A Câmara dos Deputados registrou até o fim de fevereiro a morte de 21 secretários parlamentares em decorrência de complicações após contraírem a covid-19. Mais da metade dos óbitos aconteceu entre os meses de janeiro e fevereiro, quando 11 servidores vieram a óbito.
Segundo resposta da Câmara a pedido de acesso a informação, há ainda 19 servidores aposentados que também não resistiram à doença.
A Câmara contabiliza oficialmente 482 casos confirmados entre servidores efetivos, secretários parlamentares e cargos de natureza especial (CNE) desde março do ano passado. Vários servidores que contraíram o vírus têm reclamado de não conseguir acessar a plataforma da própria Câmara para informar que testaram positivo.
Esses relatos podem indicar que, ao menos o número de casos, deve ser maior que o oficialmente divulgado.
Vai aumentar
A situação se agravou após a decisão da Mesa Diretora, na época presidida por Rodrigo Maia, de determinar a realização de eleição presencial para a nova direção da Casa, o que aglomerou cerca de três mil funcionários.
Maia afirma que foi voto vencido e responsabiliza o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que, segundo ele, “formou maioria” na Mesa para determinar a eleição presencial. “Essa acusação de assassino eu não aceito”, diz ele.
O ex-presidente da Câmara enviou depois ao Diário do Poder a ata da reunião que decidiu pela eleição presencial por 4×3 votos. Nela, foi registrado que “o deputado Rodrigo Maia, presidente, votou a favor do parecer, pelo voto híbrido, no dia 2 de fevereiro, enfatizando que a decisão da Mesa afetará não apenas deputados que fazem parte do grupo de risco, mas também os funcionários, que são aproximadamente dois mil.”
Alguns funcionários, obrigados a comparecer, acabaram se infectando e levando o vírus para casa e o efeito foi o esperado. Familiares contraíram a doença e alguns se encontram intubados ou apresentando graves sintomas.
DIÁRIO DO PODER