Do UOL, em São Paulo
O réu brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, executado na madrugada da última quarta-feira na Indonésia por narcotráfico, não tinha consciência de sua morte até instantes antes do fuzilamento, revelou uma testemunha.
O padre Charlie Burrows afirmou que Gularte, diagnosticado com esquizofrenia e bipolaridade, não foi capaz de entender sua situação até o momento em que os policiais começaram a algemá-lo antes de ele ser transferido ao local do fuzilamento.
“Pensei que ele tinha entendido, mas quando começaram a colocar as algemas nele, ele me disse: ‘Padre, vou ser executado?'”, afirmou Burrows, encarregado de acompanhar o brasileiro até o fuzilamento.
“Não é certo. Eu cometi um pequeno erro e não deveria morrer por isso”, disse o preso ainda.
O religioso acreditava até então que Gularte estava pronto. Inclusive, disse que os dois se encontrariam no céu. Porém, de acordo com Burrows, o brasileiro revelou ter escutado vozes imaginárias nos últimos dias que garantiam que ele não seria morto.
“Ele ouvia vozes o tempo todo. Conversei com ele por uma hora e meia, tentando prepá-lo para a execução. Eu disse: ‘tenho 72 anos, estarei indo para o céu no futuro próximo, então você acha a onde será minha casa e prepara um jardim para mim’.”
“Ele estava perdido porque tem esquizofrenia. Ele perguntou se havia um atirador do lado de fora pronto para disparar, e eu disse que não, e se alguém ia disparar nele dentro do carro, e eu disse não”, afirmou Burrows.