Uso da ‘pílula do câncer’ no tratamento divide opiniões de deputados federais

O deputado Mandetta (DEM-MS) criticou há pouco, em comissão geral no Plenário da Câmara dos Deputados, o uso indiscriminado do composto químico, popularmente conhecido como “pílula do câncer”, que vem sendo anunciado como a cura para as diversas variantes da doença. Para ele, a distribuição da fosfoetanolamina ao longo de quase 20 anos retrata uma sequência de equívocos. “O primeiro equivoco é a distribuição às pessoas sem fazer as devidas perguntas com método, clareza e transparência. E se tiver uma lesão renal? E se antecipar a morte do paciente? E se tiver efeito e passar para outras gerações”, questionou o parlamentar, ressaltando que nenhum indivíduo é igual ao outro e cada droga tem as próprias doses, indicações e contraindicações.

Favorável aos estudos prévios sobre a fosfoetanolamina, o deputado Edio Lopes (PMDB-RR) disse que não se pode ignorar o nível de profundidade e de investimentos feitos todos os anos por setores que já pesquisam a cura do câncer no Brasil e no mundo. “Não podemos banalizar e comparar a pesquisa de câncer feita no Brasil e no mundo com as receitas da vovó”, disse ele, criticando a ideia da substância como pílula milagrosa.

O deputado Weliton Prado (PMB-MG) também defendeu a realização de todos os testes oficiais prévios necessários para a liberação do uso farmacológico da fosfoetanolamina. Prado, entretanto, disse que, enquanto todos os testes clínicos não forem concluídos, é preciso garantir o acesso à substância para pacientes com câncer em fase avançada. “Fiquei impressionado com o retorno das pessoas que usaram a fosfoetanolamina. E acredito que é fundamental assegurar o direito de uso a pacientes que já passaram por quimioterapia, por radioterapia e enfrentam a fase mais avançada da doença”, destacou.

O deputado Rogério Peninha Mendonça (PDMB-SC), por sua vez, lembrou que já foi procurado por diversas pessoas querendo saber como fazer para ter acesso à substância. “Eu tenho muito cuidado com esse assunto, porque entendo que a pesquisa deve estar à frente de tudo e que devemos ter cuidado com milagreiros. Mas, nesse caso específico, fiquei surpreso com tantas curas e resultados positivos”, revelou o deputado.

O parlamentar disse ter ouvido relato de pessoas desenganadas que tomaram a substância e teriam sido curadas. “É justo uma pessoa que não tem mais esperança ficar esperando porque não há estudos? O que podemos esperar de sequelas de pessoas que têm poucos dias de vida?”, completou.

O debate foi encerrado há pouco.