teria sido encontrada morta) e eles não tinham informações sobre a morte de uma brasileira.

Os principais hospitais de Barcelona foram procurados pela reportagem, mas se recusam a dar informações sobre pacientes. A polícia da cidade também não dá informações, sob o argumento de  que, como se trata de um suicídio, não podem confirmar o óbito, pois não é um crime, mas um caso de saúde mental.

A reportagem entrou em contato, também, com o plantonista do Consulado Geral do Brasil, em Barcelona, que disse que não recebeu nenhuma confirmação por parte da polícia, ainda. Explicou que, em casos de falecimento de brasileiros, é de praxe que o setor de Assistência (que não faz plantão nos finais de semana) receba no e-mail um comunicando, mas a confirmação por parte desse setor só poderá ser realizada na manhã de segunda-feira.

Seus familiares também não responderam às mensagens. “Só acreditei quando falei com o Rafa”, disse a diretora da ONG Vítimas Unidas, Maria do Carmo Santos, se referindo a Rafael Tedesco, ex-marido e melhor amigo de Sabrina.

Ao mesmo tempo em que a notícia chegava, ativistas e amigos de Sabrina trocavam mensagens sobre a possibilidade de Sabrina ter tido uma morte “simbólica”. A dúvida levantada por eles: teria a ativista decidido ter uma outra identidade, para assim viver em paz, longe de ameaças?

Sabrina estava especialmente apavorada depois de, segundo ela, o endereço onde seus filhos moravam ter sido descoberto e também pelo fato de estar sofrendo novas ameaças. Na tarde de ontem, Sabrina mandou mensagem para esta repórter e outros jornalistas  relatando:

“Estou sendo perseguida por um homem chamado Paulo Pavesi. Um guia que trabalha na Casa Dom Inácio de Loyola marcou vários matadores de João de Deus pedindo para me localizarem. Esse é o perfil dele. Ele é louco. Eu avisei que essa semana fariam milhares de Fake News ao meu respeito”.

Em uma publicação no Facebook, Pavesi diz que vai fazer um pedido à Polícia Federal para que o local do “suposto suicídio” seja investigado. Ele afirma que muitas das denúncias da ativista são mentirosas e pressupõe que ela tenha tirado a própria vida “porque não tinha como provar e sabia que não tinha outra saída”.

Foto na Angola no mesmo dia do suicídio em Barcelona

Sabrina Bittencourt e o amigo Anderson Lago (Crédito: Arquivo Pessoal)

Sabrina foi marcada em uma foto ao meio dia de sábado (2), no Facebook. A localização marcada na rede social era Angola, na África. Quem publicou a imagem foi um amigo próximo da ativista, o cineasta Anderson Lago, de 40 anos. À Universa, ele contou que a postagem fazia parte de uma estratégia que Sabrina e alguns amigos haviam criado há pouco tempo.

“Ela estava recebendo ameaças e, por segurança, sugeriu que todos os dias algum amigo publicasse uma foto com ela em algum lugar do mundo. A foto que postei é, na verdade, de 2014. Eu troquei o fundo pela imagem da exposição que, de fato, inaugurou ontem na Angola. Pela estratégia, nós relacionaríamos todas as fotos a algum acontecimento atual da cidade em questão”, conta.

Anderson confirma que Sabrina estava em Barcelona na noite de sábado. Segundo ele, a ativista percebeu movimentações suspeitas em sua conta de WhatsApp. “Ela deixou o celular com o WhatsApp aberto em cima da mesa e percebeu que as conversas estavam deslizando para cima e para baixo ‘sozinhas’, sem que ela mexesse no celular. Ela entendeu, então, que havia sido hackeada e que alguém tinha acesso a todas as conversas e passos dela. Ficou transtornada”, diz.

Esse foi o último contato dos dois. “Sabrina vivia dizendo que não se entregaria se percebesse que as pessoas que a perseguiam estavam chegando até ela. Por isso mudava o tempo todo de cidade, estava com medo. Não sei o que de fato aconteceu, não falei com o filho dela ainda. Mas posso te garantir que ela estava em casa. Eu soube da morte pelo filho dela, que me mandou mensagem”.

Medo pelos filhos

Em um encontro com a Universa em dezembro de 2018, Sabrina revelou não ter mais endereço fixo. Durante o encontro, em Berlim, na Alemanha, a ativista olhava atenta para os lados antes de atravessar a rua e temia estar sendo perseguida.

Segundo ela, sua casa já teria sido invadida e seu computador rastreado. Conversando com ela, fui orientada a não publicar a reportagem antes que ela saísse da cidade. Ela seguia um esquema de segurança e se preocupava, sobretudo, com seus filhos.

