Arquivo diários:02/04/2020

Outra: Bolsonaro diz que governadores que determinaram isolamento têm ‘medinho’ do coronavírus

Bolsonaro e Rogério Marinho

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar governadores e as medidas de isolamento criadas para evitar a disseminação do novo coronavírus. O presidente disse duvidar que eles saíssem às ruas, porque têm “medinho” da doença, que se aproxima de 300 mortes no Brasil e já infectou quase 8.000 pessoas.

“Eu fui em Ceilândia e Taguatinga no fim de semana e fui massacrado pela mídia. Duvido que um governador desses [de São Paulo, João] Doria, [de Santa Catarina, Carlos] Moisés, vá no meio do povo. Tá com medinho de pegar vírus?”, disse Bolsonaro.

Depois de adotar um tom mais brando em pronunciamento oficial na última terça-feira, dizendo que o país vive “o maior desafio” da atual geração, o presidente voltou a minimizar os impactos do novo coronavírus, que já matou 50 mil pessoas pelo mundo e tem mais de um milhão de casos confirmados.

Ele voltou a criticar as medidas de distanciamento e pediu a normalização dos empregos. “Não pode deixar de trabalhar. Vamos cuidar dos idosos… Você cuida do seu pai, eu cuido da minha mãe. Por quê? A segunda onda que vem em função do desemprego vai ser terrível”, disse.

Mais uma: Bolsonaro diz faltar humildade a Mandetta, mas não o demitirá ‘na guerra

Bolsonaro admite que vem ‘se bicando’ com o ministro da Saúde: “Em alguns momentos, acho que teria que ouvir mais o presidente”

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou hoje que não pretende demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meio à pandemia do coronavírus. Mas admitiu que os dois vêm se “bicando”

“Não pretendo demiti-lo no meio da guerra, mas em algum momento ele extrapolou. Sempre respeitei todos os ministros. A gente espera que ele dê conta do recado. Não é uma ameaça para o Mandetta. Nenhum ministro meu é ‘indemissível’, como os cinco que já foram embora”, afirmou Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan.

“Em alguns momentos, acho que o Mandetta teria que ouvir mais o presidente. Ele disse que tem responsabilidade, mas ele cuida da saúde, o (Paulo) Guedes da economia e eu entro no meio. O Mandetta quer fazer valer muito a vontade dele. Pode ser que eles esteja certo, mas está faltando humildade para ele conduzir o Brasil neste momento.”

Ainda segundo Bolsonaro, “aquela histeria, aquele clima de pânico, contagiou alguns lá [dentro do Ministério da Saúde]”. “Já está no momento de todo mundo botar o pé no chão”, cobrou.

Casos de coronavírus no mundo chegam a 1 milhão

As previsões da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o número de casos de coronavírus no mundo acabam de ser confirmadas. Nesta quinta-feira (2), segundo o monitoramento em tempo real da universidade norte-americana Johns Hopkins, mais de 1 milhão de pessoas já foram infectadas pela doença.

Até às 16h49 desta quinta, eram 1.002.159 casos confirmados.

Os países com mais casos da covid-19 são os Estados Unidos, a Itália e a Espanha. Nos EUA são mais 236.339 mil infectados. Recentemente o país foi considerado o novo epicentro da epidemia.

A doença também já deixou cerca de 51 mil mortos no mundo, principalmente na Europa. Na Itália, país com o maior número de óbitos, são quase 14 mil vítimas. Por lá, a taxa de letalidade da doença está em torno de 10%, superando a média de 3% encontrada em outros países.

Nesta semana, o número de novos casos da covid-19 tem crescido a um ritmo de mais de 60.000 por dia.

O novo coronavírus já atingiu moradores de 203 países e os casos confirmados têm crescido de forma exponencial.

Desde o início da pandemia na China, no fim de dezembro, menos de dois meses foram necessários para o mundo bater a marca de 100 mil casos confirmados – número atingido no dia 6 de março. Esse total dobrou em 12 dias (200 mil casos em 18 de março) e agora está crescendo mais cinco vezes em apenas 15 dias.

Segundo a Johns Hopkins, mais de 200 mil pessoas foram curadas no mundo todo. A maioria das curas aconteceu na China. Espanha, Alemanha, Itália e Irã são os outros países com o maior número de curas, respectivamente.

No Brasil, quase 8 mil casos foram confirmados e 299 pessoas morreram, a maioria no estado de São Paulo, segundo dados do Ministério da Saúde. No país, 127 pessoas já foram curadas do coronavírus.

No muro do cemitério: “fica em casa. Não queremos você aqui”

A prefeitura de Jussari (498 km de Salvador) pintou nos muros do cemitério da cidade uma campanha contra a disseminação do coronavírus.

