Analistas e parlamentares preveem uma nova onda de derrotas para Bolsonaro na próxima semana

No dia seguinte às manifestações contra os cortes na educação e em meio ao avanço das investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), líderes dos principais partidos do Congresso dizem que o governo Jair Bolsonaro enfrenta seu “pior momento” e preveem uma nova onda de derrotas para o Palácio do Planalto na próxima semana.

Caciques do chamado centrão avaliaram nesta quinta-feira (16) que o desgaste de Bolsonaro com as ruas e a quebra dos sigilos bancário e fiscal sobre as movimentações financeiras de seu filho mais velho dão força à articulação do Congresso para, entre outros movimentos, sacramentar a saída do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) das mãos de Sergio Moro (Justiça).

Após encontros com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), integrantes do chamado centrão dizem a votação da medida provisória da reestruturação do governo só depende do Planalto. De acordo com eles, os articuladores políticos do governo precisam enquadrar os partidos de sua base para que o texto aprovado na semana passada em comissão especial seja apreciado sem alterações no plenário da Câmara. Do contrário, a medida poderá perder sua validade.

Se a medida provisória que reestrutura a Esplanada não for aprovada até o dia 3 de junho na Câmara e no Senado, ela perderá validade.

A ala mais inflamada do centrão chegou a dizer que só uma declaração pública do alto escalão do governo a favor da transferência do Coaf para o ministério de Paulo Guedes (Economia) seria capaz de controlar a atuação do PSL contra a medida.

Maia sinalizou aos líderes do centrão que vai atuar para que o Planalto cumpra o acordo e distensione a relação.

Um dos líderes do centrão diz que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, se comprometeu a atuar para que a votação no plenário ocorra sem intercorrências.

O Planalto já teria conseguido convencer uma ala dos partidos contrários à mudança de endereço do Coaf a votar o texto como está, mesmo que seja para perder. Fazem parte desse grupo Podemos, Cidadania e Novo.

A estratégia do centrão e de Onyx, porém, pode esbarrar no líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).

O parlamentar de primeiro mandato tem se mostrado irredutível a aliados quanto à posição de defender publicamente a manutenção do Coaf na Justiça.

Antes de atuação discreta, ele começou a publicar em suas redes sociais críticas ao centrão, para marcar posição em uma briga interna do PSL. Vitor Hugo, que é próximo de Bolsonaro, tem relação péssima com Onyx e disputa poder com a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP).

Depois das derrotas desta semana, atribuídas às declarações dele, os dois iniciaram um novo movimento para apeá-lo do cargo. Uma lista de possíveis substitutos de Vitor Hugo foi desenhada com o aval do ministro.

Os nomes foram pinçados dentre os 82 deputados que votaram contra a convocação de Weintraub. Na relação estão, por exemplo, João Campos (PRB-GO), João Roma (PRB-BA), Claudio Cajado (PP-BA) e Aguinaldo Ribeiro (PP-AL) —todos integrantes de siglas do centrão.

Uma das possibilidades discutidas foi até a substituição dele por Joice.

Para uma ala da articulação política do governo, a troca de Vitor Hugo seria uma forma de restabelecer o diálogo com o chamado centrão e evitar novas derrotas na Câmara.

Para os auxiliares mais próximos ao presidente, entretanto, a equação não é tão simples. Bolsonaro, dizem eles, confia em Vitor Hugo e, por enquanto, sinaliza que não tem disposição de tirá-lo do posto.

O líder do governo também conta com a simpatia do filho do presidente, Eduardo (PSL-SP). Além disso, deputados influentes do centrão afirmam que a simples troca do ocupante do cargo não melhoraria a articulação caso não mude o tratamento dado pelo governo ao Legislativo.

Folhapress

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Rodrigo Maia deve sancionar projeto que prevê anistia de R$ 70 milhões a partidos

O presidente em exercício, Rodrigo Maia, deve sancionar o projeto de lei que anistia multas aplicadas a partidos políticos aprovado pelo Congresso em abril. O texto – previsto para ser publicado até amanhã no Diário Oficial da União – pode sofrer alguns vetos. Esta deve ser a primeira vez desde 1995 que um presidente autoriza a anistia a multas das siglas, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na edição de domingo.

A estimativa é de que anistia pode chegar a R$ 70 milhões, valor dos débitos dos diretórios municipais de quase todas as legendas com o Fisco.

