Ex-assessor relata ameaças de morte após denunciar gastos da Câmara de Parnamirim

Gato Preto Isac Samire

O ex-assessor da Prefeitura de Parnamirim Isaac Samir afirmou nesta segunda-feira (3) que recebeu ameaças de morte por ter denunciado, nas redes sociais, gastos que considera vultosos da Câmara Municipal de Parnamirim. Ele cobra explicações do Legislativo para uma obra de reforma e ampliação que custará quase R$ 2,2 milhões, em pleno ano eleitoral.

A obra de reforma e ampliação da Câmara, que será realizada em duas etapas, começou em janeiro. A primeira fase dos serviços contempla a demolição e a reconstrução do Plenário Dr. Mário Medeiros – onde acontecem as sessões legislativas – e do “Plenarinho” Professora Eva Lúcia. A derrubada já aconteceu e, neste momento, a empresa contratada trabalha na reconstrução.

O novo prédio, segundo a Câmara, será mais moderno e acessível e ocupará uma área de 387 metros quadrados. Além disso, está prevista a construção de novas salas e de um memorial. Essa parte da obra tem a previsão de ser concluída até março.

Até lá, as sessões da Câmara deverão acontecer no Cine Teatro Paulo Barbosa da Silva, onde nesta segunda-feira (3) já ocorreu a solenidade de reabertura dos trabalhos legislativos, com a leitura da mensagem anual pelo prefeito Rosano Taveira.

De acordo com Isaac Samir, a obra da Câmara custa caro e é ilegal. “A Câmara Municipal iniciou uma obra sem licença ambiental e sem alvará de construção. Denunciei isso e comecei a ser perseguido em redes sociais e a ser difamado por assessores políticos que fazem parte do conluio. Eu interferi em algumas coisas obscuras da Câmara”, afirmou, em entrevista ao programa “A Hora é Agora”, apresentado por Renato Dantas na Rádio Agora FM (97,9).

Ele afirmou que, após iniciar as denúncias, recebeu ameaças de morte e que, por isso, anda com colete à prova de balas e com segurança particular. Isaac Samir relata que comunicou o fato à Polícia Civil e que fez até um boletim de ocorrência.

“Depois disso (denúncia), começou a perseguição à minha pessoa. Ameaça de morte, fake News no Instagram, nas redes sociais, querendo denegrir minha imagem. Eu estou andando de colete à prova de balas. Eu mexi em uma seara onde não deveria mexer. Mas, em defesa do povo de Parnamirim, estou mexendo. E paguei caro”, complementou.

Plenário da Câmara foi derrubado e está sendo reconstruído – Foto: Facebook / Reprodução

O ex-assessor da Prefeitura afirma ter solicitado informações da Câmara Municipal sobre a reforma, mas, segundo ele, a Mesa Diretora da Casa não respondeu aos questionamentos.

Ele observa ainda que, no ano passado, o Legislativo pagou por um serviço de pintura em todo o prédio e que, agora, parte da estrutura é completamente derrubada. “Essa reforma não tem a menor necessidade. Eu conheço as dependências da Casa do Povo”, afirma.

Desde o mês passado, Isaac Samir tem cobrado a apresentação, pela Mesa Diretora da Câmara, de documentos que comprovem a necessidade e a regularidade da obra, como o alvará para construção e as licenças ambientais do projeto. Ele também quer detalhes do contrato para avaliar se o valor gasto na obra é justo.

No último sábado (1º), Isaac foi exonerado do cargo que ocupava na Prefeitura de Parnamirim. O prefeito Rosano Taveira o retirou do cargo de assessor técnico da Secretaria de Planejamento, Finanças, Turismo e Desenvolvimento Econômico. Segundo o ex-assessor, a demissão aconteceu após pelo menos 14 vereadores pressionarem o prefeito a fazê-lo. “Eu achei estranho o comportamento do prefeito”, diz ele.

Ainda segundo o ex-assessor da Prefeitura, em 2019 a Câmara de Parnamirim registrou gastos inexplicáveis. De acordo com Isaac Samir, o Portal da Transparência da Casa aponta, entre outras despesas, que o Legislativo adquiriu, apenas de janeiro a março, 800 mil folhas de papel. Além disso, em todo o ano passado, foram quase 18 mil canetas. Com telefonia celular, o gasto foi superior, segundo Isaac, a R$ 275 mil.

Isaac Samir está organizando uma manifestação para a próxima terça-feira (11), às 16h, em frente à Câmara Municipal, contra a reforma do prédio. O ato é promovido pelo movimento “Parnamirim Transparente”.

REFORMA

Além da reconstrução dos dois plenários e das galerias onde os cidadãos podem acompanhar as sessões, a obra prevê – na segunda etapa – a troca das instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias, além de um novo piso para todo o prédio e a construção de uma nova fachada. A expectativa é que a segunda fase comece logo após a entrega da primeira, com previsão de conclusão em cinco meses.

Todo o serviço será executado pela empresa Engenharia do Brasil Ltda. (Engebrasil), que assinou contrato para a execução da obra em dezembro. O presidente da Câmara, vereador Irani Guedes (Republicanos), assinou a ordem de serviço para a obra.

Segundo o Portal da Transparência da Câmara, a primeira medição da obra foi paga no dia 20 de janeiro, menos de um mês após o início dos serviços. O valor depositado para a empresa foi de R$ 68,1 mil.

Obra custará cerca de R$ 2,2 milhões – Foto: Facebook / Reprodução
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