Ex-ministro Geddel Vieira Lima é preso pela PF na Bahia

Michel Temer (e) e o então ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima

Felipe Amorim, Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) foi preso pela Polícia Federal nesta segunda-feira (3), na Bahia, Estado onde mora. A prisão foi determinada pela Justiça Federal de Brasília, e está ligada às investigações da Operação CuiBono?.

A operação investiga irregularidades na liberação de créditos da Caixa, banco estatal no qual Geddel ocupou a Vice-presidência de Pessoa Jurídica (2011-2013). Geddel foi ministro da Secretaria de Governo de Temer. As investigações da Polícia Federal e do MPF (Ministério Público Federal) apontam que Geddel e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) atuaram na liberação de ao menos R$ 1,2 bilhão em empréstimos para empresas, em troca de propina.

O pedido de prisão preventiva, apresentado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, acusa Geddel de atuar para atrapalhar investigações em andamento, ao tentar evitar que o ex-deputado Eduardo Cunha e o corretor Lúcio Funaro firmassem um acordo de delação premiada.

Além da prisão preventiva, a Justiça também autorizou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telemático de Geddel. Diferentemente da quebra do sigilo telefônico (que permite a interceptação das conversas), o levantamento do sigilo telemático permite o acesso ao registro das ligações efetuadas, mensagens e e-mails.

A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha. O teor das mensagens indicam que Cunha e Geddel atuavam para garantir a liberação de recursos por vários setores da CEF a empresas que, após o recebimento, pagavam vantagens indevidas aos dois e a outros integrantes do esquema, entre eles Fábio Cleto. Cleto, que ocupou por indicação de Eduardo Cunha a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, foi quem forneceu as primeiras informações aos investigadores. Em meados do ano passado, ele fechou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República.

O pedido de prisão foi baseado em depoimentos recentes do corretor Lúcio Funaro e dos delatores Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, e do diretor jurídico do J&F, Francisco de Assis e Silva.

A ordem de prisão partiu do juiz da 10ª Vara Federal de Brasília Vallisney de Souza Oliveira.