Presidente da Câmara, Maia assumiu a Presidência da República por algumas horas nesta quinta-feira, 16. O presidente Jair Bolsonaro está nos Estados Unidos e o retorno está previsto para 21 horas. Já o vice, Hamilton Mourão, viajou hoje à tarde com destino à China.

A principal medida do texto aprovado, relatado pelo deputado Paulinho da Força (SD-SP), é a anistia para os partidos que não tenham aplicado o mínimo de 5% das verbas do Fundo Partidário para promover participação política das mulheres entre 2010 e 2018, mas que tenham direcionado o dinheiro para candidaturas femininas.

O projeto de lei prevê ainda outras mudanças que, apesar de não envolverem diretamente dinheiro público, abrandam exigências aos partidos. Uma delas, segundo analistas, reduz a democracia interna nas siglas ao permitir que comissões provisórias funcionem por até oito anos.

Mesmo que Maia vete algum trecho do projeto aprovado, deputados e senadores podem derrubar e voltar ao texto original. Em 2000, o Congresso derrubou o veto do então presidente Fernando Henrique Cardoso e levou adiante uma anistia que custou aos cofres públicos, em valores corrigidos, aproximadamente R$ 80 milhões.

Estadão Conteúdo

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Um bom nome novo surge na política natalense

A política natalense ganhará um ótimo militante, o jornalista Toinho Silveira, atendendo apelos dos seus inúmeros amigos e admiradores, resolveu disputar uma cadeira na Câmara Municipal de Natal. 

Muito estimado e admirado em Natal, Toinho sendo uma pessoa culta e viajada pelas grandes metrópoles do mundo, certamente será um ganho positivo e imensurável para Natal , que passará à dispor da sua inteligência , conhecimento e espírito público.

Vamos torcer para que o primo Toinho seja eleito..

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Ministro do STF Alexandre Morais reclama do MPF e manda inquérito de Kassab à Justiça Eleitoral

Por Ana Pompeu/CONJUR

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, remeteu, nesta quarta-feira (15/5), a investigação por corrupção passiva, caixa 2 e lavagem de dinheiro sobre Gilberto Kassab à Justiça Eleitoral de São Paulo. Kassab, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, perdeu o foro por prerrogativa de função quando deixou de ser ministro.

Quando deixou Ministério, Kassab perdeu a prerrogativa de foro. E como é investigado por caixa 2, seu caso deve correr na Justiça Eleitoral, define Alexandre de Moraes

Na decisão, o ministro matou a tentativa do Ministério Público de Federal de evitar que o caso saísse de suas mãos. “Não obstante nosso sistema acusatório consagrar constitucionalmente a titularidade privativa da ação penal ao Ministério Público, a quem compete decidir pelo oferecimento de denúncia ou solicitação de arquivamento do inquérito ou peças de informação, é dever do Poder Judiciário exercer sua ‘atividade de supervisão judicial’, evitando ou fazendo cessar toda e qualquer ilegal coação por parte do Estado-acusador, quando o parquet insiste em manter procedimento investigatório mesmo ausentes indícios de autoria e materialidade das infrações penais imputadas”, escreveu.

O inquérito apura o suposto pagamento do grupo J&F ao ministro por meio de contratos com as empresas Yape Transportes e Yape Consultoria, ligadas ao político. Nesse caso, ele teria recebido R$ 350 mil mensais. Além disso, a JBS teria repassado R$ 28 mil a Kassab em troca de apoio político do PSD pelo PT. As investigações foram abertas com base nas delações de Wesley Batista e Ricardo Saud, executivos do Grupo.

Na mesma decisão, Alexandre de Moraes arquivou a investigação aberta em relação ao deputado federal Fábio Faria (PSD-RN). O inquérito que o investigava havia sido arquivado em novembro do ano passado, tendo o Ministério Público Federal pedido pela reabertura do caso. “Nos termos do artigo 18 do Código de Processo Penal, a inexistência de novas provas impede a reabertura de inquérito devidamente arquivado pela autoridade judicial, inexistindo, portanto, justa causa para a manutenção da investigação em relação ao Deputado Federal Fábio Faria, que consistiria injusto e grave constrangimento ao investigado”, disse o ministro.

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Bolsonaro chama manifestantes de “imbecis” e “idiotas úteis”

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chamou de “idiotas úteis”, “imbecis” e “massa de manobra” manifestantes que organizam uma série de protestos contra os cortes do governo na educação básica e no ensino superior nesta quarta-feira, 15. O presidente classificou os protestos como algo “natural” e disse que “a maioria ali (na manifestação) é militante.

