Arquivo diários:15/08/2020

Gilmar Mendes concede habeas corpus e Queiroz vai permanecer em prisão domiciliar


O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu habeas corpus determinando que Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), permaneça em prisão domiciliar.

Um dos argumentos centrais do magistrado é o de que os fatos narrados para determinar a detenção, de 2018 e 2019,​ não têm atualidade e por isso não justificariam a permanência do PM aposentado no cárcere.

Com isso, a decisão do ministro Felix Fischer, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que na quinta (13) determinou que Queiroz deixasse a prisão domiciliar e voltasse para o regime fechado, fica anulada.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro já havia emitido mandato de prisão para o ex-assessor de Bolsonaro. Ele perde a validade.

A decisão de Gilmar Mendes se estende à mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar.

O magistrado determinou ainda o uso de tornozeleiras e proibiu que eles saiam do país.

“Além de recair fundadas dúvidas sobre a contemporaneidade dos fatos invocados para justificar a segregação dos pacientes, a suposta conveniência para fins de instrução criminal e de garantia da ordem pública parecem se referir muito mais a conjecturas, como as de que o​ paciente teria influência em grupos de milícias e no meio político”, diz o magistrado.

Ele afirma ainda que, “mesmo que os fatos imputados aos pacientes sejam da mais alta gravidade _como de fato o são”, a Justiça não observou a possibilidade de aplicar outras medidas cautelares ao casal.

“A decisão atacada parece padecer de ilegalidade por não ter sopesado se, no caso concreto, outras medidas cautelares diversas da prisão não seriam menos invasivas e até mesmo mais adequadas para garantir a regularidade da instrução penal”, completa.

Ele escreve ainda que é preciso considerar “o grave quadro de saúde do paciente, que deve ser compreendido dentro de um contexto de crise de saúde que afeta gravemente o sistema prisional”.

O ex-assessor da família Bolsonaro foi preso em 18 de junho, depois de ser encontrado na casa de Frederick Wassef, então advogado de Jair Bolsonaro, em Atibaia (SP).

Ele é pivô do escândalo das rachadinhas, em que funcionários de gabinetes de deputados estaduais do Rio de Janeiro são investigados por dividir seus salários com os parlamentares.

Queiroz e integrantes da família dele trabalhavam nos gabinetes de Flávio Bolsonaro quando o filho do presidente exercia mandato parlamentar no estado (de 2003 a 2019), e também de Jair Bolsonaro, na época deputado federal.

Os investigadores descobriram, entre outras coisas, que funcionários do gabinete de Flávio depositavam dinheiro de seus salários em uma conta de Queiroz. O Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita que os valores coletados por ele foram usados para bancar despesas pessoais de Flávio e família, um crime tecnicamente denominado peculato.

Há documentos que mostram que Queiroz pagou contas de Flávio Bolsonaro em dinheiro vivo. Fez ainda depósitos na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O presidente da República diz que o ex-assessor apenas devolvia dinheiro emprestado a ele.

Os procuradores citam também uma suposta ligação de Queiroz com milícias do Rio de Janeiro.

Detido no fim de junho, Queiroz ficou preso em regime fechado por pouco tempo: em 9 de julho, o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio de Noronha, determinou que ele fosse transferido para prisão domiciliar.

Ele atendeu ao pedido da defesa, que apontava riscos em razão da Covid-19.

Noronha estendeu ainda o benefício à mulher de Queiroz, Márcia, que estava foragida, argumentando que ela precisaria cuidar do marido.

Levantamento da Folha nas edições do Diário da Justiça da semana pré-recesso revelou que o ministro rejeitou 133 de 137 pedidos (97%) para que detentos pudessem deixar as cadeias e cumprir medidas alternativas durante a crise sanitária.

Mônica Bergamo – Folha de S. Paulo

Agronegócio ajudou a segurar PIB durante a pandemia, diz ministra Tereza Cristina

Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil

Com safra recorde de grãos e aumento nas exportações, o agronegócio brasileiro foi essencial para segurar a atividade econômica durante a pandemia do novo coronavírus, disse hoje (14) a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, programa da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ela destacou a safra recorde deste ano e o Plano Safra como elementos que fizeram o setor crescer, enquanto o restante da economia sofria nos últimos meses.

