A quantidade de ações negociadas de empresas fundadas por Eike Batista disparou na Bolsa brasileira em março, em um movimento que chama a atenção considerando que duas das companhias que tiveram forte valorização, a mineradora MMX e a OSX, de construção naval, enfrentam um processo de recuperação judicial.
A sequência atípica começa no início de março com a Dommo Energia, ex-OGX. O número de ações da empresa negociadas saltou de 367.500 em 28 de fevereiro para 11,27 milhões no dia seguinte. Em março, o papel acumula valorização de 123,8%.
Analistas indicam que a alta teria como origem conversas do fundo Mubadala —que já investiu no grupo EBX, de Eike— para injetar recursos na empresa de petróleo.
A movimentação teve reflexos em outras empresas ‘X’. O aumento mais expressivo foi registrado pela CCX Carvão da Colômbia. Desde 6 de março, o número de ações negociadas variou entre 103,3 mil e 9,869 milhões —média diária de 5,45 milhões de papéis negociados. Até então, a média diária do ano estava em 35 milhões.
Os papéis da CCX registravam alta de 149% em março, até o dia 13. Nesta quarta, as ações caíram 26,1%.
Situação parecida foi vista com as ações da Óleo e Gás Participações (OGPar). Entre 6 e 13 de março, a quantidade negociada oscilou entre 686.100 e 1,596 milhão —média diária de 639.166. No ano até 6 de março, a média diária estava em 39.285.
A valorização acumulada pelos papéis em março era de de 40,9% até o dia 13. Nesta quarta, porém, caíram 8,8%.
No caso da mineradora MMX, em recuperação judicial desde 2017, o número de papéis negociados variou de 80 mil a 806.600 entre 7 de março e a última terça (13) —o que equivale a uma média diária de 328 mil. No ano até 6 de março, a média negociada estava em 9.440.
Até 13 de março, as ações da mineradora acumulavam alta de 43,5% no mês —a queda foi de 17,3% nesta sessão.
A OSX, também em recuperação judicial, viu o número de ações negociadas saltar de 1.600 em 6 de março para 169.600 em 13 de março. No período, a valorização acumulada foi de 90,9%. Nesta quarta, as ações caíram 25,7%.
RESPOSTA
Em nota, a OGPar informou que, até o momento, não tem “qualquer indicação de pessoas com acesso à informação da empresa que possam estar negociando os papéis” e afirmou desconhecer as razões para as oscilações.
Procurada, a MMX informou que constatou espontaneamente as oscilações atípicas das cotações das ações.
A mineradora disse ainda ter inquirido “pessoas com potencial acesso a matérias que possam constituir atos ou fatos relevantes, com o objetivo de averiguar se estas têm conhecimento de informações que deveriam ser divulgadas ao mercado, sem que nenhuma resposta positiva tenha sido recebida”.
A MMX ressaltou não ter conhecimento de fatos que poderiam ter causado as variações nas ações.
Procurada, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) informou que não comenta casos específicos ” inclusive para não afetar trabalhos de análise ou apuração que entenda pertinentes”.
Mas ressaltou que “acompanha e analisa as informações e movimentações envolvendo o mercado de valores mobiliários, tomando as medidas cabíveis, quando necessário”.