Foto: Adriano Machado / Reuters

“Se você perguntar a fórmula da água, não sabe, não sabe nada. São uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais”, disse Bolsonaro ao chegar em Dallas, nos Estados Unidos. Ele foi recebido por apoiadores ao chegar no hotel onde se hospedará na cidade americana.

Em capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, os atos contra os bloqueios do Ministério da Educação (MEC) começaram pela manhã, embora a maior parte esteja marcada para o período da tarde. Além das manifestações, algumas universidades e escolas cancelaram as aulas.

O presidente disse ainda que não gostaria que houvesse cortes na educação e disse que não teve saída. “Na verdade não existe corte, o que houve é um problema que a gente pegou o Brasil destruído economicamente, com baixa nas arrecadações, afetando a previsão de quem fez o orçamento e se não tiver esse contingenciamento eu simplesmente entro contra a lei de responsabilidade fiscal”, afirmou o presidente. “Mas eu gostaria que nada fosse contigenciado, em especial na educação.”

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Manifestação termina em confronto e incêndio no Rio

Ônibus pegou fogo na avenida Presidente Vargas logo após dispersão de passeata; ato reuniu 150 mil pessoas, segundo sindicato

A manifestação contra cortes na Educação anunciados pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) terminaram em confronto no centro do Rio de Janeiro. Um ônibus pegou fogo por volta das 20h na avenida Presidente Vargas, onde se concentrou a passeata que durou mais de 3 horas e se manteve pacífica durante a maior parte do ato. Não há informações sobre a causa do incêndio.

Poucos minutos antes, um grupo de pessoas mascaradas havia entrado em confronto com a Polícia Militar durante a dispersão do ato contra o governo. Policiais reagiram com bombas de gás e houve correria ao redor da Praça da República e ao longo da Avenida Presidente Vargas. Os confrontos continuavam às 19h50, quando o ônibus começou a pegar fogo.

Ônibus é incendiado por manifestantes após o protesto contra o corte de verbas detinadas para educação proposto pelo governo na noite desta quarta-feira, 15, no centro da cidade do Rio. O protesto foi convocado pelas redes sociais e acontece em vários pontos do país.
Ônibus é incendiado por manifestantes após o protesto contra o corte de verbas detinadas para educação proposto pelo governo na noite desta quarta-feira, 15, no centro da cidade do Rio. O protesto foi convocado pelas redes sociais e acontece em vários pontos do país.

Foto: Wilton Junior / Estadão

Estadão
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Protestos contra cortes ocorrem em mais de 170 cidades

Protestos são realizados desde a manhã desta quarta-feira, 15, e miram bloqueios do governo Bolsonaro no orçamento do MEC

Uma série de protestos contra os cortes do governo Jair Bolsonaro (PSL) na educação básica e no ensino superior ocorre nesta quarta-feira, 15, no País. Atos ocorrem em um total de 170 cidades, que incluem as capitais de todos os Estados e o Distrito Federal, além de cidades do interior. Parte das escolas e universidades das redes pública e privada também aderiu às manifestações e cancelaram o dia letivo.

Em capitais como São Paulo, Brasília e Rio, os atos contra os bloqueios do Ministério da Educação (MEC) começaram pela manhã, embora a maior parte esteja marcada para a tarde.

São Paulo

Protesto na Avenida Paulista, em São Paulo
Protesto na Avenida Paulista, em São Paulo

Foto: Danilo M Yoshioka / Estadão Conteúdo

Segundo o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), ao menos 32 escolas privadas da capital aderiram à paralisação. Dentre elas, está o Colégio Equipe, de Santa Cecília, região central, que divulgou um comunicado. “Aderimos à paralisação em defesa da educação, da pesquisa, do trabalho dos professores e professoras de todo o país, do nível básico às pós-graduações das redes pública e privada”, diz o texto.

Além disso, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e a Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom) também cancelaram as aulas desta quarta.

“A universidade reafirma seu apoio a todos aqueles que cotidianamente constroem o sistema educacional brasileiro, formando gerações e produzindo conhecimento necessário à soberania do Brasil. Acreditamos que a construção de um País justo e democrático vem a par com uma educação de qualidade e comprometida com a cidadania de todos”, diz nota divulgada pela reitoria da PUC-SP.

Por volta das 14 horas, a Avenida Paulista foi totalmente interditada para o protesto no vão livre do Masp, no centro expandido de São Paulo. Estudantes, professores e servidores da da Universidade de São Paulo (USP) que protestaram pela manhã na Cidade Universtiária se juntaram aos demais manifestantes em frente ao museu.

