O secretário municipal de Obras Públicas de Natal, Tomaz Neto, virou alvo de polêmicas nesta segunda-feira, 19, após a divulgação de mensagens falsas e ofensas contra a vereadora Marielle Franco (PSOL), morta na semana passada no Rio de Janeiro. O titular da pasta municipal insinuou que a política carioca tinha envolvimento com o tráfico de drogas.
As mensagens proferidas por Tomaz Neto foram publicadas no último domingo, 18, na plataforma Whatsapp. Ele participa de um grupo que congrega participantes do Conselho da Cidade do Natal (CONCIDADE), que envolve pastas municipais e entidades da sociedade civil. Após discussões sobre a morte da vereadora Marielle, o secretário de obras deu início a uma série de postagens ofensivas. O Agora RN teve acesso ao conjunto de mensagens produzidas pelo secretário.
Tomaz Pereira replicou um texto apócrifo assinado por um antropólogo chamado Sandro Silva. O texto insinua que Marielle Franco era “uma eterna defensora de bandidos”. Em um dos parágrafos, o autor texto afirma: “Nunca, em momento algum, [Marielle Franco] se incomodou com a ocupação dos morros pelos traficantes, nunca questionou o absurdo da venda de drogas em mercado aberto nos morros, jamais se escandalizou com o total domínio dos traficantes, que andavam e ainda andam armados com armas de alto calibre pelas ruas de forma petulante, onde as pessoas têm de conviver com isso como se fosse algo natural”.
O secretário Tomaz Pereira também publicou outra mensagem. Replicou a informação falsa sobre o envolvimento de Marielle Franco com o traficante “Marcinho VP”. O boato, por sinal, já foi desmentido pela própria família da parlamentar carioca. Além disso, a foto anexada à mensagem – um homem e uma mulher sentados em uma mesa de bar – foi feita no Rio Grande do Norte. A foto foi feita em 2005, na cidade de Pau dos Ferros, no Alto Oeste potiguar.
Procurado pelo jornal Agora RN, o secretário Tomaz Pereira Neto se mostrou arrependido pela postagem. Ele pediu desculpas pelo transtorno causado e diz estar pronto para represálias. “Não sabia que teria toda esta repercussão. Tentei responder algumas críticas feita à Polícia Militar. Não era minha intenção ofender ninguém”, detalha.
Segundo o secretário municipal, o objetivo era rebater acusações sobre a possível participação de policiais militares na morte da vereadora. “Não queria criar um problema dessa natureza. Mas vamos acompanhar o inquérito policial; saber o que realmente o que aconteceu. Vamos ver quem realmente quem foi responsável pela morte da vereadora”, afirma.
“Não acredito que terei retaliações”
Ainda de acordo com Tomaz Pereira, o assunto já é página virada. “Pedi para que as pessoas desconsiderassem. O foco do grupo não é discutir política, e nem mesmo casos policiais. Eu espero que o assunto tenha sido encerrado”, respondeu.
Não é primeira vez que a família de Tomaz Pereira Neto se envolve em polêmicas nas redes sociais. A filha dele, a jornalista Micheline Borges, também foi alvo de críticas por postagens consideradas ofensivas. Em 2013, ela escreveu críticas aos médicos cubanos que participavam do Programa “Mais Médicos”. Escreveu que não gostaria de ser tratada por pessoas “descabeladas, de chinelos e sem lavar a cara”. Para ela, o médico deveria ter “cara de médico e não de empregada doméstica”.
A postagem de Micheline Borges gerou uma enorme repercussão em todo país. Com isso, a jornalista acabou sendo processada pelo Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos (Sindidoméstica) de São Paulo. Em 2014, após acordo judicial, pagou um salário mínimo a uma entidade filantrópica paulista. “Minha filha sofreu muito. Foi algo traumático”, assinala.
Ele diz ainda que não espera sofrer represálias por conta das postagens. “Não acredito que terei retaliações”, finaliza.