Guilherme Azevedo
Do UOL, em São Paulo
O cientista político Roberto Romano qualificou como “golpe” a indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff (PT).
“Lula ministro, ele será o presidente de fato e Dilma será a presidente de direito, e isso se chama golpe de Estado. Chama-se usurpação de autoridade. É um golpe palaciano”, acusou, em conversa com o UOL.
Segundo Romano, o golpe, no caso, se configura porque se retira o poder de fato da autoridade investida pelo povo, eleitoralmente, para transferi-lo a outra figura.
Romano, que é professor de ética e política da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), acredita que essa saída, para dar suporte ao governo Dilma, não seja serena nem prudente e se mostra “própria de desesperados”.
Para o professor, no xadrez político de agora, o PT age como se o jogo acontecesse exclusivamente dentro do palácio e não considera fatores externos decisivos, como a pressão social pelo impeachment nas ruas e o avanço das investigações da Operação Lava Jato, conduzidas pelo Ministério Público Federal. “Lula ministro pode ser o xeque-mate no governo.”