MARIANA CARNEIRO
DAVID FRIEDLANDER
DE SÃO PAULO
Armínio Fraga e Henrique Meirelles são os nomes preferidos para o Ministério da Fazenda caso a presidente Dilma Rousseff sofra impeachment e o vice, Michel Temer, assuma o cargo.
A Folha apurou que, embora negue publicamente, o grupo de aliados de Temer avalia os nomes para ocupar a área econômica, sensível no atual quadro de recessão.
A ideia, por enquanto um rascunho, é ter no posto um nome com prestígio entre investidores do mercado financeiro e empresários. Isso ajudaria ainda ogoverno de transição a vender-se como produto de consenso de vários partidos –Armínio é ligado ao PSDB; Meirelles foi presidente do Banco Central de Luiz Inácio Lula da Silva.
A ressalva é que o futuro ministro não pode ser ninguém com pretensões de ser candidato em 2018.
Essa ambição atrairia adversários políticos, pondo em risco o resgate econômico. Também não seria desejável para os aliados de Temer, para quem a retomada seria um trunfo nas próximas eleições.
Embora Armínio tenha elogiado publicamente o “Plano Temer”, apelido dado ao programa “Ponte para o Futuro”, apresentado pelo PMDB em novembro do ano passado, ele disse em entrevista à Folha que não aceitaria um convite do governo de transição.
Recentemente, o economista teve conversas com emissários de Temer, mas se mostrou reticente. “Armínio só não assume se não quiser”, diz uma pessoa próxima ao vice, que pediu anonimato.
Meirelles não foi sondado, mas sabe que seu nome já está sendo cogitado.
Outro nome próximo do vice, o senador José Serra (PSDB-SP), também economista, seria o preferido para a Saúde num eventual governo Temer. O Ministério do Planejamento também poderia abrigar o tucano.
Colaboradores dizem que, se realmente assumir, Temer daria velocidade a propostas de reforma da Previdência, tributária e trabalhista.
O ex-ministro Delfim Netto, um dos principais conselheiros do vice, diz que o plano econômico de Temer reúne a opinião de economistas de diferentes partidos.
“O programa representa mais ou menos um consenso entre as pessoas que têm bom senso”, disse Delfim. “É o programa de um liberal.”
Ele afirma que participou pouco da elaboração do documento, mas o apoia.
“Tanto o Temer 1 quanto o 2”, acrescentou.
PROGRAMA TEMER 2
O segundo programa, focado na área social, deverá ser divulgado na próxima semana, quando o PMDB prepara sua festa de 50 anos.
O texto ainda está em fase de finalização e circula entre economistas e conselheiros de Moreira Franco, político do PMDB que pilota a confecção dos programas econômicos do vice-presidente.
Em linhas gerais, o documento dirá que, para distribuir renda, é preciso retomar o crescimento. Deverá propor ainda que o governo concentre suas ações na parcela mais pobre da população, adotando “não políticas paternalistas, mas inclusivas”.
Alguns dos que leram o programa disseram à Folha que o Temer 2 é “menos ambicioso” e carece de propostas, diferente do “Ponte para o Futuro”. “É um programa do PMDB”, limitou-se Delfim.