O diretor geral do Sintusp, Magno de Carvalho, disse que irão entregar uma carta ao reitor da USP, Vahan Agopyan, solicitando reposição salarial dos funcionários da instituicao em defesa da educação. “Nós trabalhadores e estudantes estamos dando o primeiro passo em defesa da educação; os salários dos professores estão achatados. Nós lutamos também contra a reforma da Previdência.”

Brasília

Ato em Brasília, em frente à Esplanada dos Ministérios
Ato em Brasília, em frente à Esplanada dos Ministérios

Foto: Cláudio Reis/FramePhoto / Estadão

Em Brasília, o início do ato foi marcado por discursos de políticos e sindicalistas contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Deputados do PT e PSOL, além de sindicalistas ligados à CUT, o Sindicato dos Trabalhadores das Escolas Públicas do Distrito Federal (SAE) e grupos estudantis. “A juventude está na rua mandando um recado ao governo. Ontem, eles (o governo) recuou e voltou atrás. Está claro que a balbúrdia está no Planalto e não aqui”, afirmou o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ).

Além dos cortes na educação, os manifestantes criticaram também a reforma da Previdência e as mudanças nas políticas públicas ligadas às minorias. O líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), atacou os planos econômicos da equipe do ministro Paulo Guedes.

O grupo começou a concentração às 10 horas em frente a Biblioteca Nacional de Brasília e promete caminhar até o Congresso Nacional, onde, às 15 horas, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi convocado para prestar esclarecimentos aos deputados sobre o contingenciamento de verbas. Até o momento, nem os organizadores e nem a Polícia Militar do Distrito Federal divulgou o número de presentes no ato.

Manifestantes também se reúnem na Praça XV, no centro do Rio. Espalhados por diversas tendas, cerca de 150 pessoas, entre alunos e professores de universidades federais, como UFRJ e Unirio, estão no local com cartazes, pôsteres acadêmicos e material de pesquisa. A ideia é mostrar parte do trabalho desenvolvido pelas universidades.

Os alunos consideram que, com a apresentação dos trabalhos, o público em geral se sensibilize e participe da manifestação marcada para a tarde, em que ocorrerá também uma aula sobre reforma da Previdência. Pelo menos 25 instituições de ensino da capital fluminense prometeram aderir à paralisação.

Confronto em Porto Alegre

A manhã desta quarta-feira, 15, foi marcada por protestos e confrontos entre estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Polícia Militar na região central de Porto Alegre. Tudo começou quando alunos da Faculdade de Educação da Universidade bloquearam, no final desta manhã, a Rua Sarmento Leite, em frente ao campus central da instituição.

O motivo do protesto é contra os cortes de 30% na área da educação. Em consequência do bloqueio da rua, a tropa de choque de Brigada Militar foi acionada para intervir e lançou bombas de gás lacrimogênio para dispersar os manifestantes. Não há relatos de pessoas feridas.

Às 14 horas, um abraço simbólico foi dado no Instituto de Educação e à Faculdade de Educação da UFRGS. Posteriormente, os manifestantes seguiram para a Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFSCPA), no campus Porto Alegre do Instituto Federal e ao INSS.

De lá, o grupo seguiria para a Esquina Democrática, no centro da cidade, onde se encontrariam com estudantes da UFRGS, para uma assembleia, prevista para iniciar às 18 horas.

Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na região central do Estado, desde as 8 horas a rótula de acesso à instituição no cruzamento da RSC-287 com a Avenida Roraima foi bloqueada por estudantes, servidores e professores da Universidade.

A manifestação faz parte de uma série de protestos previstos para o dia de hoje contra os cortes do orçamento das universidades federais e congelamento das bolsas de pesquisa. Ainda em Santa Maria, mais de 80 escolas da comunidade também aderiram à greve geral da Educação.

Belo Horizonte

Depois de percorrerem três praças da região central de Belo Horizonte, manifestantes contrários ao corte de recursos na área da educação começaram a deixar a Praça Raul Soares no fim da manhã. Pelo menos 15 mil pessoas participaram do ato, que começou na Praça da Estação e passou pela Praça Sete. Até o início da tarde, não havia registro de ocorrências policiais envolvendo a manifestação.

Apesar do trânsito caótico no centro da cidade, que já é intenso sem manifestações, a maior parte dos motoristas não reclamou do protesto. Alguns faziam sinal positivo com o polegar para os manifestantes.

