Arquivo diários:17/07/2020

Redes 5G começam a chegar ao Brasil


As operadoras detelecomunicações estão dando largada à corrida pela liderança na cobertura da internet móvel de quinta geração (5G) no País, com a ativação do sinal a partir deste mês nas maiores capitais. Este é um passo importante para se avançar na digitalização da sociedade, com uma conexão que promete ser cerca de dez vezes mais veloz que o 4G.

A popularização do acesso à nova tecnologia ainda vai levar de dois a três anos. Para isso se tornar realidade, é necessário acontecer o leilão de frequências da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), previsto para 2021. O leilão é visto como essencial para dar escala à nova tecnologia, uma vez que determinará as frequências específicas para o 5G. Depois disso vêm a disseminação das redes pelas operadoras e o barateamento de celulares e outros aparelhos. Um processo nada rápido.

A espanhola Telefônica, dona da Vivo, anunciou ontem que ativará o 5G em oito cidades a partir do dia 24 (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Goiânia, Curitiba e Porto Alegre). A iniciativa colocará a companhia na liderança da cobertura do 5G em número de cidades no País. A mexicana Claro (do grupo America Móvil) foi a pioneira ao ativar o sinal esta semana e, por enquanto, terá serviço só em São Paulo e Rio de Janeiro, mas com planos de chegar a mais bairros que a Vivo.

A italiana TIM fará o lançamento em setembro, porém fora das capitais. A operadora vai ativar suas primeiras redes comerciais numa escala menor, nas cidades de Bento Gonçalves (RS), Itajubá (MG) e Três Lagoas (MS). Por sua vez, a Oi, em recuperação judicial, ainda não tem data prevista para ativar o 5G. Procurada pela reportagem, a empresa informou em nota que pretende fazer isso antes do leilão da Anatel.

Estado de São Paulo

Marinha emite alerta para possibilidade de rajadas de vento de até 61 Km/h em todo litoral do RN

A Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos, recomenda que embarcações de pequeno porte “evitem a navegação” no período de 16 até 20 deste mês, em virtude da possibilidade de ventos de até 61 Km/h, com rajadas, em toda faixa litorânea do Rio Grande do Norte.

O aviso de mau tempo emitido nesta terça-feira (16) também alerta sobre a necessidade de redobrar a atenção quanto ao material de salvatagem, estado geral dos motores, casco, bomba de esgoto do porão, equipamentos de rádio e demais itens de segurança das embarcações de porte maior.

Os ministros “imexíveis” de Bolsonaro


Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, e Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, seguirão no governo. O presidente da República comentou sobre a frase dita por Salles na reunião ministerial de 22 de abril, na qual o ministro falou sobre aproveitar o foco no noticiário do coronavírus para “passar a boiada”.

“Salles fica, Pazuello fica, sem problema nenhum. A gente lamenta a reunião, onde não se mede palavras. Salles falou em passar boiada. Ele quer desburocratizar muita coisa. É muito fácil estar no ar condicionado com churrasco na churrasqueira elétrica e criticar o cara que está no campo, que trabalha de domingo a domingo. São eles que garantem a economia, a exportação no porto de Santos”, comentou Bolsonaro.

Na live realizada hoje no Facebook e no YouTube, Bolsonaro foi além nos elogios a Ricardo Salles e disse que o ministro só deixará o comando do Meio Ambiente se desejar.

“Ricardo Salles fica a não ser que queira sair. Está fazendo um excepcional trabalho. Sem ministro, [fiscal] acha que mostra trabalho com aplicação de multa. Multa é o último caso. Primeiro, orienta. Falam que ele desmontou a máquina de fiscalização. Desmontou nada, mas está fazendo a coisa certa. Não pode um produtor rural ter pavor de receber fiscal. Foi o que fizemos no Brasil, que é seguir a lei”, declarou o presidente.

Pandemia fecha quase 40% das empresas que suspenderam atividades, diz IBGE

A pandemia de covid-19 provocou, na primeira quinzena de junho, o fechamento de 39,4% das 1,3 milhão de empresas que haviam suspendido temporária ou definitivamente suas operações. No total, foram 522,7 mil negócios encerrados no período. Ou seja: 4 em cada 10 empresas fecharam devido à pandemia do novo coronavírus no País. Os dados são da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da covid-19 nas Empresas, que integram Estatísticas Experimentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre essas que foram fechadas pela pandemia, 518,4 mil (99,2%) eram de pequeno porte (tinham até 49 empregados), 4,1 mil (0,8%) de porte intermediário (de 50 a 499 empregados) e 110 de grande porte (mais de 500 empregados).

