Deltan se queixou de Dodge por falta de confronto com Gilmar

O procurador da República Deltan Dallagnol afirmou em um grupo de conversas em 2018 que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não tinha disposição de enfrentar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, um dos mais vigorosos críticos da atuação da força-tarefa de Curitiba, segundo mensagens publicadas pelo jornal El País e que foram obtidas pelo The Intercept Brasil.

Em mensagem publicada em 1º de julho de 2018 em um chat de procuradores no Telegram, Deltan disse que Dodge provavelmente adotava essa postura porque sonhava com uma vaga no STF.

A crítica a Dodge surgiu em um contexto em que Deltan defendia o impeachment de Gilmar Mendes.

“Caros a Raquel não confronta o GM [Gilmar Mendes] provavelmente por conta do sonho com uma cadeira no supremo, mas ele está passando de todos os limites. Ou passamos a falar publicamente que a sociedade tem um encontro marcado com o impeachment de Gilmar e se Vc não gosta do Gilmar a culpa é do Eunício Oliveira, ou então precisamos cobrar posição pública da PGR [Procuradoria-Geral da República]”, escreveu Deltan.

As mensagens são reproduzidas com a grafia encontrada nos arquivos originais obtidos pelo Intercept, incluindo erros de português e abreviaturas.

A menção ao ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE) foi feita porque à época ele era presidente do Senado, onde podem tramitar processos de impeachment contra ministros do STF.

O tema do pedido contra Gilmar Mendes também surgiu em mensagem de 5 de maio de 2017.

Na oportunidade, Deltan comentou sobre a possibilidade de requerer o impeachment do ministro do STF caso ele determinasse a soltura do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que foi preso e depois fez delação na Lava Jato.

“Caros estive pensando e se perdermos o HC do Palocci creio que temos que representar/pedir o impeachment do GM”, comentou o procurador.

De acordo com o El País, as mensagens mostram que Deltan planejava usar para tal fim declarações públicas do ministro do STF contra a força-tarefa, situações de “incoerência de votos”, “favorecimentos” e até confrontos com o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa.

A força-tarefa de Curitiba diz que não reconhece as mensagens divulgadas desde junho e atribuídas a seus integrantes. Ela repetiu ao El País que o “material é oriundo de crime cibernético e tem sido usado editado ou fora de contexto, para embasar acusações e distorções que não correspondem à realidade”. ​

Folhapress

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