Igreja orienta batizar filhos de gays, diz padre de Curitiba

SÃO PAULO (ANSA) – Por Lucas Rizzi – O batizado de três filhos de um casal homossexual em uma igreja de Curitiba (PR) ganhou o noticiário do Brasil inteiro, mas não é algo inédito nem impossível de acontecer.

Em entrevista à ANSA, o padre Alex, que trabalha na Arquidiocese da capital paranaense e acompanhou de perto o caso de Toni Reis e David Harrad, diz que a possibilidade de batizar herdeiros de cônjuges homoafetivos é prevista pelo direito canônico desde a década de 1980.

“Na verdade, nós já temos essa autorização faz algum tempo. Não é o primeiro caso, mas este teve muita visibilidade, até porque a luta de Toni é famosa. Temos a intenção de batizar todas as pessoas que pedem o batismo. Essa é a orientação da Igreja”, explica.

Toni Reis é secretário de educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e divulgou no Facebook a saga com seu parceiro, David Harrad, para batizar seus três filhos: Alyson, 16 anos, Jéssica, 14, e Filipe, 12.

A cerimônia ocorreu no último dia 23 de abril, na Catedral de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, em Curitiba, e o casal ficou tão feliz com a conquista que decidiu até mandar uma carta ao papa Francisco.

A resposta chegou nesta semana, em uma correspondência assinada por um assessor da Secretaria de Estado do Vaticano, o que colaborou para dar notoriedade ao caso. No texto, o monsenhor Paolo Borgia escreve que o Pontífice “deseja felicidades, invocando para sua família a abundância das graças divinas”.

“É uma carta padrão, as pessoas que se correspondem com a Santa Sé recebem respostas”, minimiza o padre Alex. Antes de conseguir batizar seus filhos, o casal teve seu pedido negado por quatro paróquias, apesar de essa possibilidade ser autorizada pelo direito canônico. Então eles decidiram recorrer à Catedral de Curitiba, que permitiu o sacramento.