Ainda entre as empresas com atividades encerradas por causa da pandemia, 258,5 mil (49,5%) delas eram do setor de Serviços, 192,0 mil (36,7%) do Comércio, 38,4 mil (7,4%) da Construção e 33,7 mil (6,4%) da Indústria.

Na primeira quinzena de junho, o País tinha cerca de 4,0 milhões de empresas, sendo 2,7 milhões (67,4%) em funcionamento total ou parcial, 610,3 mil (15,0%) fechadas temporariamente e 716,4 mil (17,6%) encerradas em definitivo.

Entre as que encerraram definitivamente suas atividades, independentemente do motivo, 715,1 mil ou 99,8% eram de pequeno porte, 1,2 mil (0,2%) eram intermediárias e nenhuma era de grande porte. Entre os setores, os Serviços tiveram a maior proporção de empresas encerradas em definitivo, 46,7% ou 334,3 mil, seguido por Comércio (36,5% ou 261,6 mil), Construção (9,6% ou 68,7 mil) e Indústria (7,2% ou 51,7 mil).

Impacto da pandemia
Pesquisa mostra ainda que, na primeira quinzena de junho, entre as 2,744 milhões de empresas em funcionamento no Brasil, 70,0% informaram que a pandemia do novo coronavírus teve um impacto negativo sobre os negócios. Por outro lado, 16,2% declararam que o efeito foi pequeno ou inexistente, enquanto 13,6% relataram um impacto positivo.

Os efeitos negativos foram percebidos por 70,1% das empresas de pequeno porte, 66,1% das intermediárias e 69,7% das empresas de grande porte. Entre os setores, o impacto foi negativo para 74,4% das empresas de Serviços; 72,9% da Indústria; 72,6% da Construção; e 65,3% de Comércio.

A queda nas vendas ou serviços comercializados em decorrência da pandemia foi sentida por 70,7% das empresas em funcionamento na primeira quinzena de junho em relação a março, quando começaram as medidas de isolamento para combater a disseminação do novo coronavírus. Ao mesmo tempo, 17,9% disseram que o efeito da pandemia foi pequeno ou inexistente sobre as vendas, e outros 10,6% afirmaram que perceberam um aumento nas vendas com a covid-19.

Houve queda nas vendas em 70,9% das companhias de pequeno porte, 62,9% das médias e 58,7% das grandes. Entre os setores, as vendas caíram em 73,1% das empresas de Construção, 71,9% de Serviços, 70,8% de Comércio e 65,3% da Indústria.

Em relação à produção, 63,0% das empresas enfrentaram dificuldade de fabricar produtos ou atender clientes, enquanto 29,9% relataram não ter havido alteração significativa e outros 6,9% tiveram facilidade.

Quando ao acesso a fornecedores, 60,8% relataram dificuldades, 30,2% informaram não ter existido alteração significativa, e 5,7% encontraram facilidade.

Sobre o caixa, 63,7% apontaram que tiveram dificuldades para realizar pagamentos de rotina, 33,1% das empresas não registraram alteração significativa e 2,3% afirmaram que encontraram facilidade.

Cerca de 32,9% das companhias alteraram o método de entrega de seus produtos ou serviços, o que inclui a mudança para serviços online, e 20,1% lançaram ou passaram a comercializar novos produtos ou serviços desde o início da pandemia.

ESTADÃO CONTEÚDO

Depósito em dinheiro de Queiroz ajudou mulher de Flávio Bolsonaro a quitar parcela de apartamento

O policial militar aposentado Fabrício Queiroz depositou R$ 25 mil em dinheiro vivo na conta da mulher do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), de quem era assessor, uma semana antes de o casal quitar a primeira parcela na compra de uma cobertura em construção na zona sul do Rio de Janeiro.

Dados da quebra de sigilo bancário obtidos pelo Ministério Público do Rio indicam que o depósito, junto com outras movimentações financeiras na conta da dentista Fernanda Bolsonaro, foi feito para dar cobertura ao pagamento da entrada no imóvel.

