Arquivo diários:19/03/2019

Professoras que estudaram 200 edições do Jornal Nacional mostram como cena de avião marcou operação de “silenciamento” do ex-presidente Lula

Da Redação

Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Eliara Santana, também jornalista, doutoranda em Estudos Linguísticos pela PUC Minas/Capes.

Desde janeiro, quando o Tribunal Regional Federal da 4.a Região (TRF-4) condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, elas estão debruçadas sobre as edições diárias do Jornal Nacional, da Rede Globo.

Objetivo: observar os movimentos de produção de sentido e a construção de estratégias discursivas para compreender como seriam trabalhadas em um ano eleitoral no cenário pós-golpe.

Aa duas pesquisadoras já analisaram mais de 200 edições do JN, e observaram que:

*A partir do período inicial do julgamento, houve exposição crescente e diária do ex-presidente, sempre no quadro da corrupção.

*Em abril, com a prisão, detectaram movimento oposto: o silenciamento, apagando Lula não apenas do noticiário, mas da vida política brasileira.

Se antes a superexposição visava mostrar que tudo de ruim era culpa da política e dos políticos, agora a ausência de Lula objetivava reforçar um candidato de extrema-direita, fascista, que “não é político”, mesmo estando na política partidária há quase três décadas.

Uma imagem que retrata bem esse movimento do JN é a imagem no topo deste post.

Toda vez que William Bonner ou Renata Vasconcelos fazem menção a Lula e ao PT aparece, ao fundo, essa imagem vermelha, com um duto de esgoto do qual saem notas de dinheiro.

Para as pesquisadoras, uma associação simbólica gravíssima, porque toda vez que o PT colocar suas bandeiras vermelhas em cena, o telespectador vai associar à corrupção.

Ângela Carrato e Eliara Santana divulgam, com exclusividade ao Viomundo, os resultados iniciais do estudo em andamento.

Eles serão apresentados em quatro atos.

ATO 1: SILENCIAMENTO DE LULA, O CANDIDATO INDESEJADO 

por Ângela Carrato e Eliara Santana*, especial para o Viomundo

Desde janeiro de 2018, quando iniciamos esta pesquisa, já analisamos mais de 200 edições do Jornal Nacional à procura de padrões que pudessem indicar o comportamento da cobertura jornalística do principal veículo da Rede Globo, como ator que se posiciona no campo político, na disputa de poder.

O nosso estudo não avalia apenas os elementos objetivos — duração das matérias, pertinência das fontes ouvidas, presença do contraditório.

Atenta também ao que é dito, como é dito, por quem é dito, pois são aspectos igualmente importantes numa análise com esse perfil.

Vale dizer: entonação de voz, fisionomia da pessoa, vestuário, contexto em que a pessoa fala, cores predominantes na cena, entre outros detalhes. Tudo isso importa e muito.

É importante observar, ainda, que pesa muito o modo como as informações/notícias são organizadas e apresentadas para os telespectadores.

O resultado dessa empreitada é que pudemos verificar, na análise, que há padrões internos claros na cobertura, bem como mudanças estratégicas neles, de acordo com o cenário e as ênfases que a edição pretenda dar.

Percepção que se torna fundamental para, num momento seguinte, se posicionarem sobre essa mesma realidade.

Ressaltar esse aspecto é essencial, tendo em vista a divergência reinante entre os estudiosos da mídia.

De um lado, aqueles que defendem que a mídia manipula a compreensão do público sobre os fatos, valendo-se para tanto de várias técnicas, entre elas o agendamento (agenda setting).

De outro, os que defendem que o público tem autonomia e outras fontes de informação, sendo assim capaz de formar julgamento próprio (as teorias sobre deliberação).

Os defensores da segunda visão estariam menos equivocados se no Brasil existissem, efetivamente, fontes plurais de informação (em especial também uma mídia pública) e não um monopólio comercial de mídia.

Estariam menos equivocados se existisse aqui uma educação de qualidade para todos e uma população plenamente — e não apenas funcionalmente — alfabetizada, como acontece em países da Europa ou mesmo nos Estados Unidos.

A edição dos telejornais brasileiros, em especial o JN, utiliza um recurso que segue a mesma lógica das novelas (tão apreciadas no País) e das séries.

Um assunto começa num dia e se prolonga por vários “capítulos”.

O que aconteceu num “capítulo” acaba tendo influência em outro.

No entanto, ao contrário das novelas, onde um personagem não pode desaparecer por muito tempo, nos telejornais, a presença de personagens e dos temas a eles ligados não segue essa lógica.

Em outras palavras: nos telejornais, onde deveria haver espaço para recortes de um dado real, tem predominado mais ficção — compreendida aqui como reconstrução enviesada do real — do que nas próprias novelas.

