Arquivo diários:18/03/2016

Comissão do Impeachment tem 16 deputados investigados pelo STF

Vários deputados que compõe a Comissão de Impeachment instalada ontem na Câmara dos Deputados estão encrencados respondendo processos no STF.

Confira os nomes dos investigados e seus supostos crimes:

– Paulo Maluf (PP), por crimes eleitorais;
– Aguinaldo Ribeiro (PP), por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha;
– Jerônimo Goergen (PP), por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha;
– Roberto de Britto (PP), por corrupção passiva e formação de quadrilha;
– Maurício Quintella Lessa (PR), por peculato (roubo praticado por servidor público);
– Paulo Magalhães (PSD), por crime eleitoral;
– Danilo Forte (PSB), por crime eleitoral;
– Benito Gama (PTB), por crime eleitoral;
– Weverton Rocha (PDT), por fraude na Lei de Licitações;
– Paulinho da Força (SD), por corrupção passiva;
– Alex Manente (PPS), por crime eleitoral;
– Bacelar (PTN), por peculato (roubo praticado por servidor público);
– Junior Marreca (PEN), por emprego irregular de verba pública;
– Vicente Cândido (PT), por corrupção ativa;
– José Mentor (PT), por corrupção passiva;
– Nilson Leitão (PSDB), por corrupção passiva e fraude na Lei de Licitações;

–  Fernando Francischini (SD), citado na delação de Delcídio Amaral.

“Não há justiça quando as próprias garantias da Presidência da República são violadas”, disse Dilma

Brasília – O governo iniciou uma ofensiva com questionamentos sobre a ação do juiz federal Sérgio Moro, que tornou públicos anteontem os áudios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em conversa com a presidente Dilma Rousseff. A iniciativa começou com a própria presidente durante a cerimônia de posse de Lula. Em um claro recado a Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato na Justiça Federal em Curitiba, a petista criticou a quebra do sigilo e a divulgação do conteúdo de conversas entre eles.

“Não há justiça quando as próprias garantias da Presidência da República são violadas. O Brasil não pode se tornar submisso a uma conjuração que invade garantias constitucionais da Presidência da República, não por que a presidente seja diferente de outros cidadãos. Mas se fere essas prerrogativas, o que farão com as prerrogativas do cidadão?”, questionou Dilma, ao discursar na solenidade, em Brasília.

A presidente garantiu que todo o fato será investigado. “Vamos avaliar as condições desse grampo. Quem autorizou, por que autorizou, e por que foi divulgado quando ele não continha nada, nada, eu repito, nada que possa levantar qualquer suspeita sobre seu caráter republicano”, disse a presidente. Na sequência, Dilma declarou: “A justiça e o combate à corrupção sempre são mais fortes e dignos quando respeitam os princípios constitucionais”

Decisão sobre a posse de Lula como ministro será decidida pelo STF

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mal havia tomado posse como chefe da Casa Civil, em uma solenidade moldada por gritos de guerra da militância e cercada de polêmicas e constrangimentos, quando o juiz da 4ª Vara Federal Itagiba Catta Preta concedeu liminar atendendo uma ação popular e definiu que Lula não pode ocupar o cargo.

A decisão foi cassada pelo Tribunal Regional Federal do Distrito Federal no início da noite, mas o petista permaneceu impedido por outra canetada, da juíza da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro Regina Coeli Formisano.

As duas ações abriram a guerra jurídica que o Palácio do Planalto terá de travar para garantir o foro privilegiado a Lula. A decisão deve ficar com o Supremo Tribunal Federal (STF), que recebeu pelo menos dez contestações à posse do ex-presidente. Dessas, 6 serão analisadas pelo ministro Gilmar Mendes.

Wilma será liderada do deputado saco preto

Saco preto é o tucano mor

A ex-governadora Wilma de Faria deverá consolidar sua filiação no PSDB hoje (18), às 17 horas.

Sua filha deputada Márcia Maia também vai virar tucana.

O PSDB liderado pelo deputado saco preto Rogério Marinho foi o partido que mais cresceu no RN, recentemente recebeu o deputado estadual José Dias, o presidente da Assembleia Ezequiel Ferreira, deputados Gustavo da Ponte e Raimundo Fernandes.