Entre os outros valores, há também um crédito em espécie de R$ 12 mil realizado por uma pessoa cuja identidade é mantida sob sigilo.

Queiroz é apontado pelo MP-RJ como o operador financeiro do esquema da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde ele exerceu o mandato de deputado entre fevereiro de 2003 e janeiro de 2019.

A suspeita é de que o ex-assessor recolhia parte do salário de alguns assessores para repassá-los ao filho do presidente Jair Bolsonaro.

Preso no mês passado em Atibaia, no interior de São Paulo, Queiroz está atualmente em prisão domiciliar, pedida por sua defesa e concedida pelo presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio de Noronha.

Segundo os dados da investigação da Promotoria, dias antes de a família de Flávio Bolsonaro pagar R$ 110,5 mil de custos pela entrada no apartamento, em agosto de 2011, houve um movimento de créditos na conta de Fernanda para cobrir a despesa futura. O primeiro foi realizado por Queiroz, no dia 15.

Dois dias depois, a conta da dentista Fernanda Bolsonaro recebeu R$ 74,7 mil de resgate de aplicações em fundos. No dia 19, há um novo depósito em espécie (feito por pessoa cujo nome não é revelado) na conta da mulher do hoje senador e filho mais velho de Jair Bolsonaro.

Toda a movimentação nesses quatro dias gerou um crédito adicional de R$ 111,7 mil na conta da dentista.

Os gastos com a cobertura começam no dia 19, data do último crédito. Ela primeiro paga R$ 1.610 ao 15º Ofício de Notas, cartório no qual a compra da cobertura na planta foi registrada.

No dia 22, Fernanda tem um cheque de R$ 73.140 compensado. A quebra não identifica o nome da empresa beneficiada, mas se trata da mesma data e valor de pagamento do casal à construtora responsável pelo condomínio Cenário Laranjeiras.

No dia seguinte, outro cheque de R$ 35.770 é compensado em favor da imobiliária Patrimóvel, responsável até hoje pela venda das unidades do condomínio. Em compras de imóveis em construção, é comum o comprador pagar a taxa de corretagem diretamente à imobiliária, debitando o valor do total do pagamento à construtora.

Esse não é o primeiro indício de vínculo entre Queiroz e despesas pessoais da família de Flávio. O MP-RJ obteve, por exemplo, imagens da agência bancária do Itaú na Assembleia Legislativa do Rio mostrando o PM aposentado pagando em dinheiro a mensalidade escolar das filhas do senador em outubro de 2018.

Os promotores suspeitam que a mesma dinâmica ocorreu no pagamento de outros 53 boletos da escola entre 2014 e 2018 feito com dinheiro vivo na boca do caixa. Eles somam R$ 153,2 mil.

O mesmo ocorreu com a mensalidade do plano de saúde da família do senador. Foram 63 boletos pagos em dinheiro entre 2013 e 2014, somando R$ 108,4 mil.

Também houve uso de dinheiro vivo na compra de mobiliário para outro apartamento do casal e na quitação de débito com uma corretora de valores. Investigadores afirmam que os recursos em espécie usados nas operações do senador têm como origem o esquema da “rachadinha”. O uso de papel-moeda visa dificultar o rastreio do caminho do dinheiro ilegal.

O MP-RJ afirma ainda que há indícios de lavagem de dinheiro por meio da compra de outros dois imóveis pelo casal e na loja de chocolate do senador. Nesses dois casos, o volume é bem maior: R$ 2,3 milhões, segundo os promotores.

Queiroz prestou depoimento na quarta-feira (15) aos promotores do caso, 19 meses após ser notificado pela primeira vez e ter faltado às convocações anteriores. O teor da oitiva é mantido sob sigilo.

O imóvel de Laranjeiras adquirido em 2011 pelo casal também é objeto de um inquérito eleitoral que apura falsidade ideológica pelo senador. A suspeita decorre do fato de ele ter atribuído valores distintos ao imóvel nas declarações de bens entregues à Justiça Eleitoral nos pleitos de 2014 e 2016.

Folha mostrou, contudo, que a diferença se deve ao parcelamento da cobertura e mudança na forma de declaração pelo casal —os dois passaram a declarar metade da propriedade ao Fisco. Especialistas afirmam que a mudança, quando relatada às autoridades, é legal.

