RIO – Cotado para o Ministério da Segurança Pública, o ex-secretário estadual da área no Rio José Mariano Beltrame afirmou durante entrevista ao Valor, no ano passado, que a criação da pasta não era essencial para se resolver os problemas de segurança no país. A entrevista de Beltrame foi concedida em janeiro, em meio à crise do sistema penitenciário marcada por massacres em Manaus e Boa Vista. “Eu acho que isso tanto faz. Eu acho que um Ministério da Segurança, hoje, seria assim não tão importante. Mas o que é que eu vejo no Ministério da Segurança? É que você vai ter um ministro sentado na mesa com o presidente da República. Porque você não precisa, na verdade, criar um ministério”, disse.
Beltrame defendeu que “basta dar suporte para a Senasp” (Secretaria Nacional de Segurança Pública), do Ministério da Justiça. “Porque criar um ministério por criar um ministério você pode criar 40, 50. Você tem que dar é apoio para aquele ministério, condições de ele atuar. O diferencial que tem de um ministério é que, em reunião ministerial, o ministro pode chegar para um presidente da República e dizer: ‘A situação é assim, assim, assado’. Agora, você pode dar apoio à Senasp, realmente dar um ‘up’ na Senasp, dar estrutura de ministério à Senasp, e funcionar muito bem também. Não tem problema. Não pode é criar um ministério só para botar no papel”, afirmou.
Em meio à crise de segurança do Rio, que foi alvo de um inédito decreto de intervenção federal assinado nesta sexta-feira, o presidente Michel Temer planeja criar o Ministério da Segurança Pública, para o qual cogita nomear Beltrame ou o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
Durante o Carnaval, Beltrame esteve no Sambódromo, mas preferiu não conceder entrevista.