Arquivo diários:16/05/2020

Sem dar nomes aos bois Paulo Guedes dispara: ‘Vamos subir em cadáveres para arrancar recursos do governo? Isso é inaceitável’

Manoel Ventura

BRASÍLIA — O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou nesta sexta-feira o uso de “cadáveres para fazer palanque”. Ele não se dirigiu diretamente aos governadores, mas fez as críticas logo após enumerar medidas direcionadas para estados e municípios.
— Vamos nos aproveitar de um momento desse, da maior gravidade, de uma crise de saúde, e vamos subir em cadáveres para fazer palanque? Vamos subir em cadáveres para arrancar recursos do governo? Isso é inaceitável, a população não vai aceitar. A população vai punir quem usar cadáveres como palanque — disse Guedes, em entrevista no Palácio do Planalto.
Guedes disse que o Brasil é um gigante que pode ser saqueado.

— Na hora que estamos fazendo esse sacrifício, que o gigante caiu no chão, é inaceitável que tentem saquear o gigante que está no chão. Que usem a desculpa da crise da saúde para saquear o Brasil na hora que ele cai. Nós queremos saber o que podemos fazer de sacrifício pelo Brasil nessa hora e não o que o Brasil pode fazer por nós — afirmou.

O ministro da Economia voltou a criticar a possibilidade de aumento de servidores públicos durante a crise. Disse que as “medalhas” são dadas apenas após a guerra, e não agora. O projeto aprovado pelo Congresso também autoriza os reajustes, mas o presidente disse que vetaria esse trecho, a pedido de Guedes.

— As medalhas são dadas após a guerra, não antes da guerra. Nossos heróis não são mercenários. Que história é essa de pedir aumento de salário porque um policial vai à rua exercer sua função. Ou porque um médico vai à rua exercer sua função. Se ele trabalhar mais por causa do coronavírus, ótimo, ele recebe hora-extra. Mas dar medalhas antes da batalha? As batalhas vêm depois da guerra, depois da luta — disse o ministro.

Guedes afirmou que, depois da crise, vai se lembrar dessa situação. Mas não comentou a aprovação de reajustes de até 25% para a polícia do Distrito Federal, aprovado pelo Congresso a pedido do presidente. Os policiais do DF são os mais bem pagos do Brasil.

— Nós vamos nos lembrar disso, vamos botar o quinquênio, o anuênio, o milênio, o eugênio, tudo que foi preciso. Mas não antes da batalha — disse Guedes.

O ministro pediu apoio do Congresso, de governadores e de prefeitos para manter o eventual veto de reajustes salariais.

— Não vamos tirar nada de ninguém. Só vamos pedir uma contribuição. Por favor, enquanto o Brasil está de joelhos, nocauteado, tentando se reerguer, por favor, não assaltem o Brasil. Não transformem, num ano eleitoral, onde é importante tirar o máximo possível do gigante que foi abatido — afirmou.

Guedes disse que as críticas de Bolsonaro ao isolamento social são “alertas”.

— Essa segunda onda que o presidente tem nos alertado pode nos remeter a um país onde as prateleiras estão vazias — completou.

Lista de prioridades no governo na Câmara não inclui pandemia

Natália Portinari
Extra

O governo Jair Bolsonaro entregou a líderes da Câmara dos Deputados, nesta semana, uma lista de dez projetos prioritários para os próximos meses. Nenhum deles trata da crise do novo coronavírus. A alteração no Código de Trânsito Brasileiro e a flexibilização do registro de armas no Brasil estão nas prioridades, por outro lado.
No “curtíssimo prazo”, ainda na primeira quinzena de maio há três projetos listados: um projeto que trata de trânsito, ampliando os pontos na carteira de habilitação, um sobre segurança em barragens e um terceiro que altera a lei de falências.

