Gripe espanhola infectou 27% da população e matou milhões

De acordo com especialistas, doença, que assolou o mundo no início do século XX, infectou cerca de 500 milhões em todos os continentes
Matheus AlleoniMatheus Alleoni

“O coronavírus representa uma ameaça sem precedentes”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS durante entrevista na última quarta-feira (18). Conforme a doença avança pelo mundo – 200 mil casos já foram registrados até ontem – organizações e governos tomam medidas cada vezes mais drásticas para combater o vírus que, apesar de apresentar índices baixos de letalidade, pode ser fatal para o grupo de risco, principalmente idosos, e preocupa por ser altamente contagioso.
No entanto, a Covid-19 não é a primeira pandemia de uma doença respiratória aparentemente inofensiva que assolou o mundo: gripe suína, SARS, gripe aviária e outros tipos de vírus derivados da influenza, isto é, o vírus da gripe, já se espalharam pelo mundo. No entanto, nenhuma delas foi tão perigosa e tão letal como a pandemia de H1N1 de 1918 que ficou conhecida como gripe espanhola.

A doença atacou o planeta em um de seus momentos mais vulneráveis: no último ano da Primeira Guerra Mundial. Não se sabe ao certo a origem do vírus, mas a teoria mais aceita é que, apesar do nome, a doença começou no estado do Kansas, nos Estados Unidos. Outras hipóteses seriam uma base militar norte-americana na França e também na China, país de origem do coronavírus. A Espanha acabou dando nome à doença por ter sido um dos primeiros países a tomar providências contra o vírus, que se espalhou rapidamente no país ibérico.

De acordo com especialistas, a gripe espanhola infectou cerca de 500 milhões de pessoas em todos os continentes, cerca de 27% da população mundial, que era de 1,9 bilhão na época. Sobre as mortes, os números divergem bastante, principalmente por conta de países como China e Índia, mas a gripe espanhola tirou a vida de pelo menos 17 milhões de pessoas, podendo ter matado até mais de 100 milhões, entre 1% e 6% do total de pessoas no planeta.

O Brasil também foi atingido pela doença, após uma esquadra do País contrair o vírus no norte da África, a gripe espanhola se espalhou rapidamente pelo território nacional. Foram mais de 35 mil mortos e, assim como no caso coronavírus, as cidades tiveram que entrar em quarentena para evitar que o contágio se espalhasse.


Além da diferença entre as doenças, H1N1 para a gripe espanhola e coronavírus para a COVID-19, o mundo, pouco mais de 100 anos depois da epidemia mais letal da era moderna, mudou muito e, apesar de não ter conseguido conter o avanço do coronavírus para os cinco continentes, tem muito mais informações a armas para lutar contra a nova pandemia.
A letalidade sem precedentes da gripe espanhola fez com que governos e universidades investissem em pesquisas sobre epidemiologia, além de investimentos no aumento de leitos de hospital. Com essa estrutura e esse conhecimento, além dos avanços tecnológicos que permitem a fácil comunicação, o mundo pode encarar a nova epidemia.

O conceito de “redução da curva”, isto é, retardar o pico de contágio também foi criado a partir da experiência com a gripe espanhola. Com defasagem de leitos, médicos, recursos e até médicos, a doença matou milhões de pacientes não pode ser particularmente letal, mas não ter sido tratada propriamente. O cenário de guerra também deixou os sistemas de saúde ainda mais precarizados.

A resposta rápida e contundente, em escala global, à escalada do coronavírus é o que faz especialistas acreditarem que a pandemia seguirá com baixa letalidade e que a doença irá desaparecer ainda em 2020. De acordo com o Ministério da Saúde, o pico do coronavírus deve durar entre abril e junho no País e a situação deve estar controlada até setembro. A previsão é parecida com a do governo norte-americano, que calcula que até julho todas as atividades poderão ser retomadas normalmente.

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