Governo se mexe para barrar na Câmara denúncia da Procuradoria contra Temer

Josias de Souza

Convencidos de que o procurador-geral da República Rodrigo Janot prepara uma denúncia contra Michel Temer, os operadores políticos do governo se apressam em colocar de pé uma estratégia para barrar a iniciativa na Câmara. Antes de analisar a denúncia da Procuradoria e decidir se abre ou não uma ação penal contra o presidente, o Supremo Tribunal Federal terá de obter autorização de pelo menos dois terços da Câmara —342 votos dos 513 disponíveis.

Conforme já explicado aqui, a investigação que pode resultar na abertura de uma ação penal contra Temer segue uma coreografia muito parecida com o rito do impeachment que ceifou o mandato Dilma Rousseff. A diferença em relação ao crime de responsabilidade é que nos casos que envolvem crimes comuns, depois da autorização da Câmara, cabe ao Supremo julgar o presidente, não ao Senado. Temer é investigado por suspeita de corrupção, obstrução de Justi;ca e organização criminosa.

No papel, os deputados supostamente governistas somam 411 votos na Câmara. No mundo real, o governo não conseguiu reunir nem os 308 votos necessários à aprovação da emenda constitucional da reforma da Previdência. Porém, embora o presidente esteja politicametne debilitado, o Planalto está otimista quanto às chances de enterrar a denúncia de Janot. De fato, o desafio é maior para os adversários do que para Temer.

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