 

 

Juiz que suspendeu posse de Lula foi a ato anti-Dilma, mas nega conflito

O juiz Itagiba Catta Preta Neto, que suspendeu a posse de Lula, postou foto durante protesto que pedia o impeachment de Dilma
O juiz Itagiba Catta Preta Neto, que suspendeu a posse de Lula, postou foto durante protesto que pedia o impeachment de Dilma

O juiz federal Itagiba Catta Preta Neto,que concedeu liminar que suspende a nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil, afirmou que foi a protesto contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Ele disse, no entanto, que não vê “conflito”. O juiz concedeu entrevista na tarde desta quinta-feira (17) à rádio BandNews FM.

“Participei sim”, respondeu Neto ao ser questionado se teria participado de algum ato anti-Dilma. Ele declarou que foi motivado pela “indignação contra a corrupção”.

Perguntado se poderia haver conflito de interesses, ele foi direto: “não há conflito”. “Qualquer juiz, qualquer ser humano sempre vai ter uma influência, vai agir de acordo com suas convicções políticas, religiosas, familiares. Quem julga não é uma máquina, é um ser humano”, declarou.

“Uma coisa é minha atuação como cidadão e, como cidadão, tenho uma postura contra a corrupção. Outra coisa é meu trabalho como juiz, onde minhas decisões precisam ser técnicas. Não há nenhum constrangimento [em participar das manifestações]”, afirmou o juiz ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

“O juiz não é surdo nem cego ao que está acontecendo em todo o país. Mas o que levou à decisão é o que está no processo”, esclareceu. Neto entendeu que há indícios de crime de responsabilidade na nomeação de Lula porque ela teria o objetivo de garantir foro privilegiado ao ex-presidente que é investigado pela Operação Lava Jato e pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
O juiz Itagiba Catta Pretta Neto disse que seu post no Facebook sugerindo Lula para o Ministério da Justiça era uma brincadeira

“Foi uma brincadeira”

Após a decisão tomada pelo juiz, começaram a circular nas redes sociais reproduções de fotos dele participando de ato contra Dilma e postagens críticas ao governo federal. A reportagem do UOL tentou acessar os perfis dele nas redes, mas estavam bloqueados.

Uma das reproduções mostra a publicação do juiz datada de 9 de março, com a foto de Lula e o comentário: “O Lula vai ser ministro da Justiça. Esculhamba de vez”.

Questionado sobre isso, o juiz afirmou: “Essa postagem foi uma brincadeira, uma piada que coloquei, que eu espero que não seja levada a sério”.

O suicídio da Lava Jato

Por Vladimir Safatle *

vladimir safatleO juiz Sérgio Moro conseguiu o inacreditável: tornar-se tão indefensável quanto aqueles que ele procura julgar. Contrariamente ao que muito defenderam nos últimos dias, suas últimas ações são simplesmente uma afronta a qualquer ideia mínima de Estado democrático. Não se luta contra bandidos utilizando atos de banditismo.

A divulgação das conversas de Lula com seu advogado constitui uma quebra de sigilo e um crime grave em qualquer parte do mundo. Não há absolutamente nada que justifique o desrespeito à inviolabilidade da comunicação entre cliente e advogado, independente de quem seja o cliente. Ainda mais absurdo é a divulgação de um grampo envolvendo a presidente da República por um juiz de primeira instância tendo em vista simplesmente o acirramento de uma crise política.

Alguns acham que os fins justificam os meios. No entanto, há de se lembrar que quem se serve de meios espúrios destrói a correção dos fins.

Pois deveríamos começar por nos perguntar que país será este no qual um juiz de primeira instância acredita ter o direito de divulgar à imprensa nacional a gravação de uma conversa da presidente da República na qual, é sempre bom lembrar, não há nada que possa ser considerado ilegal ou criminoso.

Afinal, o argumento de obstrução de Justiça não para em pé. Dilma tem o direito de nomear quem quiser e Lula não é réu em processo algum. Se as provas contra ele se mostrarem substanciais, Lula será julgado pelo mesmo tribunal que colocou vários membros de seu partido, de maneira merecida, na cadeia, como foi no caso do mensalão.

Lembremos que “obstrução de Justiça” é uma situação na qual o indivíduo, de má-fé e intencionalmente, coloca obstáculos à ação da Justiça para inibir o cumprimento de uma ordem judicial ou diligência policial. Nomear alguém ministro, levando-o a ser julgado pelo STF, só pode ser “obstrução” se entendermos que o Supremo Tribunal não faz parte da “Justiça”.

