BIARRITZ, França – O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, jogou um balde de água fria na intenção do presidente da França, Emmanuel Macron, de vetar o acordocomercial da União Europeia com o Mercosul, que inclui o Brasil, alegando que a preocupação com as queimadas estava sendo usada como uma ”desculpa” para interferir nas negociações de livre comércio.
Nesta segunda-feira, último dia do encontro do G7, Macron anunciou um acordo de 20 milhões de euros (pouco mais de R$ 90 milhões) para uma ajuda emergencial contra as queimadas na Amazônia.
Questionado sobre se juntaria a outros líderes na recusa de ratificar o acordo com o Mercosul, disse:
– As pessoas terão qualquer desculpa para interferir no livre comércio e frustrar os acordos comerciais, e eu não quero ver isso.
Assim, Johnson mostrou que está longe de apoiar a proposta de Macron, referendada pelo primeiro-ministro irlandês, Taioseach Leo Varadkar, de barrar a aprovação final da UE para o acordo de livre comércio com os países sul-americanos. No sábado, a Espanha disse que “não compartilha a postura defendida pelo presidente francêsde bloquear o acordo UE-Mercosul.
O acordo com o Mercosul, do qual fazem parte também a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, é contestado por muitos na França porque expõe os agricultores do país à concorrência de grandes quantidades de carne bovina barata proveniente da América do Sul.
Fogo na Amazônia:Entenda como a crise com as queimadas pode afetar a economia brasileira
Em entrevista ao jornal The Independent, o ativista florestal Juman Kubba lembrou que vivemos uma emergência climática e que Boris Johnson tem muita influência para impedir a destruição da Amazônia, começando com uma pausa de todas as negociações comerciais com o Brasil até que os incêndios estejam sob controle:
– Colocar a proteção da Amazônia e de seu povo no centro de qualquer futuro acordo comercial é uma etapa vital para evitar um desastre completo, não apenas no Brasil, mas no resto do mundo.
O Greenpeace, por sua vez, disse que Johnson deveria estar pronto para usar alavancas comerciais para proteger as florestas.