Ao longo do trajeto, gritos contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. O preferido era “doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano”. Na chegada à Praça Raul Soares, dois caminhões se alternavam com pronunciamentos de sindicalistas e estudantes.

Um outro ato, contra o corte nos recursos para a educação e a reforma da Previdência está previsto para começar às 14h no campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Pampulha, região norte da capital.

Os manifestantes seguravam cartazes com críticas, um diz “Essa balbúrdia vai salvar a educação”, em referência à declaração do ministro da Educação, Abraham Weintrab, de que há “balbúrdia” nas universidades federais.

Estudante do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet), Yasmin Camile, de 16 anos, que cursa Equipamentos Biomédicos, afirma que o corte vai prejudicar ainda mais a escola. “Já está bastante fragilizada. Um terço dos trabalhadores terceirizados foram dispensados no ano passado, por causa de redução anterior nos recursos. Não tem de onde tirar mais.”

Estudante de mestrado em Bioquímica e Imunologia na UFMG, Verônica Valafares, de 25 anos, afirma que os cortes vão piorar o que já não está bom. “A restrição nos recursos prejudica muito a universidade. Meu trabalho é dentro da escola. Desenvolvo tecnologia. Projetos ficam parados por falta de dinheiro”.

Salvador

Em Salvador, por sua vez, alunos de escolas públicas e particulares estão com as aulas suspensas. O movimento também se opõe à reforma da previdência. Colégios de renome na capital baiana, a exemplo do Antônio Vieira e Sacramentinas e Portinari, aderiram à paralisação.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), com medidas como o bloqueio de verbas para as universidades e instituições, o governo prejudica a educação no Brasil. A organização acredita que 30 mil pessoas participam do evento, que transcorre de forma pacífica. A Polícia não divulgou números.

O movimento saiu da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no bairro do Canela, em direção à Praça do Campo Grande, no centro da cidade, e seguiu até a Praça Castro Alves. A movimentação dos manifestantes ocorreu durante toda a manhã. Eles começaram a dispersar por volta do meio-dia devido a uma ameaça de chuva.

A organização do protesto estimou que cerca de 50 mil pessoas foram às ruas da capital baiana questionar as medidas adotadas pelo governo Bolsonaro. A Polícia Militar não fez estimativa.

Durante todo o trajeto, os participantes do protesto, que estavam acompanhados por dois minitrios, gritavam palavras de ordem contra a atual administração federal, a exemplo de “Balbúrdia é cortar dinheiro da Educação”, e “É ou não é piada de salão? Tem dinheiro pra Queiroz, mas não tem pra educação” .

Interior de São Paulo

Estudantes e professores realizaram manifestações nas principais cidades do interior de São Paulo. A mobilização, iniciada nas universidades, ganhou também a adesão de alunos e professores de escolas públicas estaduais.

Em Sorocaba, mais de mil estudantes, segundo a Guarda Municipal, realizavam passeata pelas ruas centrais da cidade, com faixas e cartazes contra o corte de verbas. Várias ruas foram interditadas e as empresa municipal trânsito remanejou linhas de ônibus. Antes de sair em marcha, o grupo se reuniu na Praça Fernando Prestes, a principal da cidade. Além de alunos e professores da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e Universidade Estadual Paulista (Unesp), o protesto teve apoio de escolas estaduais e técnicas.

Em Bauru, estudantes e professores se concentraram com faixas e cartazes em frente ao prédio da Câmara Municipal. Um caixão foi levado para simbolizar o enterro da educação brasileira. O protesto ganhou apoio de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que chegaram em vários ônibus. Uma das faixas da avenida Rodrigues Alves foi interditada, durante a caminhada dos manifestantes. Duas escolas estaduais – a Christino Cabral e a Stela Machado – suspenderam as aulas.

Em Campinas, estudantes bloquearam parte da avenida Guilherme Campos, que dá acesso à Unicamp e à PUC- Campinas. Com faixas e cartazes, o grupo sentou-se no asfalto durante o protesto. Alunos da Unicamp fizeram um protesto em frente à reitoria e saíram em marcha em direção ao Largo do Rosário. Em Hortolândia, estudantes do Instituto Federal e de escolas técnicas saíram em passeata pelas ruas centrais.

Estudantes da USP em Ribeirão Preto ocuparam a portaria principal do campus, na Avenida do Café. Eles distribuíram panfletos aos funcionários e estudantes. As aulas não foram suspensas. Em Jaboticabal, estudantes se concentraram no centro de convenções da Unesp. Grande parte dos professores aderiu ao protesto.