Desde o início da semana, o muro passou a trazer a seguinte mensagem: “Fica em casa. Não queremos você aqui”. A inciativa seguiu orientação do prefeito Antonio Valete (PSD).

A prefeitura divulgou a foto em suas redes sociais com uma mensagem de defesa do isolamento social.

“De forma lúdica mas com uma mensagem séria a prefeitura de Jussari intensifica campanha de prevenção contra o Coronavírus”.

Justiça determina que cultos religiosos não sejam considerados serviços essenciais

Decisão é de juiz federal de primeira instância do DF, e contraria decreto de Bolsonaro que incluiu atividades religiosas como serviços essenciais.
André Shalders – @andreshalders – Da BBC News Brasil em Brasília

Um juiz federal de Brasília determinou à União que exclua as atividades religiosas do rol de serviços considerados “essenciais” durante a pandemia do novo coronavírus.
Serviços considerados essenciais são aqueles que podem continuar em funcionamento durante a crise — no último dia 20 de março, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou um decreto para incluir nesta categoria as atividades religiosas e as casas lotéricas, entre outras atividades.

A decisão tem caráter liminar (provisório) e é assinada pelo juiz federal Manoel Pedro Martins de Castro Filho, da 6ª Vara da Justiça Federal do DF.

No despacho, o juiz cassa o trecho que do decreto de Bolsonaro que considera as “atividades religiosas de qualquer natureza” como um serviço essencial.

Para o juiz, o decreto presidencial “não se coaduna com a gravíssima situação de calamidade pública decorrente da pandemia que impõe a reunião de esforços e sacrifícios coordenados do Poder Público e de toda a sociedade brasileira para garantir, a todos, a efetividade dos direitos fundamentais à vida e à saúde previstos (…) na Constituição Federal”.

A epidemia da mentira

De O GLOBO

Por BERNARDO MELLO FRANCO

Ficções presidenciais

Crer que Jair Bolsonaro possa ser domado é um ato de fé. Desde os tempos do quartel, ele pensa e age como um extremista. Sua carreira política foi construída com mentiras, insultos e ameaças à democracia.

Na Presidência, o capitão continua o mesmo. Seu governo opera na lógica do confronto permanente. Quem tenta moderá-lo é hostilizado e recebe a pecha de traidor, como ocorreu com o general Santos Cruz.

No pronunciamento de terça, o presidente ensaiou uma mudança de tom sobre o coronavírus. Depois de chamar a epidemia de “gripezinha”, disse que seu combate será o “maior desafio da nossa geração”.

Lendo o teleprompter, Bolsonaro pregou a “união de todos num grande pacto pela preservação da vida e dos empregos: Parlamento, Judiciário, governadores, prefeitos e sociedade”. Logo ele, que nas últimas semanas foi a um ato pelo fechamento do Congresso e chamou os governadores de “exterminadores de empregos”.

Acreditou quem quis. Em menos de 12 horas, o presidente arrancou a máscara da conciliação. Ontem ele divulgou um vídeo apócrifo para atacar os governadores e torpedear as medidas de isolamento social. Na peça, um homem dizia faltar comida na Ceasa de Belo Horizonte.

A cascata foi desmontada pela rádio CBN. O repórter Pedro Bohnenberger visitou o local e mostrou que não havia desabastecimento. Pelo contrário: as vendas aumentaram na pandemia, já que as pessoas passaram a fazer mais refeições em casa.

Bolsonaro não está sozinho na difusão de fake news. Na terça, Sergio Moro propagou uma lorota para fazer populismo penal. Segundo o ministro, um preso libertado por causa da pandemia teria sido flagrado com 124 quilos de cocaína, sete fuzis e uma submetralhadora. “Situação do indivíduo que é colocado em prisão domiciliar por questões humanitárias relacionadas ao coronavírus”, concluiu, com ar de reprovação.

A história era falsa, revelou checagem do Fato ou Fake. Moro não se desculpou, e sua assessoria disse que “a recomendação dada na entrevista continua sendo válida”. Ontem foi Primeiro de Abril, mas o governo pensa que todo dia é Dia da Mentira.

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Flávio Dino propõe que Bolsonaro entregue o governo a Mourão

Governador do Maranhão foi a reunião do Conselho da Amazônia, presidido por Mourão


Guilherme Amado

O governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, saiu há pouco de uma reunião com o Conselho da Amazônia, sob a presidência de Hamilton Mourão, e decidiu tornar pública a percepção que vinha consolidando nas últimas semanas: a de que Jair Bolsonarodeveria entregar o governo ao vice.
Disse Dino à coluna:

“Tivemos uma reunião com diálogo técnico, respeitoso, sensato. Claro que Mourão não é do meu campo ideológico. Mas, se Bolsonaro entregar o governo para ele, o Brasil chegará em 2022 em melhores condições”.