A fragilidade do argumento é patente, assim como é frágil a intenção de usar um grampo ilegal cuja interpretação fornecida pelo sr. Moro é, no mínimo, passível de questionamento.

Na verdade, há muitas pessoas no país que temem que o sr. Moro tenha deixado sua função de juiz responsável pela condução de processo sobre as relações incestuosas entre a classe política e as mega construtoras para se tornar um mero incitador da derrubada de um governo.

A Operação Lava Jato já tinha sido criticada não por aqueles que temiam sua extensão, mas por aqueles que queriam vê-la ir mais longe. Há tempos, ela mais parece uma operação mãos limpas maneta.

Mesmo com denúncias se avolumando, uma parte da classe política até agora sempre passa ilesa. Não há “vazamentos” contra a oposição, embora todos soubessem de nomes e esquemas ligados ao governo FHC e a seu partido. Só agora eles começaram a aparecer, como Aécio Neves e Pedro Malan.

Reitero o que escrevi nesta mesma coluna, na semana passada: não devemos ter solidariedade alguma com um governo envolvido até o pescoço em casos de corrupção. Mas não se trata aqui de solidariedade a governos. Trata-se de recusar naturalizar práticas espúrias, que não seriam aceitas em nenhum Estado minimamente democrático.

Não quero viver em um país que permite a um juiz se sentir autorizado a desrespeitar os direitos elementares de seus cidadãos por ter sido incitado por um circo midiático composto de revistas e jornais que apoiaram, até o fim, ditaduras e por canais de televisão que pagaram salários fictícios para ex-amantes de presidentes da República a fim de protegê-los de escândalos.

O Ministério Público ganhou independência em relação ao poder executivo e legislativo, mas parece que ganhou também uma dependência viciosa em relação aos humores peculiares e à moralidade seletiva de setores hegemônicos da imprensa.

Passam-se os dias e fica cada dia mais claro que a comoção criada pela Lava Jato tem como alvo único o governo federal.

Por isso, é muito provável que, derrubado o governo e posto Lula na cadeia, a Lava Jato sumirá paulatinamente do noticiário, a imprensa será só sorrisos para os dias vindouros, o dólar cairá, a bolsa subirá e voltarão ao comando os mesmos corruptos de sempre, já que eles foram poupados de maneira sistemática durante toda a fase quente da operação.

O que poderia ter sido a exposição de como a democracia brasileira só funcionou até agora sob corrupção, precisando ser radicalmente mudada, terá sido apenas uma farsa grotesca.

* É professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo). Escreve às sextas na Folha de São Paulo

Folha de São Paulo: Moro constrói caminho contra Estado de Direito, dizem juristas na USP

Juristas criticaram, ontem, quinta (17) na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, em São Paulo, a condução das investigações da Operação Lava Jato, o juiz Sergio Moro e o que afirmam ser a “pavimentação de um caminho para o fim do Estado democrático de Direito” no Brasil.

Centenas de pessoas lotaram o Salão Nobre da faculdade, onde em alguns momentos gritavam “Moro na cadeia” em meio às críticas de advogados contra o juiz federal de Curitiba.

A mídia também foi um dos principais alvos do ato chamado “Manifesto pela Legalidade e pela Democracia”, que criticou a “espetacularização do processo penal promovida pelos meios de comunicação”.

O professor de direito penal da Universidade de São Paulo Sérgio Salomão Schecaira afirmou que Moro deveria “ser preso” pela quebra do sigilo telefônico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que o juiz federal faz “uso seletivo”, na mídia, das informações da Lava Jato para reforçar “um golpe que está em curso”.

Para Marcelo Semer, da Associação Juízes para a Democracia, “há um estado policial que está desalojando o Estado democrático de Direito no país”. Ele criticou o que chamou de “novas formas de prisão”, com o uso de prisões preventivas para obter delações premiadas de suspeitos de crimes.

Disse ainda que “há conversas que estão sendo publicizadas por motivos políticos”. “Nós não deveríamos estar ouvindo essas conversas. E desta vez não é preciso apurar quem as vazou”, disse, em referência ao juiz Moro.

Em sua fala, o jurista Fábio Konder Comparato também acusou a mídia de estar favorecendo o atual clima contra o Estado democrático de Direito no país, repetindo o que já havia dito na quarta-feira (16) em evento de desagravo ao PT realizado na PUC-SP.

