Analistas e parlamentares preveem uma nova onda de derrotas para Bolsonaro na próxima semana

No dia seguinte às manifestações contra os cortes na educação e em meio ao avanço das investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), líderes dos principais partidos do Congresso dizem que o governo Jair Bolsonaro enfrenta seu “pior momento” e preveem uma nova onda de derrotas para o Palácio do Planalto na próxima semana.

Caciques do chamado centrão avaliaram nesta quinta-feira (16) que o desgaste de Bolsonaro com as ruas e a quebra dos sigilos bancário e fiscal sobre as movimentações financeiras de seu filho mais velho dão força à articulação do Congresso para, entre outros movimentos, sacramentar a saída do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) das mãos de Sergio Moro (Justiça).

Após encontros com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), integrantes do chamado centrão dizem a votação da medida provisória da reestruturação do governo só depende do Planalto. De acordo com eles, os articuladores políticos do governo precisam enquadrar os partidos de sua base para que o texto aprovado na semana passada em comissão especial seja apreciado sem alterações no plenário da Câmara. Do contrário, a medida poderá perder sua validade.

Se a medida provisória que reestrutura a Esplanada não for aprovada até o dia 3 de junho na Câmara e no Senado, ela perderá validade.

A ala mais inflamada do centrão chegou a dizer que só uma declaração pública do alto escalão do governo a favor da transferência do Coaf para o ministério de Paulo Guedes (Economia) seria capaz de controlar a atuação do PSL contra a medida.

Maia sinalizou aos líderes do centrão que vai atuar para que o Planalto cumpra o acordo e distensione a relação.

Um dos líderes do centrão diz que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, se comprometeu a atuar para que a votação no plenário ocorra sem intercorrências.

O Planalto já teria conseguido convencer uma ala dos partidos contrários à mudança de endereço do Coaf a votar o texto como está, mesmo que seja para perder. Fazem parte desse grupo Podemos, Cidadania e Novo.

A estratégia do centrão e de Onyx, porém, pode esbarrar no líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).

O parlamentar de primeiro mandato tem se mostrado irredutível a aliados quanto à posição de defender publicamente a manutenção do Coaf na Justiça.

Antes de atuação discreta, ele começou a publicar em suas redes sociais críticas ao centrão, para marcar posição em uma briga interna do PSL. Vitor Hugo, que é próximo de Bolsonaro, tem relação péssima com Onyx e disputa poder com a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP).

Depois das derrotas desta semana, atribuídas às declarações dele, os dois iniciaram um novo movimento para apeá-lo do cargo. Uma lista de possíveis substitutos de Vitor Hugo foi desenhada com o aval do ministro.

Os nomes foram pinçados dentre os 82 deputados que votaram contra a convocação de Weintraub. Na relação estão, por exemplo, João Campos (PRB-GO), João Roma (PRB-BA), Claudio Cajado (PP-BA) e Aguinaldo Ribeiro (PP-AL) —todos integrantes de siglas do centrão.

Uma das possibilidades discutidas foi até a substituição dele por Joice.

Para uma ala da articulação política do governo, a troca de Vitor Hugo seria uma forma de restabelecer o diálogo com o chamado centrão e evitar novas derrotas na Câmara.

Para os auxiliares mais próximos ao presidente, entretanto, a equação não é tão simples. Bolsonaro, dizem eles, confia em Vitor Hugo e, por enquanto, sinaliza que não tem disposição de tirá-lo do posto.

O líder do governo também conta com a simpatia do filho do presidente, Eduardo (PSL-SP). Além disso, deputados influentes do centrão afirmam que a simples troca do ocupante do cargo não melhoraria a articulação caso não mude o tratamento dado pelo governo ao Legislativo.

Folhapress

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