Arquivo diários:16/06/2019

“PODER CONTINGENTE” “Combate à corrupção que desrespeita direitos fundamentais destrói democracia”

Por Pedro Canário

“Se o combate à corrupção destrói direitos fundamentais, não combatemos a corrupção, destruímos a democracia”, diz o professor Juarez Tavares. Advogado, ex-procurador da República e titular de Direito Penal da Uerj, ele analisa que o Judiciário brasileiro, “punitivista por excelência”, desrespeita direitos fundamentais em nome de soluções simbólicas, como se o Direito Penal fosse capaz de melhorar a sociedade.

Na opinião de Tavares, o Executivo se acostumou a empurrar para o Judiciário os efeitos de sua “incompetência administrativa” com o argumento de que punições severas ajudarão a resolver o problema. E os tribunais aprenderam a se deixar convencer por esse tipo de “argumento falacioso”, afirma, em entrevista à ConJur.

O professor concorda com a tese do colega Raúl Zaffaroni de que o Judiciário integra uma espécie de “agência penal” para jogar no mesmo time que o Ministério Público. Tudo isso em desfavor do réu – ou, melhor dizendo, do cidadão.

Mas ele não acredita que essa seja uma característica isolada do Judiciário. É um poder fruto da sociedade em que está inserido. “A sociedade brasileira é autoritária. É uma sociedade formada por 350 anos de escravidão, 350 anos em que se conformaram a obter tudo do outro sem nada em troca”, diz.

Juarez Tavares é pós-doutor em Direito pela Universidade de Frankfurt am Main, na Alemanha. Lá estudou com sua grande referência acadêmica, e amigo íntimo, Winifried Hassemer, que foi juiz do Tribunal Federal Constitucional da Alemanha.

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Advogados dizem que nunca tiveram telefone ou abertura para pedir audiências a Moro

Oito advogados que atuaram em dezenas de casos relevantes para a força-tarefa da Lava Jato de Curitiba relatam um modelo de relação com o ex-juiz Sergio Moro muito diferente do que aparece nas mensagens entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, segundo o The Intercept.

Nenhum desses defensores jamais teve o telefone do então magistrado —por óbvio, tampouco trocou mensagens com ele. Despachos só previamente agendados por escrito com a Secretaria da 13ª Vara.

O Painel consultou advogados de renome, ligados a réus ou delatores, com significativa atuação na 13ª Vara. A coluna fez a eles as mesmas perguntas, sob garantia de anonimato —há casos ainda pendentes.

Um dos ouvidos fez defesa da atuação de Moro. Disse que manteve por anos relação impessoal com o ex-juiz e que considerava o trabalho dele sério. No fim, emendou: “Agora, que houve erro na condução da Lava Jato, houve”.

Painel/Folha de S.Paulo

Juiz Bretas debate separação de Poderes no Twitter e cita passagem da Bíblia

Fábio Grellet

O juiz federal Marcelo Bretas, que atua na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro e é responsável pelos processos decorrentes da Operação Lava Jato no Estado, publicou na tarde deste sábado (15) mensagem no Twitter na qual debate a teoria da separação de Poderes.

“A teoria da separação dos poderes foi mesmo idealizada por Montesquieu? Veja o que o profeta Isaías escrevera aprox. 2.500 anos antes dele (por volta de 750 AC): ‘Porque o Senhor é o nosso juiz; o Senhor é o nosso legislador; o Senhor é o nosso rei; ele nos salvará.’ (Isaías 33:22)”, escreveu o magistrado.

A mensagem foi escrita em meio à discussão sobre a conduta do ex-juiz federal e atual ministro da Justiça Sergio Moro, que, segundo áudios atribuídos a ele pelo site The Intercept Brasil, teria auxiliado o Ministério Público Federal na função de acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro processo em que o petista acabou condenado, por decisão do próprio Moro. O ministro teria agido, segundo o site, como auxiliar da acusação e juiz nesse processo.

Bretas já havia se manifestado sobre os supostos diálogos entre Moro e procuradores da República divulgados pelo Intercept no último dia 9, quando escreveu: “Não se deve descartar a real possibilidade de serem forjados diálogos, criando #fakenews. Criminosos não têm ética”.

Estadão

“Só confio 100% em meus pais”, diz Bolsonaro sobre Moro

Após elogiar a atuação do ex-juiz no combate à corrupção, presidente deixou dúvidas se tem plena confiança no ministro da Justiça
Camila Turtelli

Um dia após novos vazamentos de conversas do ministro da Justiça, Sergio Moro, reveladas pelo The Intercept Brasil, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que o ex-juiz foi responsável por “por buscar uma inflexão na questão da corrupção”.

