Bolsonaro culpa saúde por falhas na articulação

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que não tem condições de atender todos os parlamentares. Em entrevista à TV Band, ele atribui os problemas na articulação política do governo federal a seu estado de saúde, que o impede de despachar até tarde, e à falta de indicações dos partidos políticos em seu ministério.

— Quando você olha para o Parlamento, você não vê apenas o presidente da Câmara ou o do Senado, você vê 594 congressistas. E grande parte deles quer falar comigo. Para conversar os mais variados assuntos. Eu não tenho como atender a todo mundo — afirmou Bolsonaro.

Ao longo da entrevista, o presidente repetiu mais duas vezes que não tem como “atender a todo mundo”.

Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, responsável pela articulação política, havia afirmado que Bolsonaro passaria a receber presidentes de partidos e líderes das bancadas a partir da próxima semana , quando voltará de viagem a Israel. Onyx disse que o governo tem “humildade” para reconhecer que houve erro na relação com o Congresso.

Nos últimos dias, o embate entre a Presidência e a Câmara dos Deputados se acentuou e ampliou a crise que envolve a dificuldade de articulação do Planalto em favor da reforma da Previdência.

A entrevista de Bolsonaro ao programa “Brasil Urgente”, da Band foi gravada por volta das 14h em São Paulo. O presidente iria visitar, na capital paulista, um laboratório de grafeno na Universidade Presbiteriana Mackenzie, mas optou por conhecer o projeto em outro lugar, o Comando Militar do Sudeste depois que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) identificou a ocorrência de protestos em frente à universidade .

À TV, Bolsonaro disse que está fazendo o melhor que pode na articulação política, embora tenha ficado “20 e poucos dias fora de combate”, enquanto se recuperava da cirurgia para reconstrução do aparelho digestivo após o atentado a faca que sofreu em setembro do ano passado.

— É lógico que (a recuperação) atrapalha. Além de não poder ir mais tarde no expediente e tenho que encerrar 18, 19 horas. Então isso atrapalha um pouco — completou.

Ele criticou, ainda, que alguns deputados querem encontrá-lo para pedir indicações de cargos:

— Mas não me venham pedir (indicação na) Cegesp (central de distribuição de alimentos em São Paulo), como alguns pouquíssimos pedem. Daí não dá certo.

Bolsonaro também disse que sua distribuição de ministérios “sem indicação de partidos políticos” dificulta o relacionamento com o Congresso.

— Isso agrava num primeiro momento o contato.

As rusgas com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) foram lembradas durante a entrevista. Depois de dizer que o deputado está com “problemas pessoais” — Bolsonaro negou que estava se referindo à prisão do ex-ministro Moreira Franco, casado com a sogra de Maia —, o presidente afirmou que “a mão está estendida” para o parlamentar.

Ele negou que a aprovação PEC do Orçamento pela Câmara, nesta terça-feira, tenha sido uma derrota do Executivo, argumentando que os estados são melhores para distribuírem orçamentos do que a União.

O Globo

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