O Poder Judiciário norte-riograndense firmou convênio de cooperação técnica, na tarde desta sexta-feira (04), para a utilização de valores oriundos de penas pecuniárias para a restauração de três locomotivas do Museu do Trem Manoel Tomé de Souza, a ser instalado no Campus do IFRN no bairro das Rocas, zona Leste de Natal. A solenidade aconteceu no Campus do Instituto Federal, na área onde funcionou a antiga estação ferroviária das Rocas. A parceira também irá abrir vagas de trabalho para apenados, que vão contribuir no trabalho de restauração das peças antigas.
O juiz coordenador da Central de Penas Alternativas (CEPA), Gustavo Marinho, falou que esse projeto o tocou porque ele viu que aquela é uma parte esquecida da história da cidade e ficou muito feliz em saber que o IFRN está resgatando essa história para a comunidade. Ele disse que a tarefa é bastante árdua, mas que o Poder Judiciário está bastante motivado para participar dessa empreitada.
“É importante o apoio de todos porque devemos ter um olhar atento para essas causas e o Poder Judiciário tem mostrado para a sociedade em geral que ele está participando da comunidade e fico feliz em estar aqui participando. O convênio já está em andamento porque já foram encaminhado alguns cumpridores de penas ”, comentou Gustavo Marinho, no ato acompanhado pelos juízes: diretor do Foro da Comarca de Natal, Mádson Ottoni e ainda Andreo Nobre, Marcus Vinícius Pereira Júnior e Agenor Fernandes.
A desembargadora Zeneide Bezerra, que representou a Presidência do TJRN na solenidade, destacou durante a assinatura do convênio, o comprometimento dos magistrados em integrar os inúmeros programas e projetos que o Poder Judiciário encampa ou apoia, como este das locomotivas que irão compor este museu. Ela parabenizou a todos os envolvidos por esta “verdadeira” vitória em trazer a locomotiva Catita, que fez sua primeira viagem em 1916, no trecho Natal-Ceará-Mirim, de volta para o Rio Grande do Norte.
Na ocasião, o professor José Ivan Pereira, reitor em exercício do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN), disse que, para o Instituto Federal, a assinatura do convênio é uma grande satisfação porque, como aquela estação ferroviária, também é centenária e porque mostra-se preocupada em preservar a memória da educação profissional e tecnológica e também com a memória da cidade, prova disso é que a instituição tem três museus.
José Ivan destacou a importância da parceria feita com o Poder Judiciário. “É importante ter a compreensão do Poder Judiciário para esse projeto de se guardar a memória e ter aquelas penas e as multas que estão sendo aí colocadas em uma instituição para preservar a memória é um dos prazeres maiores”, parabenizou.
História restaurada
O presidente do Instituto dos Amigos do Patrimônio Histórico e Artístico, Cultural e da Cidadania (IAPHACC), Ricardo Cobra, se disse muito feliz em poder assinar o convênio e agradeceu ao Poder Judiciário porque, ao seu ver, foi o responsável pela devolução da locomotiva Catita. “O Poder Judiciário nos deu a chance de ter a Catita de volta”, comemorou.
Ricardo falou sobre o prédio que abrigará o Museu do Trem Manoel Tomé de Souza, que faz parte do Complexo da Esplanada Silva Jardim, que é um complexo de edificações que foi feito para abrigar a estrada de ferro do Rio Grande do Norte e que foi explorada por cinco diferentes empresas. Falou da luta de onze anos para ter de volta a locomotiva Catita (estava em Pernambuco) até que a justiça declarou que a máquina pertencia ao RN.
“Eu quero aqui agradecer o apoio do Poder Judiciário e dizer que já temos apenados desenvolvendo uma pesquisa com relação à ferrovia e às empresas que exploraram esse serviço de trem e também aos cinemas do Rio Grande do Norte. Porque aqui neste prédio, nós vamos ter um vagão cinema, com 18 metros, e dentro dele vão ser instaladas as cadeiras que eram utilizadas no cinema Riogrande. Outro vagão vai ser o vagão da história do trem”, comentou Ricardo Cobra.