O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR), informou nesta terça-feira, 25, que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, comparecerá ao colegiado na próxima terça-feira, 2, às 14h. Ele deverá prestar esclarecimentos sobre as supostas conversas com procuradores da força-tarefa da Lava Jato reveladas pelo site The Intercept Brasil.
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De acordo com Francischini, a comissão deverá votar nesta quarta-feira, 26, o requerimento de convite que será apresentado pelo deputado Darcísio Perondi (MDB-RS) e a ida do ministro está combinada com sua assessoria.
Moro deveria comparecer ao colegiado nesta quarta, mas no fim de semana avisou que estaria em viagem aos Estados Unidos na mesma data. O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) protocolou nesta terça um requerimento de informações para que o ministro explique os motivos de sua viagem.
O ex-juiz Sergio Moro tratava a defesa com formalidade e prestigiava os acusadores, defendeu Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente Lula, em sustentação oral, em julgamento nesta terça-feira (25), na 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal.
“As violações são públicas e notórias, que vão desde o cerceamento do direito à prova, ao indeferimento contínuo de todo e qualquer requerimento da defesa. E hoje sabemos que a defesa era meramente tratada de maneira formal. Porque os prestigiados eram os acusadores, desde o início do processo”, afirmou.
“Sabemos hoje que houve intenso debate, não nos autos, mas em outro lugar. Só mostra que a acusação era descabida e reforça a prova de inocência da defesa”, disse Zanin se referindo às conversas expostas pelo site The Intercept Brasil entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol.
Segundo Zanin, Moro atuou contra a Constituição Federal. “Ele sempre revelou interesse na condução do processo e no seu desfecho. Por vários motivos: por ter grampeado o ramal central do escritório para monitorar a estratégia de defesa do ex-presidente, por ter determinado medidas espetaculares, como condução coercitiva e por ter extrapolado suas atribuições para impedir que o petista fosse solto”, diz.
Zanin lembra que Lula está preso há 440 dias. “Foram tantos fatos que demonstram a falta de imparcialidade do ex-juiz, que chegou a falar que o ex-presidente deveria apodrecer na cadeia”, afirma.
Caso sobre Moro será julgado ainda nesta terça-feira
A maioria da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na tarde desta terça-feira rejeitar um dos dois pedidos de liberdade apresentados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os ministros apreciaram, primeiro, um habeas corpus contra decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Felix Fischer que tinha rejeitado um pedido para absolver o ex-presidente no processo do triplex do Guarujá (SP). Lula está preso desde o ano passado nesse caso.
O mais importante dos recursos a ser apreciado é o que se refere a uma suposta suspeição do ex-juiz da operação Lava Jato e ministro da Justiça, Sergio Moro. Os advogados do ex-presidente querem que o STF declare Moro parcial e que, como consequência, anule a condenação de Lula.
Esse caso será julgado nesta terça, a partir do voto vista do ministro Gilmar Mendes.
Ao rejeitar o primeiro pedido, a maioria do colegiado, seguindo o voto do relator, Edson Fachin, entendeu que não houve falta de fundamentação na decisão do ministro do STJ sobre o caso. “Não reconheço a invalidade do ato apontado como coator pelo alegado vício de fundamentação”, argumentou Fachin.
Os ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello e a presidente da turma, Cármen Lúcia, acompanharam o voto de Fachin. O ministro Ricardo Lewandowski foi o único que divergiu ao entender que houve garantias flagrantemente desrespeitadas pelo ministro do STJ, que não permitiu, na ocasião, a apreciação do caso de Lula. Ele queria que, ao menos, o processo do triplex fosse julgado novamente pelo STJ.
“No processo mais rumoroso do país o ministro do STJ subtrai o julgamento do Resp (recurso especial) de seus pares. Isso é inacreditável, inconcebível”, disse Lewandowski.
A análise dos dois recursos é uma reviravolta porque até a véspera havia sido retirado de pauta um dos recursos da defesa do ex-presidente.
No inicio da sessão da turma, o advogado Cristiano Zanin, da defesa de Lula, fez um pedido para que a turma analisasse os casos envolvendo o ex-presidente sob a alegação de que ele está preso. O colegiado aceitou e passou a discutir o tema.