A CONSTRUÇÃO DE CENAS

Há movimentos bastante precisos e coordenados em relação às edições do jornal nesse período (que denominamos ATO 1), com um enquadramento muito bem construído a partir dos temas (assuntos principais em destaque), da qualificação dos atores e da construção da cena enunciativa

É preciso ficar bem claro que o JN não está fazendo (se é que algum dia efetivamente fez) puramente jornalismo.

Ele está tentando criar um repertório coletivo, recorrendo à memória discursiva, modalizando o dizer, com estratégias muito bem construídas do ponto de vista discursivo, para substituir a percepção e a memória que os telespectadores têm dos fatos.

Dito de outra forma: o JN está tentando reescrever a história do Brasil, de acordo com os interesses da família Marinho e da elite dominante brasileira (e de seus apoiadores externos).

Esses aspectos são fundamentais para podermos mostrar como, enfim, a discussão de temas relevantes no cenário nacional é circunscrita no e pelo JN, visando a determinadas interpretações e problematizações.

Afinal, o que está circunscrito opera dentro de quadros e enquadres limitados, delineados, produzindo determinados sentidos.

Há acontecimentos relevantes que são redimensionados pelo JN, bem como assuntos que são trazidos à cena para ocultarem ou silenciarem outros.

Por exemplo, a cobertura na semana do julgamento do habeas corpus (HC) à prisão do ex-presidente Lula.

Desaparecem os grandes temas POLÍTICA e ECONOMIA.

Tudo gira em torno de questões técnicas (relativas à prisão, ao julgamento).

Alguns aspectos se destacam:

1. Reforço a questões técnicas — o discurso cumpre a função de mostrar que não há um viés determinante no JN.

Há fatos e aspectos técnicos que demonstram esses acontecimentos, e todas essas percepções são mostradas por vozes de autoridade — o jornal não fala.

2. Edições num esforço de equilíbrio, projetando um ethos de neutralidade.

3. Reforço à ideia de justiça para todos, justiça acima de interesses desse ou daquele partido — a grande justiça que está sendo feita é apartidária.

4. Ideia de que a Globo não é contra a justiça — mas a quer para todos.

5. Há um tom sóbrio e de neutralidade.

7. Tal enquadramento não contempla a política. Tudo se resume à técnica, à adequação à justiça.

8. Cobertura a-histórica: não há nenhuma recuperação do que foram os governos Lula (2003-2010). A historicidade é apagada da cobertura.

SEM O FINAL ESPERADO  Continue lendo Professoras que estudaram 200 edições do Jornal Nacional mostram como cena de avião marcou operação de “silenciamento” do ex-presidente Lula

Dodge pede ao STF 18 investigações a parlamentares de PT, MDB e Pros

Dodge pede ao STF 18 investigações a parlamentares de PT, MDB e Pros
A Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu nesta segunda-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de 18 inquéritos sobre deputados federais e senadores de PT, MDB e Pros.

Os nomes dos envolvidos não foram divulgados, segundo a PGR, porque foram reveladas em duas delações premiadas que, apesar de já homologadas pelo relator da Lava Jatono STF, ministro Edson Fachin, ainda estão em sigilo. Estas delações têm mais de 90 termos de depoimento, segundo o órgão.

Dodge pediu ao STF que a parte das investigações que trata de pessoas sem foro privilegiado seja encaminhada para as varas que cuidam da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná e do Rio de Janeiro, conforme o caso.

A procuradora deixa claro que o órgão não está definindo que instância terá competência para julgar os casos. Segundo Dodge, o pedido ao STF “tem base em juízos aparentes, incipientes e precários da participação de pessoa com ou sem foro com prerrogativa ou de elementos do tipo penal investigado, para o processamento do feito, e que o reconhecimento da competência judicial para processar e julgar a ação penal será feito no momento processual oportuno”

Congresso Em Foco

CPI da Lava Toga : Pedido de criação será protocolado nesta terça-feira

O senador Alessandro Vieira(PPS-SE) disse nesta segunda-feira, 18, ao Estadão/Broadcast que irá protocolar até o final da manhã desta terça-feira, 19, o requerimento de criação da comissão parlamentar de inquérito para investigar o “ativismo judicial” em tribunais superiores, chamada de CPI da Lava Toga.

O documento tem 28 assinaturas e ganhará a 29ª na terça. De acordo com Vieira, autor do requerimento, o senador Flavio Arns (Rede-PR) assinará o pedido pela manhã. Vieira aguarda ainda a resposta oficial de senadores do PT, que na última semana pediram mais tempo para pensar antes de assinar o requerimento. “Se eles decidirem assinar a gente espera”, afirmou.Alessandro Vieira foi eleito pela primeira vez para o Senado com 470 mil votosAlessandro Vieira foi eleito pela primeira vez para o Senado com 470 mil voto/Foto: EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO / Estadão

Nesta segunda-feira, 18, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), minimizou o efeito dos pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) recebidos na Casa e disse que “uma crise institucional agora não fará bem ao Brasil”.

