Do editor Ney Lopes
O empresário Flávio Rocha participou ontem, em Natal, da 17ª Convenção do Comércio e Serviços do RN, no Teatro Riachuelo.
Ele é o presidente da Riachuelo e vice-presidente do grupo Guararapes.
A TN de hoje, 1, estampa em manchete o pensamento do empresário Flávio Rocha sobre o seu estado, o Rio Grande do Norte.
Disse ele:
“Encontramos no RN o pior ambiente de todos. O Rio Grande do Norte é o pior estado para quem quer empreender. No Brasil, estamos em 26 estados e no Distrito Federal, e para a minha infelicidade, enquanto potiguar, é aqui que encontramos o pior ambiente de todos”.
Na mesma exposição, Flávio Rocha anunciou que o seu grupo deverá fechar o ano de 2015, com recorde em investimentos de R$ 450 milhões e crescimento de 9%, mesmo diante da pior crise que atravessa o país.
E mais: o grupo faz investimentos em logística no Centro de Distribuição em Guarulhos, que será inaugurado agora em 2016, com mais de R$ 200 milhões e capacidade para 215 milhões de peças.
Se fosse aplicada uma pesquisa de opinião pública, com certeza, a grande maioria dos norte-rio-grandenses se sentiria orgulhosa do Grupo Guararapes (hoje também Riachuelo), pelo fato de que a sua origem foi no RN, na década de 60.
Representando atualmente uma referência nacional para o empreendedorismo, o grupo Guararapes é o exemplo vivo do incentivo estatal bem utilizado e aplicado na multiplicação de oportunidades, geração de riqueza e oferta de empregos.
Reconhecer essa realidade é dever de justiça.
Todavia, não se pode deixar de mostrar estranheza com a fala do empresário Flávio Rocha, ao criticar o seu próprio estado e contribuir, indiretamente, para enfraquecer o esforço hercúleo que faz o governador Robinson Faria para atrair novos investimentos, ao ponto de vaticinar, que a economia só se destrava numa próxima eleição, segundo notícia na TN.
Não se nega que o grupo Guararapes cresceu, a custa do trabalho produtivo.
Porém, o impulso inicial nasceu no Rio Grande do Norte, que durante décadas, fez concessões repetida e reiteradas de incentivos fiscais, liberação de imóveis e outros estímulos governamentais.
Os governos estaduais mostraram-se, regra geral, sensíveis às reivindicações legítimas desse aglomerado empresarial.
Inclusive, nos últimos anos, o pró-sertão é a prova dessa ajuda estatal, em benefício da geração de empregos.
Aliás, o empresário Flávio Rocha comentando o pró-sertão fez uma denuncia grave, ao afirmar que o programa está em redução porque “o que se vê é um comboio, uma perseguição, um assédio”.
E completou: “diferente do sentimento de gratidão paraguaio, aqui somos tratados como bandidos”.
O empresário Flávio não escondeu em suas palavras o fato de ser hoje tratado como bandido, no estado que tanto colaborou para a grandeza da Guararapes.
Não se justifica esse tratamento.
Necessário enunciar as razões. Os fatos concretos.
Na análise, quem mereceu elogio foi o Paraguai, um país beneficiário dos favores do MERCOSUL (que o RN não tem) e conhecido mundialmente pelas influências “estranhas” e “nebulosas” nos seus negócios internos.
Justamente o Paraguai, que é o segundo país mais corrupto da América do Sul e terceiro da América Latina, tendo desempenho “menos pior”, apenas, que Venezuela e Haiti.
Isso é o que revelou o estudo mundial sobre percepção da corrupção, elaborado pela Transparência Internacional.
No momento, inclusive, segundo registro do jornalista Cláudio Humberto, o Paraguai está tentando chantagear a Petrobras, ao proibir que a subsidiária brasileira local importe nafta virgem, e o seu Ministério da Indústria e Comércio proíbe, sob ameaça, outras distribuidoras de fornecerem a matéria-prima ao Brasil, essencial à produção da nossa gasolina.
O Paraguai assim age, para exigir que a Petrobras compre diesel e gasolina da estatal Petropar,a preços superiores aos de mercado.
A demora na liberação da matéria prima (nafta) para a produção da gasolina e do diesel brasileiro vem provocando prejuízos incalculáveis à Petrobras.
Sabe-se que são antigas as pressões do Paraguai para obter vantagens do Brasil na parceria existente na Itaipu Binacional.
É uma economia de mercado do tipo do Paraguai, que merece tantos elogios?
Enquanto isso, o RN luta desesperadamente para contornar a sua miséria e, mesmo assim, ao longo dos tempos, tem renunciado à sua própria receita pública, para favorecer e incentivar o empreendedorismo empresarial.
Há burocracia, equívocos, falhas, necessidade de maior diálogo, que precisam ser corrigidos.
Claro que sim.
Não se nega que o empresário Flávio Rocha e outros façam postulação desse tipo.
Entretanto, impõe-se, no mínimo, o “reconhecimento” de parte dos beneficiários, pelo que o Estado do Rio Grande do Norte já fez no passado (e continua fazendo) para incrementar o desenvolvimento, em seu território.
É óbvio que o RN precisa crescer o seu PIB, servir à sociedade e repelir o “Estado mastodôntico e corrupto”, como sugeriu Flávio Rocha.
Cabe observar, entretanto, que não se pode considerar que Empresa privada e Estado sejam a mesma coisa.
A empresa busca o legítimo lucro financeiro.
E o Estado, além do lucro financeiro, terá que buscar o controle e o lucro social, para atender às demandas dos mais carentes e necessitados, que seriam adiáveis numa visão restrita de negócios privados.
O estado, como ente público, não pode desaparecer e a sociedade passar a ser regida pelas leis do mercado.
O estado terá optar pela economia de mercado, modernizar-se, adaptar-se aos avanços da economia, equilibrar receita e despesa, sem jamais afastar-se das suas prioridades sociais.
Os números que mais doem não são aqueles do déficit público, da queda de vendas, ou da produção.
As cifras que mais doem são às da miséria, dos excluídos, daqueles entregues à própria sorte.
Para esses, não se reivindica o simples “paternalismo” e “assistencialismo” nocivos, onerando as contas públicas, sem retorno econômico e social.
O ideal será o estado contribuir para uma justa partilha equitativa de bens, privilegiando a igualdade de oportunidades e premiando os mais competentes.
O editor do blog não esconde a admiração e respeito pelo empresário Flávio Rocha e o seu grupo empresarial.
O registro despretensioso ora feito é no sentido do Rio Grande do Norte, com todas as suas imperfeições, ser tratado com mais reconhecimento, por quem aqui nasceu, cresceu e se transformou num símbolo de sucesso empresarial no país.
Do Blog do Primo: jamais outra empresa recebeu tanto do RN como o grupo Guararapes, e confesso que o empresário Flávio Rocha foi infeliz e ingrato com seus conterrâneos. Desde o governo Dinarte Mariz para cá, o empresário Nevaldo Rocha vem recebendo incentivos dos governos.
A afirmação do empresário Flávio Rocha dizendo que o nosso Estado é o pior ambiente para se investir, fere de morte todo esforço do governado Robinson Faria em atrair investimentos para o RN.
Se Flávio Rocha que é um empresário potiguar acha isso do nosso Estado, qual o investidor que confiará no RN?
Prejuízo grande Flávio está provocando ao Estado que concedeu tudo para sua empresa crescer.