Nas conversas interceptadas pela Polícia Federal, cujo sigilo foi derrubado nesta quarta-feira, pelo juiz federal Sérgio Moro, o ex-presidente Lula admite à presidente Dilma Rousseff estar preocupado com a “República de Curitiba”, logo após seu depoimento na condução coercitiva da 24ª fase da Operação Lava Jato, no dia 4 de março.
“Eles estão convencidos que com a imprensa chefiando qualquer processo investigatório, eles conseguem refundar a República. Temos uma suprema corte totalmente acovardada, um STJ totalmente acovardado, um parlamento totalmente acovardado, um presidente da Câmara fodido, um presidente do senado fodido, não sei quantos parlamentares ameaçados e todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e todo mundo se salvar. Estou assustado com a República de Curitiba, porque a partir de um juiz de primeira instância, tudo pode acontecer”, disse Lula à presidente após seu depoimento, e antes da entrevista coletiva que convocou na sede do PT, em São Paulo,
Lula atendeu ligação da presidente Dilma e contou como foi a passagem da Polícia Federal pro sua residência. “Eu acho que o Moro quis fazer um espetáculo antes daquele negócio que está no Supremo para decidir. A tese deles é de que tudo o que está acontecendo foi uma quadrilha montada em 2003 e que perdura até hoje. É a tese deles e eles não preciso de explicação. Estou dizendo que não tem mais trégua, não tem que acreditar na luta jurídica. Tem que colocar a militância na rua”, disse Lula à presidente.
O presidente ainda ironizou a pergunta dos investigadores acerca dos bens que teria levado do Palácio quando deixou a presidência. “Estou pensando em pegar todo o acervo e jogar na frente do Ministério Público. Os 11 contêineres de tranqueira que eu ganhei na presidência”, disse. “Ah, dá para eles. Eu dou também quando sair daqui”, respondeu Dilma.
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