“Eles estão bem, eu não falo de ameça de morte porque não vou deixar os capangas de João de Deus deixarem meus filhos assustados. Mas eles sabem que temos que nos mudar, que nossa vida é assim”.

Choro e riso

Sabrina, no encontro em dezembro, chorou bastante, mas também riu. Deu um anel de presente para a repórter. “Gosto de dar coisas minhas para pessoas que eu gosto”. Ela chorou ao relatar os abusos que sofreu na Infancia (de familiars e membros da comunidade Mormon onde cresceu, em São Paulo). Chorou também ao falar de Marielle e do medo que sentia.

Mas estava em Berlim para descansar, comemorar seu aniversário e ter um pouco de paz.

Sabrina disse que estava “ferrada de saúde, mas feliz”. Sentia parte da missão cumprida com a prisão de João de Deus. Mas, mesmo assim, não relaxava. Ela prestava socorro a vítimas em risco. E, como não parava, tentava ajudar todas as outras mulheres em risco que via pela frente.

Quando foi divulgada a notícia de que a produtora Rebeca Kodaira tinha  sofrido uma tentativa de assassinato por parte do namorado em Berlim, Sabrina me escreveu, contando que estava em contato com a menina, tentando orientá-la.

“Nós temos que ajudar essas meninas que vão muito novas para a Europa. Elas têm que saber quais são os direitos delas e o que fazer em casos de risco”, disse. Logo depois, já estava envolvida com Felipe Netto tentando ajudar MC Mellody, tudo ao mesmo tempo.

Sabrina era uma pessoa intensa. No dia do nosso encontro, se deu ao luxo de tomar uma cerveja e rir. Tiramos fotos, fizemos videos, falamos alto no ônibus despertando a curiosidade dos alemães. Pedi para que ela tomasse cuidado. Ela disse que eu não precisava me preocupar, que ela iria, sim, fazer isso. “Tem muita gente que quer o meu fim, mas sei também que sou cercada por uma rede enorme de proteção e amor”, ela disse. Pura verdade.

* Com colaboração de Talyta Vespa e Luís Lima

Ministro de Bolsonaro criou candidatos laranjas para desviar recursos na eleição

Ranier BragonCamila Mattoso
IPATINGA (MG) e BRASÍLIA

ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio(PSL), deputado federal mais votado em Minas, patrocinou um esquema de candidaturas laranjas no estado que direcionou verbas públicas de campanha para empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara.

Após indicação do PSL de Minas, presidido à época pelo próprio Álvaro Antônio, o comando nacional do partido do presidente Jair Bolsonarorepassou R$ 279 mil a quatro candidatas. O valor representa o percentual mínimo exigido pela Justiça Eleitoral (30%) para destinação do fundo eleitoral a mulheres candidatas.

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG)
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) – Jake Spring – 16.jan.2019/Reuters

Apesar de figurar entre os 20 candidatos do PSL no país que mais receberam dinheiro público, essas quatro mulheres tiveram desempenho insignificante. Juntas, receberam pouco mais de 2.000 votos, em um indicativo de candidaturas de fachada, em que há simulação de alguns atos reais de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.

Folha visitou as cidades de Ipatinga, Governador Valadares, Timóteo e Coronel Fabriciano, na região do Vale do Rio Doce, leste de Minas Gerais, e investigou as informações prestadas por elas à Justiça Eleitoral.

Dos R$ 279 mil repassados pelo PSL, ao menos R$ 85 mil foram parar oficialmente na conta de quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro de Bolsonaro.

Esse é o caso, por exemplo, de Lilian Bernardino, candidata a deputada estadual em Governador Valadares. Ela é próxima a Haissander Souza de Paula, que foi assessor do gabinete parlamentar de Álvaro Antônio de dezembro de 2017 ao início deste ano, quando o deputado assumiu o Ministério do Turismo. Haissander hoje é secretário parlamentar do suplente de Álvaro Antônio na Câmara, Gustavo Mitre, do PHS.

Lilian recebeu da direção do PSL R$ 65 mil de recursos públicos, declarou ter gasto todo esse valor e obteve apenas 196 votos. No mesmo dia ou poucos dias depois de ter recebido as verbas, ela repassou boa parte para quatro empresas que têm ligações com o ministro do Turismo.

Um total de R$ 14,9 mil foi para duas empresas de comunicação de um irmão de Roberto Silva Soares, conhecido como Robertinho Soares, que foi assessor do gabinete de Álvaro Antônio e coordenou sua campanha no vale do Rio Doce. Outros R$ 10 mil foram direcionados para uma gráfica de uma sócia do irmão de Robertinho.

