O estado do Ceará sofreu uma nova série de ataques criminosos na noite de sábado (24) e neste domingo (25), colocando em situação de alerta a segurança pública da unidade federativa. Pelo menos três cidades tiveram prédios públicos como alvos de incêndios, troca de tiros e explosões de bombas caseiras. De acordo com especialistas em segurança, os atos seriam retaliação de facções criminosas à possível instalação de bloqueadores de celulares em presídios. Pelo menos seis pessoas foram detidas hoje suspeitas de participação nos ataques.
Diversos ataques
A capital do estado foi uma das cidades atacadas. A Secretaria Executiva Regional IV, uma das seis subprefeituras existentes em Fortaleza, foi incendiada. Em frente à Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), um grupo fez disparos, mas a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não confirmou se o prédio foi alvejado. Já na Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), após o evento na madrugada, houve tiroteio entre policiais e suspeitos. Três destes acabaram morrendo.
Em Sobral , no norte do estado, foi registrado um ataque com bombas caseiras à Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) do município, que é um dos maiores do estado.
Segundo o coordenador do Ciops de Sobral, Major Dias, por volta de 2h45 de domingo (25), três pessoas esperaram o momento em que os seguranças do local fizeram uma ronda para arremessar, pelos muros do fundo do prédio, espécie de coquetéis molotov.
“Nós já levamos todo o material que foi encontrado, como as garrafas e chinelos, para a delegacia, para que a situação seja investigada. Internamente também vamos fazer a nossa investigação”, disse o major.
Em Cascavel, no litoral leste, 50 carros que estavam no terreno do Departamento Municipal de Trânsito e de Transportes (Demutran) foram incendiados. A Agência Brasil recebeu um vídeo que mostra a dimensão do incêndio no local.
Em Fortaleza, ônibus foram incendiados, levando à suspensão parcial do serviço de transporte público. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) contabilizou, até as 21h de sábado, cinco ônibus destruídos. A imprensa local já registra pelo menos sete ônibus incendiados.
Ainda na noite de ontem, a Etufor disse em nota que, “diante dos fatos ocorridos, com ataques e atos de vandalismo, os veículos irão circular em comboios com acompanhamento de viaturas da Polícia Militar e da Guarda Municipal”. Neste domingo, a assessoria de comunicação da empresa confirmou que a operação especial segue em andamento. A frota veículos à disposição da população, que já costuma ser reduzida aos domingos, é ainda menor, pois parte dela segue recolhida.
Em nota, a SSPDS informou que também houve incêndios em duas torres de telefonia e duas manifestações com queima de pneus em duas grandes avenidas, nos bairros Vila Velha e Quintino Cunha. Até agora, diz o comunicado oficial, três suspeitos de atear fogo em coletivos foram presos.
Os três suspeitos portavam galões de gasolina e estavam nas proximidades dos locais que sofreram as incursões violentas. “A SSPDS determinou o reforço no policiamento, inclusive com apoio de helicópteros da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer)”, informou. A assessoria do órgão afirmou que os números estão sendo atualizados e que representantes da secretaria não se pronunciarão neste momento.
Situação
Na manhã de ontem, o governador Camilo Santana falou sobre o ataque à Sejus, durante ato de implantação da Unidade Integrada de Segurança em Fortaleza. Ele disse que o governo espera intensificar os serviços de policiamento ostensivo e comunitário em dez bairros da capital e que não vai aceitar “qualquer afronta de criminosos”. Sobre segurança pública, defendeu revisão de leis pelo Congresso Nacional e celeridade na Justiça para diminuir a “sensação de impunidade” e “combater a criminalidade”.