Em seguida, o governo lista prioridades para a segunda quinzena do mês: autonomia do Banco Central, um projeto que estimula a criação de startups e uma alteração no depósito compulsório defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para junho, as prioridades são o PL do registro de armas, o novo marco regulatório de gás natural, uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) alterando o Fundeb e uma proposta na regulação de debêntures, ainda sem projeto de lei.

A lista foi repassada pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, a líderes do centrão que se reaproximaram recentemente do governo, como PP, PL, PSD e Solidariedade. Ele convocou uma reunião na quarta-feira com os líderes para pedir que eles apoiassem o governo nessas pautas.

Esses partidos entregaram recentemente uma lista de indicações para cargos de segundo e terceiro escalão no governo. Ramos espera que, em troca das nomeações, os líderes apoiem o governo federal em matérias no Congresso.

Brasil pode ter 16 vezes mais casos de coronavírus do que números oficiais apontam


Um levantamento realizado pelo grupo Covid Brasil, integrado por cientistas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e de outras instituições nacionais de pesquisa, sugere que haja um número 16 vezes maior do que o registro oficial de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no país. O estudo aponta para a existência de 3,5 milhões de brasileiros contaminados pela Covid-19, enquanto o Ministério da Saúde contabiliza nesta sexta (15/5) pouco mais de 218.223 casos, o que corresponde a um largo espectro de subnotificação.

Com relação ao Rio de Janeiro, o terceiro estado brasileiro com mais pessoas infectadas pelo Sars-Cov-2, os dados atuais revelam 19.987casos confirmados por Covid-19. Segundo Fernando Sanches, pesquisador do departamento de Segurança e Saúde do Trabalhador da Uerj e integrante do grupo Covid Brasil, a projeção é que os óbitos que hoje contam 2.438 podem atingir o patamar de 7,2 mil em 21 de maio.

— Principalmente se não houver capacidade de resposta aos casos de severidade e que necessitem de leitos de UTI — adverte o pesquisador.

O estudo se baseia na compilação dos dados oficiais apresentados pelas entidades de saúde, em conjunto com as análises do comportamento da sociedade perante a pandemia e as estratégias adotadas pelos governantes para minimizar o impacto do coronavírus.

— Os números preditos não necessariamente vão ser concretizados, mas é uma ideia da potencialidade do crescimento desse cenário, levando em conta alguns comportamentos e mudanças na sociedade que podem influenciar diretamente no aumento ou diminuição do número de casos por dia — diz Sanches.

O cientista atribui a incerteza sobre o total de pessoas infectadas, bem como a taxa de mortalidade pela Covid-19, à baixa testagem da população. Porém, explica, há outras variáveis capazes de promover diferentes cenários e que precisam ser consideradas.

— Temos fatores como a presença de vulnerabilidades, condições socioeconômicas, acesso aos serviços de saúde, nível de educação da população, o entendimento sobre as medidas e estratégias de mitigação, supressão de novos casos ou de agravamento — enumera.

Da AGÊNCIA O GLOBO

Militares brasileiros arrebatam Ciência e classe médica combate ao coronavírus , rogamos que estejam certos e sabendo o que vão fazer

“Bolsonaro não ignora ciência, só tem visão diferente”, diz Braga Netto.

O ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, afirmou nesta sexta-feira (15) que o presidente Jair Bolsonaro não ignora a ciência, apenas tem uma “visão diferente” sobre qual o protocolo a ser seguido.

“O presidente não ignora a ciência, o presidente segue os protocolos, ele tem uma visão diferente de qual é o protocolo a ser seguido”, disse o ministro.

A cloroquina não tem comprovação científica de eficácia contra a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus e o atual protocolo do Ministério da Saúde prevê o uso apenas em casos graves.

Segundo Braga Netto, a demissão de Nelson Teich do comando do Ministério da Saúde ocorreu por motivação de foro íntimo. Fontes apontam, no entanto, que a saída do ministro sem completar nem mesmo um mês no cargo deveu-se a desavenças com o presidente, que pressionava pela mudança no protocolo do ministério sobre uso da cloroquina no tratamento à covid-19 em fases iniciais.

