Arquivo diários:18/11/2020

Infectologistas alertam em carta que hospitais estão lotados e defendem necessidade de lockdwon em SP

Um grupo de infectologistas de São Paulo enviou carta a amigos para alertá-los de que “há um aumento expressivo de casos de Covid-19 nos hospitais de São Paulo”, que estariam, segundo eles, “lotados” por causa de um aumento “de 100% em alguns serviços”.

A carta, enviada em caráter pessoal a pessoas conhecidas, foi assinada por médicos como Giovanna Baptista Sapienza, Marcela Capucho Chiaratin, Renata Guise Azevedo, Natanael Sutikno Adiwardana e Daniel Wagner Santos.

“Recomendamos fortemente novo ISOLAMENTO DOMICILIAR!”, escreveram eles, em maiúsculas. “Não ir a bares, restaurantes e festas. Não organizem encontros ou eventos sociais. Acreditamos que vocês estejam cansados de tudo isso, mas lembrem-se que nós estamos MUITO mais…. e ainda estamos vendo pessoas morrerem, famílias inteiras contaminadas, e os casos aumentando progressivamente sem nenhuma medida sendo tomada por parte dos governos”, seguem.

“Estamos em período eleitoral e talvez por isso não haja interesse político em novo ‘lockdown’ agora, mas é uma medida extremamente necessária! Por favor, ajude a controlar a pandemia e se proteja!​”, escrevem ainda os médicos.

O número de pessoas internadas em hospitais privados vem aumentando exponencialmente —no hospital Albert Einstein, eles saltaram de uma média de 55 para 86 nesta semana.

Nos hospitais municipais, as internações crescem. No dia 13, eram 693 internados. No dia 14, 685. No dia 15, 690. No dia 16, 732. Na terça (17), chegou-se ao patamar de 814.

MÔNICA BERGAMO

Bolsonaro revê estratégia e avalia se filiar a partidos do Centro

Bolsonaro seguindo orientação do ministro Fábio Faria

Diante do resultado das eleições municipais que apontou crescimento dos partidos de centro, o presidente Jair Bolsonaro já considera a filiação a uma das legendas de que integram esse campo político.

A escolha seria por uma legenda da base aliada. Duas vêm sendo avaliadas. Uma delas é o Progressistas, antigo PP, comandado pelo senador Ciro Nogueira. É o partido também do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, e do pré-candidato a presidente da Câmara Arthur Lira.

O presidente tem dito que se sente bem na sigla, à qual foi filiado por 11 anos, entre 2005 e 2016. No domingo, o partido amealhou 696 prefeituras, tornando-se o segundo maior do país em número de prefeitos.

A outra é o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Com 657 prefeitos eleitos, ficou na terceira colocação no domingo. O partido é o mesmo do ministro das Comunicações, Fabio Faria.

Uma terceira possibilidade também tem sido colocada na mesa: a filiação ao Patriotas, partido ao qual o presidente quase se filiou para disputar a presidência em 2018. Nesse caso, a avaliação é de que seria mais uma opção pelo comando de uma legenda do que pela capilaridade política que os partidos do centro oferecem, uma vez que o Patriotas elegeu apenas 49 prefeitos. De qualquer modo, todas as três integram a base aliada de Bolsonaro no Congresso.

O presidente e seus filhos estão pessimistas com a criação do Aliança pelo Brasil, mas o projeto não está abortado. Ele será retomado e considerado uma opção para a adesão de bolsonaristas.

Bolsonaro, porém, está mais propenso a um partido já estruturado, com know-how político, com uma máquina partidária já pronta e que, claro, já faça parte dos aliados. Como o Expresso CNN mostrou na segunda-feira, os principais partidos da base (Progressistas, PSD, PTB, PSC, PL e Republicanos) cresceram mais que os partidos do chamado centro independente (PSDB, DEM e MDB), que não devem seguir com Bolsonaro em 2022.

Esses aliados elegeram 2.207 prefeitos, 24,76% a mais do que em 2016. O outro grupo elegeu 1743, 16,4% a menos do que há quatro anos.

Quando se consideram os votos dados aos partidos, os aliados obtiveram 32,7 milhões de votos, 18,3% a mais do que os 27,7 milhões de 2016. Já o centro independente teve 29,9 milhões de votos, menos 21,1% do que há quatro anos.

O outro campo político que certamente terá um candidato em 2022 é a esquerda, composto por PT, PSB, PDT, Cidadania, PCdoB, Rede e PSOL. Foram 932 prefeitos eleitos ante 1.196 em 2016, redução de 22%. Em total de votos, foram 23,8 milhões neste ano ante 29 milhões em 2016, redução de 17%.

CNN BRASIL

Governos já podem se preparar para editar novos decretos com medidas de isolamento social, diz microbiologista

Após uma lenta queda no número de casos e óbitos por coronavírus, observada nos últimos dois meses, o país voltou a ser assombrado pela pandemia da Covid-19. Estados de todas as regiões do país, como Rio, São Paulo, Mato Grosso, Acre e Paraná, observam as médias móveis de ocorrências e mortes até triplicarem nos últimos dias.

Especialistas em saúde pública alertam que municípios em condições mais críticas devem reforçar medidas de isolamento social — uma iniciativa que, reconhecem, poderá ser recebida com resistência pela população, após meses de quarentena e à beira das festas de fim de ano.

Para a microbiologista da Universidade de São Paulo (USP) Laura de Freitas, algumas áreas do país já deveriam inclusive estar editando decretos com medidas de isolamento mais rígidas, como fechamento de comércio e de outras atividades.

— Está no momento. A gente está vivenciando a escalada dos casos, o ideal é fechar agora para não piorar e sobrecarregar hospitais — afirma Freitas.

Segundo a especialista, as medidas para diminuir os números são as conhecidas: isolamento social, máscara e álcool em gel.

— O uso da máscara é ainda mais recomendável agora do que no começo da pandemia porque a ciência descobriu que a máscara diminui a gravidade da doença. Quem é infectado usando o equipamento recebe uma carga viral menor e tende a ter uma doença mais branda — diz ela, para quem já se começa a se formar uma segunda onda da doença.: — É um fato. Na verdade, a primeira nem terminou. Diferentemente da Europa, aqui o número de casos só sofreu um declínio e já voltou a subir.

Coordenador da Frente de Diagnóstico da Força-Tarefa da Unicamp contra a Covid-19, Alessandro Farias avalia que o recente aumento de casos da pandemia é uma “semana de maremoto”.

— Não sei se esses índices continuarão crescendo, porque o cenário atual do Brasil não pode ser comparado ao visto na Europa, onde os países quase zeraram o número de casos até chegar uma segunda onda. Nunca nos aproximamos dessa realidade — afirma. — A população começou a relaxar e voltou às ruas, mesmo sem haver vacina. É difícil fazer lockdown e evitar a volta ao pico da pandemia, porque precisamos pensar em soluções para os comerciantes não fecharem as portas.

Já Paulo Petry, doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), considera que a população se “cansou da pandemia” e que a chegada do verão provocou aglomerações. Uma consequência é o aumento na taxa de transmissão.

O GLOBO