Não há sistema de transmissão ao vivo para a TV Justiça nas salas que recebem os julgamentos das duas turmas do Supremo Tribunal Federal (STF). Somente as sessões do plenário da Corte têm estrutura para ao vivo. Nas turmas, há um sistema de televisão do próprio STF, mas não transmite na TV Justiça. Neste momento, o canal reprisa uma sessão antiga, do dia 13 de junho.
Os advogados contestavam uma decisão monocrática do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Félix Fischer, que manteve a condenação. No entanto, o próprio colegiado do STJ decidiu depois manter a condenação do ex-presidente, argumento principal usado pelos ministros hoje.
Votaram contra o recurso de Lula
Edson Fachin (relator do caso)
Gilmar Mendes
Celso de Mello
Cármen Lúcia (presidente da turma)
Votou favoravelmente ao recurso de Lula
Ricardo Lewandowski
Antes de os ministros votarem, o advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou que o petista foi julgado por um juiz “claramente suspeito” – em referência ao ex-juiz federal e atual ministro Sergio Moro(Justiça).
“Hoje, o que se tem é um quadro em que o paciente cumpre pena em regime de decisão antecipada, está preso há mais de 400 dias e vemos um cenário de manifesta violação ao estado de direito e garantias fundamentais e a decisão condenatória proferida por um juiz claramente suspeito, que foi o responsável por formular ou processar a ação que hoje desencadeia nessas duas ações”, disse o defensor.
Fachin: decisão “devidamente fundamentada”
Em seu voto, Fachin afirmou que a decisão do STJ que manteve a condenação do ex-presidente “foi devidamente fundamentada e afastou os pontos apresentados pela defesa”.
Ele também alegou que não houve nenhuma irregularidade em Fischer decidir monocraticamente, pois o regimento do STJ concede essa permissão ao relator dos casos.
Os argumentos de Fachin depois foram integralmente acompanhados por Celso de Mello e Cármen Lúcia.
Lewandowski: “ofensa cristalina” ao direito de defesa
Em sua vez, o ministro Ricardo Lewandowski divergiu do relator e votou para anular o julgamento do STJ que manteve a condenação de Lula. Para o ministro, houve “ofensa cristalina” ao direito de defesa do ex-presidente na decisão do tribunal, o que classificou como “inconcebível” e “inacreditável”.
“Essa ofensa está cristalina. Bem por isso, na primeira versão do meu voto em que eu atacava essa decisão, atacando a decisão do eminente ministro Edson Fachin, eu estaria dando habeas corpus de ofício para que a defesa fosse no mínimo ouvida. Afinal de contas, estamos num país democrático. No processo mais rumoroso do país, um ministro do STJ subtrai o exame do resp de seus pares. Isso é inacreditável. É inconcebível”, disse o ministro.
Gilmar: Fischer errou, mas “julgamento já se deu”
Gilmar Mendes, por sua vez, também criticou Félix Fischer, mas acompanhou o voto de Fachin e negou o HC. Ele afirmou que, ainda que Fischer tivesse, em tese, violado o direito de defesa de Lula, a decisão da 5ª turma – que manteve a condenação em colegiado – avaliou os pedidos feitos pelos advogados do ex-presidente.
“O fato é que esse julgamento já se deu [no STJ]. O tribunal se debruçou sobre todas aquelas questões, inclusive as questões preliminares levantadas, e deu provimento em parte ao recurso, fazendo uma nova dosimetria [reduzindo a pena]”, disse.
Outro HC julgado hoje
Encerrada a análise do recurso referente ao STJ, a 2ª turma iniciou o julgalmento de mais um habeas corpus de Lula, esse argumentando que a condenação pelo tríplex deve ser anulada porque Moro, segundo a defesa, foi parcial na condução do caso. Este processo teve no início do ano passado, com votos de Fachin e Cármen Lúcia contra o recurso do ex-presidente. Ainda restam as manifestações de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.
No início da sessão, Gilmar se manifestou para que Lula seja solto provisoriamente caso os julgamentos de seus habeas corpus não sejam finalizados hoje. A sugestão do ministro deverá ser colocada em votação entre os outros membros da 2ª turma.
Por Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil Brasília
Em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, editor do site jornalístico The Intercept Brasil, reiterou hoje (25) a autenticidade do material recebido de uma fonte anônima com supostas mensagens entre o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e membros da força-tarefa da Lava Jato entre os anos de 2015 e 2018.
Desde o início do mês, o The Intercept vem divulgando trechos de supostas conversas que Moro teria mantido com integrantes da força-tarefa da Lava Jato quando ainda era juiz da 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba, onde é julgada parte dos processos da Lava Jato.