Ministro da Saúde , general do Exército, Eduardo Pazuello com generais Braga Nelo e Heleno no alto comando da pandemia
Ministério da Saúde diz que vai orientar uso de cloroquina para pacientes com quadros leves de Covid-19

Um protocolo atualizado para o uso do medicamento cloroquina no tratamento da Covid-19 está sendo preparado pelo Ministério da Saúde, conforme nota divulgada na noite desta sexta-feira (15).

De acordo com a pasta, o novo conjunto de regras vai ampliar as indicações para uso do medicamento incluindo para casos leves. A decisão será tomada mesmo mesmo com estudos recentes apontando que a droga utilizada contra a malária não é eficaz contra o coronavírus Sars-Cov-2, que possui efeitos colaterais e pode estar associada a aumento de mortes entre os pacientes de Covid-19.

“O Ministério da Saúde está finalizando novas orientações de assistência aos pacientes com Covid-19. O objetivo é iniciar o tratamento antes do seu agravamento e necessidade de utilização de UTI (Unidades de Terapia Intensiva). Assim, o documento abrangerá o atendimento aos casos leves, sendo descritas as propostas de disponibilidade de medicamentos, equipamentos e estruturas, e profissionais capacitados. As orientações buscam dar suporte aos profissionais de saúde do SUS (Sistema Único de Saúdel) e acesso aos usuários mais vulneráveis às melhores práticas que estão sendo aplicadas no Brasil e no mundo.” – Ministério da Saúde em nota.

G1

Prefeito vai Álvaro Dias criar Comitê Científico de combate ao Covid-19 em Natal


Reunindo profissionais da medicina do mais alto nível, o prefeito de Natal, Álvaro Dias vai criar o Comitê Científico Municipal para acompanhar a evolução do coronavírus e apresentar soluções de profilaxia e tratamento do Covid-19, no Município. A ideia foi consolidada nesta sexta-feira (15) durante uma videoconferência que contou com a presença do próprio prefeito, que é médico, do Dr. João Marinho (Dr. Joca), Dra. Hélida Bezerra, Dra. Rosângela Morais, Dra. Kívia Bezerra, Dra. Aline Câmara, com a participação, como convidado, do infectologista Fernando Suassuna.

Além da criação do Comitê, o prefeito ficou à par da formulação de um protocolo médico, que está sendo concluído pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte, e que será apresentado na próxima segunda, com soluções que apontam desde a profilaxia de profissionais que estão na linha de frente do combate ao Covid-19, até o atendimento de cidadãos nas unidades de saúde de Natal.
“Esta reunião foi muito importante e proveitosa, pois estamos acompanhando esse grupo de infectologistas elaborando um protocolo para tratamento e prevenção do coronavírus. Estivemos hoje com vários médicos todos engajados nessa luta”, explicou o prefeito.
Segundo Álvaro Dias, o protocolo, elaborado por profissionais do mais alto conceito deverá ser aprovado pelo CRM para que, depois, a gestão pública passe a adotá-lo.
O infectologista Fernando Suassuna, que é considerado um dos profissionais mais respeitados do estado, fez questão de dizer que está trabalhando lado a lado com o prefeito Álvaro Dias, de quem foi professor, para enfrentar a pandemia na cidade. “Sou natalense de cinco gerações e tenho uma responsabilidade com a minha terra e com o prefeito Álvaro Dias que sempre me tratou com muito carinho”, comentou Suassuna.


Durante a videoconferência, o prefeito e os médicos debateram sobre as mais variadas dificuldades no enfrentamento ao Covid-19. Alternativas para atendimento, riscos, comorbidades, utilização de medicamentos, forma de aplicação e uma ação direta que envolva a prevenção de profissionais que estão na linha de frente do combate ao vírus, nas Upas, hospital municipal dr Newton Azevedo e no Hospital de Campanha de Natal.