Questionado sobre se a fala do presidente do Senado poderia também se referir à CPI da Lava Toga, Vieira disse que Alcolumbre não colocou nenhum tipo de obstáculo à instalação da comissão. Na avaliação do senador, também não cabe ao presidente “fazer um juízo de valor sobre instalar ou não uma CPI”.

“Existe essa tese, essa argumentação, de uma suposta crise institucional. Não existe crise entre Poderes, a crise que existe é de poderosos que estão se sentindo ameaçados, que se achavam acima de qualquer alcance da lei e hoje se sentem ameaçados e se escondem atrás das respectivas instituições”, afirmou.

“O que a gente tem e que é natural é uma preocupação de fazer andar a pauta legislativa, mas dentre as atividades que temos aqui, e que a Constituição nos reservou, uma delas é a apuração de fatos específicos.”

Estadão

Governo do Estado e cooperativas se reúnem para regularizar queijeiras

O queijo do Seridó, um verdadeiro patrimônio do Rio Grande do Norte, vive uma nova fase com os investimentos do Governo do RN. A retomada do processo de regularização das queijeiras, que movimentam fortemente a economia da região, foi discutido numa reunião entre o secretário de Gestão de Projetos, Fernando Mineiro, e as cooperativas beneficiadas.

O Edital de Leite e Derivados, lançado em 2018 pelo Governo do Estado via Governo Cidadão e Banco Mundial, prevê regularizar e equipar 39 queijeiras com investimentos de R$ 23 milhões.

PGR pede informações sobre dinheiro depositado em conta da Lava Jato

Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu hoje (18) que a Caixa Econômica Federal apresente informações sobre os valores que foram depositados na conta judicial aberta para receber os valores do acordo feito entre a força-arefa da Operação Lava Jato e a Petrobras para ressarcimento dos prejuízos causados a investidores dos Estados Unido pelos casos de corrupção na Petrobras.

O acordo foi suspenso na sexta-feira (15), a pedido de procuradora, pelo ministro Alexandre de Moraes. Na decisão, o ministro também bloqueou valores depositados na conta, que está vinculada à 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba. O montante é de aproximadamente R$ 2,5 bilhões, equivalente a US$ 680 milhões.

Segundo Dodge, o banco deverá fornecer informações sobre os rendimentos, taxas incidentes e forma de remuneração do valor. “A depender da alteração das regras de atualização monetária e dos rendimentos estabelecidas originariamente, poderá ocorrer uma perda significativa dessa correspondência, o que causará prejuízo ao interesse público”, diz a procuradora.

Em nota à imprensa, após a decisão do ministro, a força-tarefa da Lava Jato disse que pediu a suspensão do fundo antes mesmo do pedido feito por Raquel Dodge ao STF. Os procuradores também disseram que desde o início das tratativas para assinatura do acordo, a procuradora estava ciente sobre a negociação.

“No documento, ainda explicita-se que esta força-tarefa, desde o ano de 2015, quando começaram as tratativas, até depois da posse da atual procuradora-geral, informou a negociação oficialmente à procuradoria-geral da República por diversas vezes”, diz a nota.

Agência Brasil

”Esse menino tem que ter muito cuidado com que está falando, diz Malafaia sobre Eduardo Bolsonaro

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia saiu em defesa dos imigrantes brasileiros que vivem irregularmente no EUA, após uma declaração polêmica do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que disse na noite do último sábado, em Washington, que os brasileiros que estão em situação migratória irregular fora do país são uma “vergonha nossa”.

— Prego nos EUA e na Europa há mais de 25 anos. Quando esse cara fala isso, mostra que não conhece a realidade do imigrante brasileiro. Não podemos generalizar os maus exemplos. Os pontuais maus exemplos não podem denegrir os ilegais  — disse ao GLOBO por telefone.  — Conheço muitos brasileiros ilegais que não estão lá vagabundando nem roubando. Pelo contrário. A maioria dos imigrantes brasileiros nos EUA é gente que tem dois empregos, que trabalha 14h por dia.

A declaração foi feita quando o deputado comentava a possibilidade de o governo brasileiro isentar americanos da exigência de vistos para entrar no Brasil, sem a contrapartida do governo americano para liberação de vistos para brasileiros.

Como ele vem dizer que tem vergonha? Me orgulha saber que o brasileiro, com toda a dificuldade, está lá fora lutando — afirmou o pastor, lembrando que não é a primeira vez que discorda dos comentários do deputado. —  Esse menino tem que tomar muito cuidado com o que anda falando. Esta provocando indignação em setores onde o pai tem todo o apoio. Isso contribui para perder voto com muita gente lá fora que votou nele, não só nos EUA. Mas sei que não é o presidente que pensa isso. Ele não concorda com isso. Ele (Eduardo) deve ter tomado um pito do pai.