A venda deste imóvel também foi usada como explicação por Flávio para a aparição de seu nome num relatório do Coaf. O órgão federal considerou atípicos 48 depósitos de R$ 2.000 em dinheiro feitos na conta do senador num intervalo de um mês.

O filho do presidente disse que ele depositou em sua conta valores recebidos em dinheiro como parte do pagamento pela venda do imóvel em Laranjeiras. O comprador do imóvel confirmou ter quitado parte da transação em espécie.

NÃO HÁ ILEGALIDADES NAS CONTAS DO CASAL, DIZ DEFESA

A defesa do senador afirmou, em nota, que “não há nenhuma ilegalidade nas contas de Fernanda e de Flávio Bolsonaro”.

“Todas essas questões foram esclarecidas nos autos. Os vazamentos de informação, ocorridos diariamente, causam estranhamento na defesa. O processo é sigiloso e os detalhes na imprensa só podem ter sido divulgados por quem tem acesso aos depoimentos. Por esse motivo, a defesa fará uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para a devida apuração”, afirmou a defesa de Flávio, em nota.

O advogado Paulo Catta Preta, que defende Queiroz, disse que não iria se manifestar porque a investigação corre sob sigilo.

FOLHAPRESS

Vergonha:,Brasil paga para ele trabalhar para mim, diz comandante americano sobre brigadeiro brasileiro

“Os brasileiros estão pagando para ele vir para cá e trabalhar para mim.” Foi assim que o chefe do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, almirante Craig Faller, apresentou o trabalho do brigadeiro do ar David Almeida Alcoforado ao presidente Donald Trump.

Isso para “fazer diferença para a segurança”, segundo o comandante, que dispensou a mesma apresentação ao general de brigada Juan Carlos Correa, do Exército colombiano, também lotado no Comando Sul.

A frase foi dita em um contexto de elogio, com Faller chamando Alcoforado de “um dos mais destacados” das Forças Armadas brasileiras. Ele e Correa são chamados de “vencedores” e comparados a “melhores jogadores” trazidos para um time.

Mas o vídeo com o momento está circulando furiosamente entre militares e diplomatas como uma suposta prova de como os EUA tratam seus aliados.

Talvez não seja para tanto, mas Faller enfatiza duas vezes na fala o “trabalham para mim”. Ele acabara de citar a participação de aliados regionais em 70% das operações antinarcóticos conduzidas pelo comando.

A referência ao fato de que os países de origem pagam sua estadia no Comando Sul remete à insistência de Trump para que outros governos paguem pela cooperação americana. “O presidente [colombiano, Iván] Duque manda o seu melhor e está pagando por isso”, disse Faller sobre Correa.

A postura do presidente americano vale tanto nas cúpulas da Otan (aliança militar liderada por Washington) quanto em agressivos discursos em que exige que o México custeie o muro que visa segurar a imigração ilegal para os EUA.

As falas ocorreram em um evento sobre trabalho contra o narcotráfico empreendido pelo Comando Sul, no dia 10, na Flórida.

David, como é conhecido na Força Aérea, é chamado de “nossa nova adição ao quartel-general” por Faller. O brigadeiro de duas estrelas, dois postos antes do topo hierárquico, assumiu o posto em 23 de março, após passar dois anos como comandante da Academia da Força Aérea. Deve voltar ao Brasil em 2022.

No Comando Sul, ele é vice-diretor do J5, departamento que cuida de estratégia, diretriz política e planos. O salário, como lembrou Faller, pago pelo contribuinte brasileiro, ganhou um bom incremento após sua ida aos EUA.

No Brasil, David ganhava R$ 29.101,70 brutos. Agora, seus proventos foram dolarizados: recebeu em abril US$ 9.535,46 (R$ 50,9 mil no câmbio desta quinta, 16). Além disso, naquele mês recebeu R$ 10.314,64 em verbas indenizatórias. Os dados são do Portal da Transparência.

David é o segundo oficial-general brasileiro, na história, a integrar o Comando Sul. O primeiro havia sido o general de brigada Alcides Valeriano de Faria Júnior, que virou subcomandante de Interoperabilidade no ano passado —num processo iniciado ainda no governo de Michel Temer (MDB).

