BRASÍLIA – O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou, na noite desta quinta-feira, que as prisões de amigos do presidente Michel Temer, hoje, fazem parte de um complô conspiratório contra a figura do presidente.
Marun disse que o governo não trabalha com a hipótese de uma terceira denúncia contra Temer porque ela seria inconstitucional.
“Nós entendemos que a decisão do presidente de colocar a possibilidade de que venha a disputar a reeleição […] faz com que novamente se dirijam contra nós os canhões da conspiração”, disse Marun, em entrevista no Palácio do Planalto. “O que aconteceu hoje não deixa de ser um reconhecimento de que eu, nas minhas afirmações, sempre estive certo, se investigava um assassinato em relação ao qual não existe cadáver”, afirmou o ministro.
Nesta quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou a Operação Skala, que investiga supostas irregularidades no Decreto dos Portos, editado em 2017 pelo governo. Na ação, os agentes prenderam o advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer; o dono da Rodrimar, Antônio Greco, além de outros aliados de Temer, como o ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) Wagner Rossi; e João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, dono do escritório de arquitetura Argeplan, também alvo de investigação.
Marun voltou a dizer que o Decreto dos Portos não beneficia a Rodrimar e citou a Constituição para afirmar que um presidente da República não pode ser responsabilizado por questões estranhas ao seu mandato.
“É uma situação que nos preocupa pelo absoluto desrespeito à norma constitucional e que referenda o que sempre dissemos: o Decreto dos Portos não beneficia a Rodrimar e, nesse aspecto, o presidente está absolutamente tranquilo em relação à sua inocência”, afirmou.
Questionado sobre de quem viria o “canhão conspiratório”, se da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Marun preferiu afirmar que o Ministério Público tem um papel acusador. “Penso que caberia ao Judiciário neste momento uma atenção maior em relação ao que está posto na nossa Constituição”, disse o ministro.
Marun disse não acreditar em coincidências e considerou que, sempre que o Brasil reage, surgem “flechas envenenadas” contra Temer. “Eu não acredito em coincidências. Sempre que o Brasil dá uma reagida, pelo menos ultimamente, surgem flechas envenenadas dirigidas ao presidente Temer”, disse Marun. “Neste caso específico, entendo que houve abusos ao se prender gente para ouvir depoimento”, afirmou o ministro, citando restrições para se realizar medida coercitiva.
O ministro da Secretaria de Governo considerou que Temer “enfrentou um corporativismo que sequestrou o país e isso produziu muito ódio em diversos setores”. “Eu, sinceramente, avalio que esses ódios podem sim ser motivos que levem operadores do Direito e da Justiça a se sentirem à vontade para atuar como se neste país a Constituição Federal não existisse”, enfatizou.
Marun também criticou o fato de as prisões terem ocorrido na véspera do feriado da Semana Santa. “Entendo que isso faz parte sim de um enredo de complô. Tenho absoluta desconfiança em relação a prisões em véspera de feriado porque não é lugar de fazer prisão temporária”, disse.
O ministro acrescentou que a impressão é que as prisões ocorreram neste momento para que as pessoas saiam do convívio de suas famílias em uma data especial. “Ao final, o presidente Temer será inocentado se houver imparcialidade e isso pode até ser transformado em um ponto favorável no caso de o presidente Temer vir a ser realmente nosso candidato a presidente da República”, afirmou.