Bolsonaro não defende os amigos, diz colunista da Revista Veja

A atitude do presidente é um alerta a seus apoiadores
Por Ricardo Rangel/Veja


Na terça-feira à noite, o deputado Daniel Silveira publicou seu vídeo. Em 24 horas, Alexandre de Moraes o prendeu, e, no dia seguinte, o Supremo referendou a decisão de Alexandre por 11 a zero.

Nessas 48 horas, todo mundo disse o que pensava. Bolsonaristas apoiaram Silveira e xingaram o Supremo. Oposicionistas apoiaram o Supremo e xingaram Silveira. Juristas analisaram a decisão do Supremo sob o prisma da lei. Analistas políticos a analisaram sob o prisma da política.

O presidente da Câmara buscou (continua buscando) uma solução que concilie a sede de sangue do STF com a manutenção da autonomia da Câmara e sua necessidade pessoal de agradar ao presidente. Protocolou, em nome da própria Mesa Diretora, uma representação contra Silveira. Já o presidente do Senado veio a público para declarar, com ênfase, que está firmemente plantado em cima do muro.

Enfim, absolutamente todo mundo se pronunciou sobre a primeira grande crise do ano.

Uma única pessoa ficou em silêncio. Seu silêncio foi retumbante.

Jair Bolsonaro, sempre tão loquaz, ficou calado.

Não foi capaz de dizer sequer uma palavra de solidariedade (muito menos de defender) a seu aliado e subordinado, bolsonarista fanático, cujo objetivo, agenda e métodos são rigorosamente os mesmos que os seus próprios.

Ao que tudo indica que, se depender de Bolsonaro, Daniel Silveira vai mofar na prisão.

O silêncio de Bolsonaro é um alerta a tolos como Carla Zambelli, Bia Kicis et caterva: antes de desrespeitar a Constituição, é bom saber que não se pode contar com o apoio do presidente.

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