Parece mentira, mas os pensionistas da Holanda, Turquia e Croácia recebem mais de 100% do salário da ativa quando se aposentam. Pontualmente, as pensões dos holandeses e turcos representam 101% e 102%, respectivamente, dos salários, mas nada se iguala aos croatas, com 129%.
Esses dados são da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que analisou esse tema em 35 países membros e de outras nações, e divulgou os resultados no site do ‘World Economic Forum’ nesta sexta-feira.
Outros países têm aposentadorias muito “competitivas”, diz a OCDE, como a Índia (99%), Portugal (95%) e a Itália (93%). No outro extremo da escala, os pensionistas no Reino Unido sofrem o pior cenário, recebendo apenas 29% do salário da ativa. Confrontando com a média da OCDE de 63% e com a média na União Europeia de 71%, realmente é um percentual muito baixo.
Outros dados interessantes: nos Estados Unidos a média é de 49% dos salários, enquanto na China, que abriga mais de 1,4 bilhão de pessoas, a taxa é de 83%, mostram dados da OCDE.
O problema do financiamento
O financiamento dos sistemas de aposentadoria é um problema global. “A melhoria dos cuidados de saúde nos países desenvolvidos e em grande parte do mundo em desenvolvimento significa que as pessoas vivem por mais tempo e, portanto, muito mais anos do que os sistemas foram projetados para lidar”, diz a OCDE.
De acordo com dados do Banco Mundial, os aposentados nos seis países com os maiores sistemas de pensões vivem entre oito e 11 anos a mais. No Japão a discrepância é ainda maior, de 16 anos.
Em recente relatório do ‘World Economic Forum’, os sistemas de pensões, nos EUA, Reino Unido, Japão, Holanda, Canadá e Austrália, também foram descritos como uma “bomba- relógio global”. A razão é que, juntos, esses países devem criar um déficit de US $ 224 trilhões até 2050, “enfraquecendo os rendimentos das gerações futuras e levando o mundo industrializado para a maior crise de pensões da história”, diz o relatório.
Se a China e a Índia forem adicionadas às estatísticas, o déficit atingirá US$ 400 trilhões, o que equivale a cerca de cinco vezes o tamanho da atual economia global, diz o relatório. Para Michael Drexler, chefe de sistemas financeiros e de infraestrutura no World Economic Forum, “o aumento antecipado da longevidade e o envelhecimento resultante das populações é o equivalente financeiro das mudanças climáticas”.