Acorda Povo mantém viva a tradição de Peixinhos no São João de Olinda

Costume antigo é, provavelmente, uma das últimas procissões dançantes que ainda existem desde os tempos da colonizaçãoCortejo sai na madrugada desta quinta-feira. Foto: Alexandre L'Omi L'Odò/DivulgaçãoHá mais de 50 anos, o bairro de Peixinhos, em Olinda, tem uma tradição sagrada para festejar o São João, o Acorda Povo. Com grande adesão da comunidade, o evento leva mais de mil pessoas na madrugada do dia 23 a percorrer o bairro tocando tambores, levando as bandeiras de São João, Santo Antônio e São Pedro, além do andor e de símbolos religiosos sincretizados com o Orixá Xangô. O ritual envolve fé, religiosidade e cultura, o ritmo do coco embala o cortejo e se concentra na festa durante toda a madrugada.

Neste ano, a bandeira sai da Rua da Harmonia, local onde funciona um terreiro de Jurema Sagrada, e vai para a Rua do Cajueiro, para a casa de uma das lideranças do bairro. Após a entrega do andor e das bandeiras, haverá uma grande roda de coco.

Acorda Povo
A Bandeira de São João é uma das procissões dançantes mais antigas do Brasil. Organizada pela Igreja Católica, a Bandeira de São João saía nas primeiras horas do dia 23 de junho, após o acender as fogueiras, com uma estrela grande, confeccionada com arame, papel ou plástico colorido, puxando o cortejo, o andor e a bandeira do Santo com a imagem dele ainda criança, que percorria os vilarejos ao som de pequenos grupos musicais. A interação dos escravos africanos ao cortejo proporcionou a introdução de alguns instrumentos de percussão; ocasião em que muitos negros aproveitavam para louvar o Orixá Xangô.

O ritual terminava quando entregavam a imagem de São João na igreja da comunidade. Com o tempo, em razão do grande agito (danças e cantos no interior dos templos), a Igreja Católica proibiu a imagem no seu interior. Essa atitude acabou por dividir o folguedo em duas manifestações: uma religiosa e outra profana.

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