Bolsonaro e Moro em cerimônia na Marinha 11, 2019. REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro e Moro em cerimônia na Marinha 11, 2019. REUTERS/Adriano Machado

Foto: Reuters

“O Moro foi responsável, não por botar um ponto final, mas por buscar uma inflexão na questão da corrupção e mais importante: livrou o Brasil de mergulhar em uma situação semelhante à da Venezuela”, afirmou o presidente nesta sexta-feira, 15.

Questionado se confia no ministro, ele disse que sim, mas que confiar 100%, “só em pai e mãe”. “Eu não sei das particularidades da vida do Moro. Eu não frequento a casa dele. Ele não frequenta a minha casa por questão até de local onde moram nossas famílias. Mas mesmo assim, meu pai dizia para mim: confie 100% só em mim e na mãe”, disse.

Bolsonaro afirmou ainda que muita gente se surpreendeu com a demissão do general Santos Cruz de seu governo nesta semana. “Isso pode acontecer. Muitas vezes, você se surpreende com a separação de um casal: ‘Mas viviam tão bem!’. Mas a gente nunca sabe qual a razão daquilo. E é bom não saber. Que cada um seja feliz da sua maneira”, afirmou.

Policiais e bombeiros param as atividades nesta segunda-feira (17)

Em mais um encontro, o Governo do Estado não apresentou propostas concretas em relação à atualização do salário dos policiais e bombeiros militares do RN. A reunião aconteceu nesta sexta-feira (14) entre os representantes dos militares e os secretários de Planejamento e Finanças, e de Administração.

Dessa forma, a mobilização marcada para esta segunda-feira (17) está confirmada. No dia, os militares estaduais se apresentarão às 8h em frente à Governadoria.

De acordo com o subtenente Eliabe Marques, presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares do RN (ASSPMBMRN), “tentamos de todas as formas, porém o Governo continua resistindo com a alegação da crise fiscal, mas que só existe para alguns setores”, expõe.

O déficit salarial dos militares atualmente chega a 60,48% e a categoria não recebe ao menos a reposição inflacionária há cinco anos, argumenta o presidente. Além disto, os militares do RN possuem o pior salário inicial da Federação, na carreira policial, e, ainda, o pior salário entre as demais forças de segurança do RN.

Decisão em Assembleia

No dia 31 de maio, os militares estaduais deliberaram por unanimidade a interrupção das atividades a partir na segunda-feira (17). A decisão foi tomada em Assembleia Geral Unificada com a presença de praças e oficiais. A deliberação acompanhou o que foi aprovado em assembleias realizadas no interior do estado, com militares das regiões de Nova Cruz, Currais Novos, Caicó, Pau dos Ferros, Mossoró e Santa Cruz.

MEC faz propaganda com jovem negra de mão branca e é acusada de racismo

Uma peça de propaganda do Ministério da Educação sobre o Prouni foi denunciada por racismo na internet. Uma jovem negra aparece segurando o diploma, mas a mão que segura o canudo é branca.

A propaganda foi compartilhada nas redes sociais para divulgar o último dia de inscrições para concorrer a bolsas que dão 50% ou 100% para cursos de uma instituição privada. Para os internautas, a mensagem subliminar é retratar um aluno que entra na faculdade negro e sai branco quando diplomado.

Novas conversas revelam que Moro orientou Deltan a “ficar com 30%” de delação da Odebrecht

Novas conversas divulgadas pelo site “The Intercept Brasil” revelam que o ministro da Justiça, Sergio Moro, orientou o procurador Deltan Dallagnol a “ficar com 30%” da delação da empreiteira Odebrecht. As informações são do UOL.

A conversa aconteceu em 15 de dezembro de 2016, quando estavam prestes a serem concluídos os depoimentos de executivos da empreiteira. Deltan informou que 30% dos casos eram de crimes de corrupção, 30% de caixa dois e 40%, de uma “zona cinzenta” que precisava ser apurada. No que o então juiz disse que era “melhor ficar com os 30 por cento iniciais”. “Muitos inimigos e que transcendem a capacidade institucional do MP e Judiciário”, explicou Moro.

A assessoria do ministro disse ao UOL “que os acordos com os executivos da Odebrecht foram homologados pelo Supremo Tribunal Federal e a 13ª Vara Federal de Curitiba só recebeu depois do desmembramento dos termos promovido pelo STF.” Moro ainda disse não reconhecer a autenticidade das mensagens.

Estadão Conteúdo