Governo Temer busca reforçar oposição de políticos a Janot

BRASILIA, DF, BRASIL, 22-03-2017, 16h00: Sessão solene de posse do novo ministro do STF Alexandre de Moraes. A ministra Carmen Lucia preside a sessão, que tem a presença do presidente Michel Temer, dos presidentes da câmara e do senado, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), do Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot e de várias outras autoridades. Janot rebateu duramente hoje críticas feitas por Gilmar Mendes à supostos vazamentos de informações por parte da PGR. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)FOLHA DE SÃO PAULO

BRUNO BOGHOSSIAN
DE BRASÍLIAO

Palácio do Planalto vai argumentar que a PGR (Procuradoria-Geral da República) faz acusações sem provas contra o presidente Michel Temer, em sua estratégia para tentar barrar a denúncia que deve ser apresentada contra o peemedebista até a próxima semana.

Auxiliares do presidente querem, com esse discurso, fragilizar a acusação feita pelo procurador-geral Rodrigo Janot já na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, que precisa emitir um parecer sobre a admissibilidade da acusação antes que ela seja votada no plenário.

Para derrotar a denúncia, a equipe de Temer alegará que não há elementos suficientes na investigação para processar um presidente da República, que não há evidências de que ele recebeu vantagem indevida e que a gravação da conversa entre o peemedebista e o empresário Joesley Batista não é uma peça válida do inquérito.

Dessa maneira, o Planalto quer fornecer elementos aos deputados para que eles possam votar contra a abertura de um processo contra Temer e reforçar a oposição da classe política a Janot.

A PGR prepara uma denúncia em que vai ligar Temer ao recebimento de uma mala com R$ 500 mil que foi entregue ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), como a Folha mostrou no domingo (11).

Investigadores argumentam que não é preciso comprovar que Temer recebeu o dinheiro, mas que ele teve atuação na operação para o seu recebimento por Loures.

Auxiliares de Temer pretendem atacar esse ponto da denúncia para fragilizar a acusação e, principalmente, convencer os deputados de que Janot atropela as investigações e imputa ao presidente crimes sem prova.

Para que um processo contra Temer seja aberto no STF (Supremo Tribunal Federal) a partir dessa acusação, é necessária a autorização de ao menos dois terços da Câmara –ou seja, 342 deputados.

Na avaliação da equipe de Temer, a aprovação de um parecer contrário à admissão da denúncia na CCJ daria um sinal de força política antes que ele precise enfrentar a votação em plenário.

O discurso elaborado pelo Planalto também apela ao espírito de corpo da classe política. Nos bastidores, os operadores do governo dizem a deputados que eles serão os próximos alvos dos “abusos” da procuradoria.

INCERTEZAS

O governo tenta construir essa argumentação porque teme que, sem embasamento sólido, os parlamentares ficarão suscetíveis a pressões de eleitores e da imprensa.

A votação da denúncia no plenário se dá por chamada nominal -cada deputado é chamado ao microfone para declarar como vota. Se Temer estiver fragilizado nesse momento, o Planalto acredita que poucos sairão publicamente em sua defesa.

Há incerteza entre líderes governistas devido à possível revelação de novas peças do inquérito ou de novas delações premiadas, em especial a de Loures. Essas informações poderiam impulsionar os deputados a votarem contra o presidente.

O Planalto acredita que só terá uma medida de sua força para enfrentar essa etapa da crise quando conhecer a acusação de Janot.

Ao longo dos próximos dias, Temer tentará obter vitórias políticas para se manter de pé, em especial a manutenção do apoio do PSDB a seu governo, que pode ser definida em reunião nesta segunda-feira (12).

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