Em Araraquara, 30 escolas estaduais suspenderam as aulas por falta de alunos, segundo o Sindicato das Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Alunos da Unesp se concentraram em frente ao prédio do Instituto de Química. Houve protestos também nas faculdades de Filosofia, Ciências e Letras e de Odontologia. Professores e funcionários aderiram aos protestos. Foram registradas suspensões de aulas também em Matão e Américo Brasiliense.

Em São Carlos, cerca de 2,5 mil pessoas, segundo a Guarda Civil Municipal, realizaram protestos na Universidade de São Paulo (USP) e na Ufscar. Houve manifestações também no Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Além de estudantes e funcionários das universidades, professores e alunos da rede pública aderiram aos protestos. Os manifestantes chegaram a bloquear a avenida Doutor Carlos Botelho. Durante a tarde, estava prevista a apresentação ao público de pesquisas realizadas no ambiente acadêmico.

Estudantes da Unesp de Rio Claro se concentraram no portão principal da universidade e seguiram em marcha para a Praça dos Bancos, onde se juntaram a secundaristas que realizavam protesto no local. Em Presidente Prudente, 26 escolas estaduais tiveram paralisação parcial de aulas devido às manifestações. Estudantes se concentraram em frente à Unesp e saíram em passeata pelas ruas centrais da cidade.

Paralisação deve atingir 75 instituições federais; MEC não descarta novos cortes

Pelo menos 75 das 102 universidades e institutos federais do País convocaram protestos para esta quarta-feira, em resposta ao bloqueio de 30% dos orçamentos determinado pelo Ministério da Educação (MEC). Eles terão apoio de universidades públicas estaduais de diversos Estados – incluindo São Paulo, onde os reitores de USP, Unicamp e Unesp convocaram docentes e alunos para “debater” os rumos da área.

Um dos alvos do protesto, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse nesta terça-feira, 14, que as universidades precisam deixar de ser tratadas como “torres de marfim” e não descartou novos contingenciamentos.

A Apeoesp, sindicato dos professores da rede estadual pública de São Paulo, o maior da América Latina, convocou os professores a paralisarem – o mesmo foi feito pelos sindicatos da rede paulistana.

Atos em todos os Estados vêm sendo chamados pelas maiores entidades estudantis e sindicais do País, incluindo a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). /ANA PAULA NIEDERAUER, MARCIO DOLZAN, JOSÉ MARIA TOMAZELA, RENATO ONOFRE, LEONARDO AUGUSTO E HELIANA FRAZÃO, ESPECIAIS PARA O ESTADO DE S. PAULO

Estadão
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Secretária de Turismo do RN participa de encontro de líderes em Foz do Iguaçu

A Secretária de Turismo do Rio Grande do Norte, Ana Maria da Costa, participa hoje (15), no Wish Resort Golf Convention, em Foz do Iguaçu/PR, da abertura de um dos mais inovadores eventos sobre o turismo no Brasil: o Encontro de Líderes, reunião que tem como missão posicionar a área no centro da agenda econômica do país.

O Encontro de Líderes reúne a iniciativa privada, bancos nacionais e internacionais, agências de fomento, fundos de investimentos e o setor público. Tem como objetivo ampliar conhecimento de valor, elevar o networking dos participantes, promover reuniões de negócio e desenvolver ações futuras para o desenvolvimento sustentável do turismo brasileiro.

Na agenda estão previstos painéis, palestras e entrevistas com conteúdo técnico sobre como e onde captar investimentos, de forma que o público participante ganhe conhecimento para promover o crescimento do setor. Também estão previstos espaços e momentos de relacionamento com intuito de proporcionar sinergia e identificação de oportunidades de negócios.

A titular da Setur/RN, Ana Maria da Costa, destacou a decisão por participar do evento: “escolhemos estrategicamente a presença nos eventos para promover o Rio Grande do Norte. Por ser um evento pioneiro que traz no seu cerne as discussões mais importantes para o futuro do turismo brasileiro, entendemos que essas demandas também serão necessárias para o nosso estado. O intuito aqui é fortalecer a turismo do RN, da forma mais sustentável possível, para isso estamos nos mobilizando constantemente para atrair investimentos em novos negócios, ações e produtos turísticos”.

Em sua primeira edição, o Encontro de Líderes atrai os principais atores e investidores do turismo. A programação se estende até o próximo dia 17 de maio e a realização é uma iniciativa da parceria entre Mercado & Eventos e a Promo Marketing Inteligente.

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