Além de lotarem o principal salão da faculdade, dezenas de manifestantes se concentraram no lado de fora, no Largo São Francisco, em apoio ao PT, à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula.

Deputado do PSD vai presidir comissão do impeachment

Placar: 62 votos a 3. Jovair Arantes, aliado de Cunha, será relator do processo. Sob protestos, três vice-presidentes também assumem: Carlos Sampaio, Maurício Quintella Lessa e Fernando Coelho Filho

 

Na primeira reunião da comissão especial que vai analisar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff por crime de responsabilidade, realizada na noite desta quinta-feira (17), foram aprovados, por 62 votos favoráveis e 3 abstenções, os nomes dos parlamentares que vão coordenar o colegiado. A votação estabeleceu o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), como presidente da comissão. A relatoria do processo de impeachment foi destinada ao líder do PTB na Casa, Jovair Arantes (GO), um dos principais aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em outubro do ano passado, já iniciado o processo de cassação do mandato de Cunha no Conselho de Ética, Jovair chegou a dizer que está com o peemedebista “até debaixo d’água”.

Tão logo teve sua escolha formalizada pelo colegiado, Rosso afirmou que desempenhará suas funções “com serenidade, preservando o direito de todos os envolvidos no processo”, e ponderou junto aos pares: “O momento é muito grave, mas a cautela e o cuidado devem ser a palavra de ordem”.

Um ponto que gerou controvérsia no início da reunião foi a indicação de três vice-presidentes para formar a Mesa Diretora do colegiao. Deputados da base governista ameaçaram acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a sugestão dos nomes de Carlos Sampaio (PSDB-SP), Maurício Quintella Lessa (PR-AL) e Fernando Coelho Filho (PSB-PE), três parlamentares oposicionistas. Entretanto, ao direcionar os votos das bancadas, os líderes do PCdoB, Jandira Feghali (RJ), e do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), apoiaram a chapa única apresentada em conjunto por líderes de 13 partidos (PP, PR, PTB, PSD, PSC, PHS, PSB, PSDB, DEM, PPS, PV e SD).

Durante as ponderações, deputados do Psol questionaram a escolha da chapa única e afirmaram não ter participado da decisão sobre os nomes que ocupariam a coordenação. Além disso, ao falar pelo partido, Chico Alencar (RJ) reclamou da participação de Cunha na reunião que determinou os detalhes do funcionamento da comissão, e pediu que os parlamentares da legenda seguissem pela abstenção da matéria. Em seu discurso, Chico avaliou o processo de impeachment como “ato constitucional mais grave da ordem republicana”.

Já  líder petista Afonso Florence pediu serenidade e independência para a comissão especial poder votar com consciência pela rejeição do processo. O parlamentar baiano enfatizou que o PT se sente “bastante representado” pelo presidente Rogério Rosso e pelo relator do colegiado, Jovair Arantes.

O deputado Moroni Torgan (DEM-CE) discursou pela validação do afastamento da presidente, e afirmou que “o país melhorou muito após o impeachment de 1992″, em referência ao processo que cassou o mandato do ex-presidente Fernando Collor.

O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), disse confiar na chapa. “Sei que vai fazer um trabalho a altura das expectativas da população brasileira. As intervenções dos deputados do PT e do PCdoB, insatisfeitos com a chapa, só revelam a preocupação deles com as escolhas proferidas pelo atual governo”, enfatizou.

Já o líder do PR, deputado Maurício Quintella Lessa (AL), alegou que este é um momento delicado para o país. “É a segunda vez que o Congresso enfrenta um processo tão grave”, disse. O parlamentar acrescentou ainda que o acordo construído pela ampla maioria da Casa em relação aos nomes propostos para a configuração da Mesa Diretora da comissão especial teve “objetivo claro”. “Queremos começar os trabalhos em clima propício”, avaliou.

A presidente Dilma Rousseff foi notificada no início da noite de hoje (quinta, 17) sobre a instalação da comissão especial. A partir de agora, Dilma terá o prazo de dez sessões do colegiado para, então, apresentar a defesa contra as denúncias de crime de responsabilidade.

Depois de problemas técnicos com o sistema de som da Câmara dos Deputados, a sessão da comissão especial de impeachment precisou ser encerrada.