Coordenador da Funai morre após levar flechada de indígenas isolados em Rondônia

Rieli Franciscato, de 56 anos, trabalhava na Funai buscando a criação de reservas para proteger povos indígenas isolados – Foto: Acervo Pessoal

Um importante indigenista brasileiro especialista em povos isolados da Amazônia foi morto por uma flechada no peito enquanto se aproximava de um grupo indígena que ele pretendia proteger, disseram amigos da vítima e um policial que testemunhou o incidente, nesta quinta-feira (10).
Rieli Franciscato, de 56 anos, trabalhava na Fundação Nacional do Índio (Funai) buscando a criação de reservas para proteger povos indígenas isolados do contato com a sociedade.
Na quarta-feira, ao se locomover para perto de um grupo indígena até então não contactado, ele foi atingido por uma flecha acima do coração em uma floresta próxima à reserva Uru Eu Wau Wau, no Estado de Rondônia, perto da fronteira com a Bolívia.

“Ele gritou, arrancou a flecha do peito, correu 50 metros e desabou, sem vida”, disse um policial que acompanhava a expedição em áudio postado nas redes sociais.

A ONG de defesa etnoambiental Kanindé, que ele ajudou a fundar na década de 1980, disse que o grupo indígena não tinha capacidade de distinguir entre um amigo ou um inimigo do mundo exterior.

Sua morte ocorre em um momento em que os indígenas estão sob crescente ameaça de invasões por grileiros, madeireiros e garimpeiros ilegais, encorajados pelas políticas do presidente Jair Bolsonaro, que quer desenvolver economicamente a Amazônia e reduzir o tamanho das reservas indígenas.

”Estamos nos sentindo desnorteados com tantas mortes nesse Brasil que não respeita os direitos indígenas”, disse Ivaneide Cardozo, amiga de Franciscato e cofundadora da Kanindé.

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