Ex-presidente contraria posição de lideranças do PSDB e afirma que faltam elementos para processo contra a petista. “Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto? Não pode”
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) divergiu de lideranças de seu partido e afirmou, neste domingo (18), que qualquer pedido de impeachment contra a presidenta Dilma (PT) seria uma “precipitação”. Na avaliação dele, não há fato concreto para afastamento da petista.
“Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto? Não pode”, disse o tucano, em seminário com outros ex-presidentes latino-americanos no Fórum de Comandatuba, no Sul da Bahia.
Para o ex-presidente, não cabe aos partidos políticos empunhar a bandeira do impeachment. “Impeachment não pode ser tese. Ou houve razão objetiva ou não houve razão objetiva. Quem diz se é objetiva ou não é a Justiça, a polícia, o tribunal de contas. Os partidos não podem se antecipar a tudo isso, não faz sentido”, declarou. “Você não pode fazê-lo fora das regras da democracia, tem que esperar essas regras serem cumpridas. Qualquer outra coisa é precipitação”, acrescentou.
O discurso de FHC vai na contramão da tese defendida por outras lideranças do partido, como o presidente da legenda, Aécio Neves (MG), e os líderes das bancadas na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e no Senado, Cássio Cunha Lima (PB). O grupo encaminhou a juristas parecer sobre a viabilidade de se pedir o impeachment da presidenta.
Também presente ao encontro na Bahia, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também disse não ver elementos para a abertura de um processo contra Dilma. Na avaliação dele, a manobra fiscal feita pelo governo para fechar suas contas, apontada pelo TCU, não justifica um eventual pedido de impeachment.
“É um erro (pedaladas fiscais) com o qual não concordo, mas eu, sinceramente, não vejo isso no mandato passado para sustentar um pedido de impeachment. Mas vamos analisar com todo o respeito qualquer pedido que vier”, afirmou Cunha, segundo O Globo.