Um dos símbolos da queda do PT, Delcídio do Amaral tenta retorno à política

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Preso e cassado no auge da crise do governo Dilma Rousseff (PT), o ex-senador Delcídio do Amaral tenta se reerguer politicamente. Desta vez, ele escolheu o PTB.

Delcídio assumiu no fim de setembro o comando da sigla em Mato Grosso do Sul. O ato teve a presença do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.

Absolvido pela Justiça Federal da acusação de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, Delcídio diz acreditar ser possível reaver seus direitos políticos.

No evento de posse na presidência estadual do PTB, no fim de setembro, Jefferson apresentou o ex-senador como candidato do partido à Prefeitura de Campo Grande em 2020.

“Quem conhece a vida não tem pressa. Temos que ter calma”, disse à Folha Delcídio, que prefere ser mais cauteloso.

Integrantes do partido dizem que, se a rejeição ao nome do ex-senador na capital de Mato Grosso do Sul continuar alta até o começo do próximo ano, o plano pode ser adiado. Com mais prazo, Delcídio poderia até mesmo tentar disputar o governo do estado em 2022.

Mas o presidente do PTB insiste na vaga para a Prefeitura de Campo Grande.

No ano passado, Delcídio voltou às urnas pelo PTC. Mesmo com a candidatura pendente na Justiça Eleitoral, ele tentou retornar ao Senado pelo estado, mas foi derrotado com menos de 5% dos votos válidos.

A defesa do ex-senador alegava que as provas contra ele, que motivaram a cassação de mandato, foram anuladas. Logo após a eleição, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Mato Grosso do Sul negou a candidatura.

No ano passado, o processo judicial por tentativa de impedir as investigações ainda não havia sido concluído, mas, em agosto de 2019, o caso foi encerrado, e Delcídio, absolvido.

Ele chegou a ser preso em flagrante, em novembro de 2015, pela Polícia Federal. A ordem partiu do STF (Supremo Tribunal Federal).

Delcídio era senador pelo PT e, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), tentou evitar um acordo de delação premiada do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. O áudio da conversa foi divulgado no mesmo dia da prisão.

No começo de 2016, ele foi solto e fechou um acordo de delação premiada. Poucos dias depois, foi cassado pelo Senado. Foram 74 votos pela cassação, até mesmo do PT, e nenhum contra.

“Nenhum ressentimento em relação a isso. Nunca fiz política olhando pelo retrovisor”, disse Delcídio.

Ele agora tenta recuperar os direitos políticos. Se decidir pela candidatura em 2020, o caso deve gerar discussão judicial.

A ida do ex-líder do governo PT no Senado para o PTB foi articulada por Jefferson.

Os dois já tinham se cruzado na política antes: Delcídio comandou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios que investigou o mensalão, incluindo Jefferson, cujo depoimento ficou marcado pela imagem do presidente do PTB com o olho roxo.

À época, Delcídio era do PT, mas começou a carreira no PSDB.

Agora no comando do PTB em Mato Grosso do Sul, ele tem planos de organizar o partido no estado, que, por exemplo, não conseguiu eleger um deputado federal, e defende que a legenda permaneça independente ao governo de Jair Bolsonaro (PSL).

“Os sinais, pelo menos nesses fez meses [de governo], não são bons, mas [essa análise] é prematura. Mas temos altos e baixos. Estamos perdendo energia com coisas que não merecem tanta energia”, afirmou o ex-senador sobre o comportamento do presidente.

Delcídio declarou praticamente não ter mais contato com Dilma, que sofreu impeachment em 2016.

Após uma fase em que esteve mais reservado e mais dedicado à atividade agropecuária, o objetivo, agora, é intensificar os contatos políticos e a função partidária.

Conhecido pelo perfil conciliador no Congresso, o ex-senador avalia: “Foram momentos difíceis, mas estou saindo melhor”.

FOLHAPRESS

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