A reportagem não localizou David. Em entrevista à Folha, Alcides, como é chamado no Exército, negou haver subordinação automática a ordens americanas.

Se houver “decisão soberana dos EUA [que] não esteja de acordo com a posição política nacional, o Brasil pode determinar meu regresso, e eu, como militar, funcionário de Estado, retorno imediatamente”, disse na ocasião.

De lá para cá, o Brasil foi declarado por Trump um aliado preferencial fora da Otan, o que poderá render uma cooperação maior. Há divergências, também: em 2019 os EUA buscaram incitar Brasil e Colômbia a agir militarmente contra a ditadura da Venezuela, algo apoiado pelo Itamaraty sob Ernesto Araújo, mas descartado pelos militares.

FOLHAPRESS

“Os brasileiros estão pagando para ele vir para cá e trabalhar para mim.” Foi assim que o chefe do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, almirante Craig Faller, apresentou o trabalho do brigadeiro do ar David Almeida Alcoforado ao presidente Donald Trump.

Isso para “fazer diferença para a segurança”, segundo o comandante, que dispensou a mesma apresentação ao general de brigada Juan Carlos Correa, do Exército colombiano, também lotado no Comando Sul.

A frase foi dita em um contexto de elogio, com Faller chamando Alcoforado de “um dos mais destacados” das Forças Armadas brasileiras. Ele e Correa são chamados de “vencedores” e comparados a “melhores jogadores” trazidos para um time.

Mas o vídeo com o momento está circulando furiosamente entre militares e diplomatas como uma suposta prova de como os EUA tratam seus aliados.

Talvez não seja para tanto, mas Faller enfatiza duas vezes na fala o “trabalham para mim”. Ele acabara de citar a participação de aliados regionais em 70% das operações antinarcóticos conduzidas pelo comando.

A referência ao fato de que os países de origem pagam sua estadia no Comando Sul remete à insistência de Trump para que outros governos paguem pela cooperação americana. “O presidente [colombiano, Iván] Duque manda o seu melhor e está pagando por isso”, disse Faller sobre Correa.

A postura do presidente americano vale tanto nas cúpulas da Otan (aliança militar liderada por Washington) quanto em agressivos discursos em que exige que o México custeie o muro que visa segurar a imigração ilegal para os EUA.

As falas ocorreram em um evento sobre trabalho contra o narcotráfico empreendido pelo Comando Sul, no dia 10, na Flórida.

David, como é conhecido na Força Aérea, é chamado de “nossa nova adição ao quartel-general” por Faller. O brigadeiro de duas estrelas, dois postos antes do topo hierárquico, assumiu o posto em 23 de março, após passar dois anos como comandante da Academia da Força Aérea. Deve voltar ao Brasil em 2022.

No Comando Sul, ele é vice-diretor do J5, departamento que cuida de estratégia, diretriz política e planos. O salário, como lembrou Faller, pago pelo contribuinte brasileiro, ganhou um bom incremento após sua ida aos EUA.

No Brasil, David ganhava R$ 29.101,70 brutos. Agora, seus proventos foram dolarizados: recebeu em abril US$ 9.535,46 (R$ 50,9 mil no câmbio desta quinta, 16). Além disso, naquele mês recebeu R$ 10.314,64 em verbas indenizatórias. Os dados são do Portal da Transparência.

David é o segundo oficial-general brasileiro, na história, a integrar o Comando Sul. O primeiro havia sido o general de brigada Alcides Valeriano de Faria Júnior, que virou subcomandante de Interoperabilidade no ano passado —num processo iniciado ainda no governo de Michel Temer (MDB).

A reportagem não localizou David. Em entrevista à Folha, Alcides, como é chamado no Exército, negou haver subordinação automática a ordens americanas.

Se houver “decisão soberana dos EUA [que] não esteja de acordo com a posição política nacional, o Brasil pode determinar meu regresso, e eu, como militar, funcionário de Estado, retorno imediatamente”, disse na ocasião.

De lá para cá, o Brasil foi declarado por Trump um aliado preferencial fora da Otan, o que poderá render uma cooperação maior. Há divergências, também: em 2019 os EUA buscaram incitar Brasil e Colômbia a agir militarmente contra a ditadura da Venezuela, algo apoiado pelo Itamaraty sob Ernesto Araújo, mas descartado pelos militares.

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