“O agronegócio foi o motor da economia e conseguiu não deixar nosso PIB [Produto Interno Bruto] cair [mais que o previsto]. Foi gerador de riquezas para o mercado interno, para as exportações e para o emprego. O agro brasileiro não deixou de empregar. Alguns setores até aumentaram o emprego durante este período difícil da pandemia”, ressaltou a ministra.

Tereza Cristina atribuiu a safra recorde de grãos 2019/2020, estimada em 253 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ao investimento em pesquisa e desenvolvimento e à boa chuva na maior parte dos estados no início do ano. Segundo ela, a articulação com o Ministério da Infraestrutura, no início da pandemia, foi essencial para impedir problemas de logística e evitar desabastecimentos.

“Nós precisávamos organizar o abastecimento do nosso mercado interno e também não descumprir os contratos internacionais. O ministro Tarcísio [de Freitas], da Infraestrutura, foi fundamental porque a colheita não pode esperar. O produto precisa ser colhido naquele momento e tivemos um problema de logística e de cuidado com as pessoas nessa pandemia. Montamos um grupo, fizemos um planejamento e, até agora, tudo tem dado certo”, declarou.

Exportações

A ministra ressaltou que as exportações do agronegócio cresceram 10% no primeiro semestre (em relação aos seis primeiros meses de 2019) e totalizaram US$ 61 bilhões. “O Brasil é o celeiro do mundo. Alimentamos nossos 212 milhões de habitantes e exportamos para alimentar mais de 1 bilhão de pessoas no mundo”, declarou.

Para Tereza Cristina, a abertura de novos mercados foi imprescindível para manter o crescimento das vendas externas e diversificar a pauta, reduzindo a dependência da soja e das carnes. Segundo ela, o Brasil passou a exportar alimentos para 51 novos mercados apenas em 2020 como resultado de negociações com parceiros comerciais. Desde 2019, 89 novos mercados foram abertos para o agronegócio brasileiro.

Entre os produtos que passaram a ser exportados, estão laticínios (queijo, iogurte e leite em pó) para a China, castanha de baru e chá-mate para a Coreia do Sul, peixes para a Argentina, castanha para a Arábia Saudita e gergelim para a Índia.

Outro fator que, segundo a ministra, deve impulsionar as exportações brasileiras é o reconhecimento de quatro estados – Acre, Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia- e de regiões do Amazonas e do Mato Grosso como áreas livres de febre aftosa sem vacinação. Ela explicou que, em maio, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) deverá ratificar a decisão do Ministério da Agricultura, o que liberará a carne bovina desses estados para exportações sem vacinação, valorizando o produto brasileiro no mercado internacional.

Plano Safra

Em relação à safra de 2020/2021, que começa a ser plantada neste semestre, a ministra ressaltou que o Plano Safra deste ano destina R$ 236 bilhões em crédito subsidiado para os produtores rurais. Segundo Tereza Cristina, neste ano, o plano privilegia os pequenos e médios produtores, que tradicionalmente têm mais dificuldade de acesso ao crédito, e projetos de sustentabilidade e de tecnologia da informação no campo.

Agência Brasil

Justiça nega quebra de sigilo telefônico de assessores de Flávio Bolsonaro


Foto: Beto Barata/Agência Senado

O juiz federal Elder Fernandes Luciano, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio, negou pedido do MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) para quebra de sigilo telefônico e de e-mails de três assessores do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A solicitação foi feita em investigação sobre o vazamento da operação Furna da Onça.

O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro é investigado por suposto esquema de repasse de parte dos salários de servidores públicos, a chamada “rachadinha”, quando era deputado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Em 17 de maio, o empresário Paulo Marinho, ex-aliado dos Bolsonaros, disse em entrevista à Folha de S.Paulo que um delegado da Polícia Federal teria vazado, em outubro de 2018, a Flávio Bolsonaro a informação de que a operação seria realizada e atingiria seu então assessor Fabrício Queiroz.

