Motoristas da Uber programam greve por 24 horas nesta quarta

Motoristas brasileiros de aplicativos de transporte vão aderir a uma paralisação global nesta quarta-feira (8) na semana em que a Uberdeve fazer sua estreia na Bolsa de Valores.

Na versão local, os protestos são  contra o que os motoristas consideram baixas tarifas cobradas pela empresa que, somada ao aumento dos preços do combustível, vem corroendo seus gastos e alongando as jornadas de trabalho.

O movimento, que ganhou o nome “Uber Off” (Uber desligado), segue orientação de associações de motoristas internacionais, diz Eduardo Lima de Souza, presidente da Amasp (Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo).

“A Uber passa um valor de tarifa para o motorista muito baixo e a empresa só cresce, ficando bilionária, ganhando valores exorbitantes”, diz.

Segundo ele, com a gasolina muitas vezes custando mais de R$ 5 o litro, é comum que motoristas façam viagens nas quais seus ganhos, descontados os custos, são de centavos.

Ele reclama de o último reajuste da Uber ter sido há três anos. Segundo ele, o problema também acontece nas outras plataformas do mercado, 99 e Cabify, e quem trabalha com elas também deve desligar os aplicativos.

A ação é divulgada por grupos de WhatsApp e vídeos no YouTube. Souza diz que, como nem todos os motoristas participam dessas redes, é provável que  ainda haja carros na rua durante o dia de paralisação.

O próprio sistema de precificação das corridas da Uber dificulta uma grande adesão. A partir da ferramenta conhecida como preço dinâmico, a companhia eleva quantia cobrada pelas corridas e, consequentemente, o valor pago aos motoristas, quando a oferta de carros está baixa em determinada região.

​Ou seja, caso muitos profissionais deixem as ruas, o preço das corridas deve subir para reequilibrar oferta e demanda.

Paulo Reis, presidente da cooperativa de motoristas CoopDrivers, diz que profissionais dos aplicativos, muitas das vezes, vem acumulando prejuízos devido a alta do preço da gasolina e o valor pago pelas empresas.

Ele calcula que seria preciso um aumento de 30% no valor pago por quilômetro rodado e 40% no valor pago por minuto para permitir que motoristas ajustassem suas contas.

“Quem tira dinheiro trabalhando com aplicativo está deixando de pagar alguma coisa. Ou negligencia no combustível, ou na manutenção, ou no imposto.”
Atualmente a Uber paga, na categoria X, R$ 1,05 por quilômetro rodado, mais R$ 0,195 por minuto, o que é somado a um valor básico de R$ 1,50.

Reis também critica metodologia de preços adotada pela Uber em setembro a partir da qual o preço é definido antes da corrida para o passageiro, mas o valor pago ao motorista só é calculado ao final dela.

O método, na avaliação dele, fez o valor pago na prática diminuir e incentiva os motoristas a demorar mais e fazer caminhos mais longos para aumentar o valor recebido por viagem.

Esse tipo de precificação também foi adotada pela 99 também no final de abril, o que levou motoristas a protestar na porta da empresa, onde foram recebidos para terem suas queixas ouvidas, diz.

No caso da Uber, foi agendada uma reunião na mesma semana. Porém, segundo Reis, motoristas foram até a porta da empresa protestar no mesmo dia, o que fez a multinacional cancelar o encontro.

Questionada sobre a mudança no cálculo do pagamento, a 99 disse em abril que o novo sistema visa ampliar os ganhos do condutor, ao por corrige perdas em situações adversas como congestionamentos ou imprevistos que alterem o trajeto no início da viagem.

FOLHAPRESS

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