Houve também pagamento de R$ 11 mil à empresa de Mateus Von Rondon Martins, de Belo Horizonte, responsável pela divulgação do mandato de Álvaro Antônio e hoje assessor especial do Ministério do Turismo.

Lilian declarou gasto de R$ 2.500 com o secretário do PSL em Ipatinga, Edmilson Luiz Alves, que, segundo o que informou a candidata à Justiça Eleitoral, fez atividades de militância e mobilização de rua para a campanha.

À Folha Edmilson, que coordenou o comitê de campanha do PSL na região, disse nunca ter visto a candidata.

“Em Valadares eu não acompanhei ninguém”, afirmou, dizendo que jamais assinou recibo eleitoral de serviços para Lilian. “Não, não conheço essa Lilian não. Nem o telefone dela eu tenho.”

Um dia após a Folha procurar ouvir os envolvidos, Edmilson ligou de novo dizendo ter se lembrado do trabalho. Segundo ele, sua tarefa consistiu em intermediar a contratação para Lilian de uma empresa de disparo de mensagens de WhatsApp.

Ele não soube explicar por que o nome dele, e não da suposta empresa, aparece na prestação. Também se comprometeu a passar o nome e o contato dessa empresa, mas não fez isso até a conclusão desta reportagem.

Folha procurou Lilian por telefone e em endereços de Valadares em que teria morado, mas não conseguiu contato.

Outra candidata campeã de dinheiro do PSL, mas lanterna de votos, é Mila Fernandes. Teve 334 votos a deputada federal. Ela disse à Justiça ter gasto os R$ 72 mil que recebeu. Entre outros fornecedores, R$ 4.900 para Mateus Von Rondon.

O hoje assessor especial do Turismo declarou serviços eleitorais a apenas essas quatro candidatas do PSL, além de outro postulante de Minas Gerais.

Por telefone, Mila disse à Folha que fez campanha, mas encerrou a ligação após ser questionada sobre quais atos eleitorais havia realizado. Por mensagem de texto, afirmou que só daria entrevista pessoalmente. A Folha se dispôs a ir onde ela indicasse, mas ela não respondeu mais.

A reportagem visitou as cidades de Timóteo e Coronel Fabriciano no dia seguinte em pelo menos três endereços que poderiam ser dela, mas não a encontrou.

A terceira candidata é Débora Gomes, a mais bem sucedida das quatro, tendo obtido 885 votos para deputada estadual.

Ela recebeu a Folha na garagem de casa, em uma rua do centro de Ipatinga. Afirmou que fez campanha com foco em familiares e amigos e que imprimiu e mandou distribuir material. Mas que não teve tempo para se dedicar às eleições porque é enfermeira particular e tem pacientes que não poderia abandonar.

Na garagem é visível um adesivo desbotado dela ao lado da foto de Bolsonaro. Débora também declarou ter feito seus principais gastos em firmas vinculadas ao hoje ministro —R$ 30 mil nas empresas do irmão de Robertinho, R$ 10 mil na da sócia deste e R$ 7.600 para Mateus Von Rondon.

Débora disse que conheceu Von Rondon durante a campanha, negou que Álvaro Antônio ou assessores tenham direcionado seus gastos, mas não soube dizer qual serviço o assessor especial do ministro fez.

A quarta candidata é Naftali Tamar, que disputou uma cadeira na Câmara. Recebeu R$ 70 mil e teve 669 votos. Ela declarou gasto de R$ 9.000 com Von Rondon. A Folha não conseguiu localizá-la.

Além das quatro, uma quinta candidata do PSL de Minas, Cleuzenir Souza, recebeu do partido R$ 60 mil de recursos públicos e obteve 2.097 votos. Ela não declarou gastos com nenhuma empresa vinculada ao ministro e, durante a campanha, registrou um boletim de ocorrência em que acusa dois assessores de Álvaro Antônio de cobrar dela a devolução de metade do valor —conforme noticiado em dezembro pela coluna Mônica Bergamo, na Folha.

Esses dois assessores teriam exigido isso como pagamento de material de campanha do partido que, segundo ela, não teria custado nem R$ 5.000. A Folha a procurou em Governador Valadares, onde ela morava, mas familiares afirmaram que ela se mudou para Portugal logo após as eleições.

Marcelo Álvaro Antônio trocou o PR pelo PSL no início de 2018, seguindo Bolsonaro, de quem foi o coordenador de campanha em Minas.