O procurador da República Eduardo Benones solicitou à Justiça a quebra de sigilo do advogado Victor Granado; do coronel Miguel Angelo Braga Grillo, chefe de gabinete de Flávio; e de Valdenice Meliga, tesoureira do PSL em 2018. Segundo Marinho, os três teriam recebido informações sobre a Furna da Onça.

A intenção de Benones era confirmar se houve ou não uma reunião na porta da Polícia Federal, em 2018, com as pessoas mencionadas por Paulo Marinho. O pedido foi feito em 11 de junho. A decisão é de 11 de agosto.

Para o juiz, o procurador não apontou nenhum indício de ilegalidade cometida pelos assessores para solicitar a quebra de sigilo e de que “a narrativa” de Marinho seja verdadeira. De acordo com Elder Fernandes Luciano, o caso pode configurar uma situação em que as “informações são lícitas, e apenas o repasse é ilícito”.

O magistrado afirmou ainda que, com as informações produzidas até o momento nas investigações, os assessores devem ser “tratados como testemunhas, conforme entendimento externado pelo delegado de Polícia Federal”.

Ao fazer o pedido da quebra de sigilo, Eduardo Benones declarou que havia risco de “perecimento de prova” e que, se houvesse algum problema com a decisão do magistrado, ele poderia ser corrigido na 2ª Instância.

O juiz disse, no entanto, que decisões de quebra de sigilo não podem ser revistas, mesmo com uma decretação de nulidade pelas instâncias superiores. Afirmou ainda que “nas investigações existe um percurso natural de atos processuais e para se chegar a uma decisão é necessário certa dose de reflexão”.

“O Parquet [MPF] formula os pedidos que bem entende, apresenta argumentos sobre apenas um recorte das provas e ainda quer que este juízo julgue a seu tempo e modo, e de tabela se ver sob o jugo de ser acusado de abuso de autoridade por quebra de sigilo funcional”, disse Elder Fernandes, na decisão.

O magistrado ainda acusou o procurador de querer acelerar o andamento do inquérito porque o caso é “midiático”.

“Por experiência de alguns anos na jurisdição criminal é possível verificar que algumas investigações demoram mais que outras por diversos motivos, seja em razão da complexidade do caso, da confusão de argumentos apresentados ou até mesmo em virtude de pedidos mal formulados. Então, não é em razão de algum assunto ser midiático que deve servir de combustível para a aceleração de julgamentos”, disse.

Em nota enviada ao jornal O Globo, o advogado Marcello Ramalho, que defende Victor Granado Alves, afirmou que a decisão foi “mais do que acertada”. Segundo Ramalho, “o MPF, além de violar flagrantemente os direitos e garantias fundamentais do Victor quanto ao exercício da profissão, resolve qualificá-lo no procedimento investigatório criminal como investigado, sem indicar qualquer indício de autoria de prática criminosa por parte do mesmo, o que reflete verdadeiro abuso de autoridade”.

Ramalho disse ainda que “o próprio juiz verificou que o fim prestado pelo procurador da República teve o fim midiático, o que é lamentável”.

Poder 360

MP-SP pede investigação por injúria racial a motoboy em Valinhos-SP

Foto: reprodução

O Ministério Público de São Paulo requisitou, nesta sexta-feira (14), que a Polícia Civil de Valinhos instaure um inquérito para apurar crime de injúria racial contra Matheus Abreu Almeida Prado, que foi flagrado ofendendo o motoboy Matheus Pires Barbosa em vídeo gravado no dia 31 de julho em um condomínio residencial na cidade, situada na região de Campinas.

A solicitação, feita pelo promotor Tatsuo Tasukamoto, foi possível após a vítima representar criminalmente contra o suspeito sob a alegação que, durante o trabalho de entrega, Prado “passou a ofender a sua dignidade e decoro através de ações, palavras e gestos com a emissão de conceitos negativos”.

Entre as medidas requeridas, estão as imagens de segurança do local dos fatos e das pessoas que fizeram a gravação, difundida nas redes sociais, além do depoimento e interrogatório do suspeito.

Outro lado

A reportagem do R7 não localizou a defesa de Matheus Almeida Prado para comentar a ação do MP até a publicação desta matéria.

R7