Em reencontro com as ruas, Lula ataca reformas e diz que Temer não tem autoridade

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve nesta quinta-feira (20) seu primeiro reencontro com o povo nas ruas desde que foi condenado pelo juiz Sergio Moro, no último dia 12, a 9 anos e meio de prisão por corrupção passiva. Lula participou de ato organizado pelo PT e por movimentos sociais em seu apoio e, em seu discurso, afirmou que ele, a sucessora Dilma Rousseff (PT) e o partido provocaram o ódio da elite durante o período em que estiveram na Presidência da República.

O ato desta quinta-feira em São Paulo começou às 17h. Lula chegou por volta das 19h30 e iniciou seu discurso cerca de uma hora depois. O ex-presidente foi recebido com gritos de “Lula guerreiro do povo brasileiro”. Milhares de pessoas participaram da manifestação –a Polícia Militar não divulgou estimativa de público.

“O problema deste país não é o Lula, é o golpe”, disse o ex-presidente no início de sua fala. E pediu para que seus apoiadores não se preocupem com ele. “A gente tem que se preocupar nesse momento é com o que está acontecendo com o país e o povo brasileiro”.

Em grande parte de seu discurso, Lula atacou as reformas propostas pelo governo Temer: tanto a trabalhista, já sancionada, quando a da Previdência.

“Esse país só vai ser consertado quando a gente tiver um governo que não pense só para meia dúzia de ricos. Quando o pobre é incluído no mercado de trabalho e no orçamento da União, não tem jeito, a economia vai crescer”, disse o petista. “Talvez o que mate eles de ódio é saber que uma empregada doméstica tem direito a um salário mínimo e férias, que o cara que trabalha como jardineiro pode comprar um carro. O que incomoda algumas pessoas nesse país é saber que os de baixo podem subir um degrau na escada social desse país. O que incomoda é vocês terem aprendido a conquistar direitos”.

O ex-presidente também afirmou que Temer deveria ser “responsável” e apoiar uma emenda constitucional para a realização de eleições diretas, e fez críticas à governabilidade do peemedebista. “Esse país está sem autoridade. Está sem credibilidade. Sabemos que o presidente da República não apita nada”, discursou. “O Temer só tem 3% [de aprovação]. É menos que a margem de erro das pesquisas”.

Lula ainda voltou a falar que os processos contra ele na Justiça são uma tentativa de tirá-lo da corrida eleitoral.

“Como não conseguem me derrotar na política, eles querem me derrotar com processo”, afirmou o ex-presidente, justificando que não há provas contra ele nos processos em que é réu. “Eu aprendi a andar de cabeça erguida nesse país e ninguém vai abaixar minha cabeça. Foram na Suíça encontrar Lula e acharam Aécio [Neves]. Foram na Finlândia procurar Lula e acharam [José] Serra”.