Jornalista Glenn Greenwald participa de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara – Valter Campanato/Agência Brasil
O ministro tem afirmado que as mensagens veiculadas pela imprensa foram tiradas de contexto e podem ter sido adulteradas. Moro informou que usava o aplicativo de mensagens Telegram para “agilizar” os contatos com procuradores da força-tarefa da Lava Jato necessários à execução de procedimentos legais e que suas conversas não revelam nenhuma ilegalidade, tendo sido obtidas “criminosamente” por hackers que interceptaram as comunicações de autoridades.
Segundo Glenn Greenwald, o ministro não apontou até o momento qualquer material específico publicado em que possa ter ocorrido adulteração.
O The Intercept afirma ter recebido de uma fonte anônima um imenso arquivo contendo mensagens em texto e áudio. A equipe de jornalistas do site garante ter apurado a veracidade das informações. Para os jornalistas, as conversas indicam que Moro infringiu o código da magistratura ao ajudar os procuradores da República a instruírem o processo penal, sugerindo a ordem de deflagração de operações policiais da Lava Jato e indicando testemunhas a serem ouvidas pela acusação. O site diz que não revelará a origem das mensagens. A Constituição Federal reserva a todo jornalista o direito de não revelar suas fontes de informações.
Ontem (24), o ministro Sergio Moro anunciou que, devido a sua viagem aos Estados Unidos, não compareceria à audiência pública que as comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público e de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados tinham marcado para esta quarta-feira (26). O convite a Moro tinha o objetivo de obter esclarecimentos sobre as notícias que vêm sendo publicadas pelo site The Intercept Brasil, em parceria com o jornal Folha de S.Paulo e do programa O É Da Coisa, transmitido pela rádio BandNews FM.
Na semana passada, Moro passou mais de oito horas falando sobre o assunto aos membros da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O ministro disse várias vezes que não se recordava das mensagens, colocando em dúvida a autenticidade delas. Ele disse ainda não ter apego ao cargo e que, se que houver qualquer irregularidade comprovada, ele deixará a função.
Um documento assinado por 30 juízes federais solicita à Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) a suspensão cautelar do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, da entidade que representa a categoria no País.
O pedido, enviado à Ajufe foi feito com base na divulgação da troca de mensagens atribuídas a Moro e os procuradores da operação Lava Jato Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, na série de reportagens do site The Intercept Brasil.
Os juízes e juízas de várias partes do Brasil consideram o conteúdo dos vazamentos, caso venha ser confirmado, como sendo de “extrema gravidade”, uma vez que Moro “ainda integrava os quadros da magistratura federal” à época em que as conversas teriam ocorrido.
O documento ressalta que Moro “não negou a veracidade das comunicações divulgadas, tendo se limitado a afirmar que não vê anormalidade nas mensagens e que as conversas estão fora de contexto”. Tais condutas, afirmam os juízes, “são totalmente contrárias aos princípios éticos e às regras jurídicas que devem reger a atuação de um magistrado”.
“Quando um juiz atua de forma parcial, chegando ao ponto de confundir sua atuação com a do órgão acusador, a credibilidade do Poder Judiciário é posta em xeque”, disseram os juízes.
Os conteúdos das reportagens, se comprovados, “indicariam ofensa ao Estado Democrático de Direito, comprometimento da imparcialidade da jurisdição e fomento de descrédito do Poder Judiciário como um todo e da Justiça Federal”.
O grupo solicita a abertura de um processo administrativo disciplinar contra Moro, “com rigorosa observância do contraditório e da ampla defesa”. Caso seja confirmada alguma irregularidade, os juízes solicitam “a exclusão do quadro social da Ajufe do sócio benemérito Sergio Fernando Moro”. Eles pedem ainda que Moro seja excluído do grupo de discussão por e-mail dos magistrados, chamado de Lista Ajufe
Moro é sócio benemérito da Ajufe, que lhe concedeu esse título em outubro de 2018. A associação informou que vai analisar o pedido dos 30 juízes e juízas federais.
Analistas políticos garantem que as movimentações do deputado estadual coronel Azevedo para provocar paralisações da Polícia Militar vai prejudicar sua possível candidatura a prefeito de Natal.
Seu prestigio pode aumentar na tropa, mas será reduzido na sociedade. Ninguém apoia um político que contribui para tirar policiais militares da rua.