Arquivo diários:22/06/2020

Começou: revoltada, filha de Fabrício Queiroz diz que ele “é burro”

Nathália é a filha mais velha do ex-assessor de Flávio Bolsonaro e foi empregada no gabinete do presidente na Câmara
Caio Sartori

RIO – Apesar de não ter sido alvo da operação que prendeu Fabrício Queiroz, a filha mais velha do ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Nathália Melo de Queiroz, criticou o que considera erros do pai.

Em conversa com a mulher do pai em outubro do ano passado, a personal trainer, também investigada pelo Ministério Público do Rio, chamou Queiroz de “burro”. Também reclamou da insistência dele em se envolver com política, mesmo sendo o principal alvo – e símbolo – da investigação contra o ex-chefe na Assembleia Legislativa do Rio. As mensagens, via aplicativo de celular, foram descobertas pelo MP em quebras de sigilo e são parte da apuração.

A indignação expressa nas mensagens indica que Nathália, apesar dos indícios de que transferiu para o pai até 81% do que recebeu como assessora parlamentar, leva uma vida diferente da de seus pares. Personal trainer com mais de 11,6 mil seguidores no Instagram – a conta passou a ser fechada após as investigações -, Nathália posta imagens de natureza, selfies e fotos doando sangue que, volta e meia, recebem comentários de celebridades. Recentemente, figuras como Dany Bananinha e o ator Thiago Gagliasso passaram por lá.

Mesmo reclamando do modo como o pai insistia em permanecer ativo na política, a ex-assessora apontada como ‘fantasma’ pelo MP não deixa de dar suas opiniões para os seguidores. No início deste mês, na esteira da onda de imagens com a bandeira “antifascista” nas redes sociais, autodenominou-se uma “professora antifascista”. Muito do movimento tinha como objetivo criticar o presidente Jair Bolsonaro, cuja família empregou Queiroz e seus parentes por anos.

A atuação de Nathália como personal trainer de celebridades – Bruna Marquezine e Bruno Gagliasso, por exemplo – ajudou a chamar atenção para o fato de ela ser “fantasma”. Isso porque fotos da professora com os clientes famosos eram publicadas no Rio de Janeiro, enquanto seu nome estava registrado como assessora do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília. Ela não aparecia na capital federal.

Nathália é tida como a mais articulada da família. Acaba sendo a responsável por lidar, por exemplo, com os advogados do caso. Seu nome também aparece nas investigações, por repasses que fez ao pai, mas, por não estar sob suspeita de obstrução de Justiça, não foi alvo de nenhuma medida cautelar na atual fase investigação. Até agora, passou por um mandado de busca e apreensão e teve os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados.

Cotidiano. Sabe-se que Nathália está cansada de toda a investigação, que fez com que ela perdesse clientes e mudasse a rotina. Queria poder retomar o estilo de vida que mantinha até ser citada constantemente no noticiário. Mas os desdobramentos do Caso Queiroz, cada vez mais próximo ao Palácio do Planalto, não deixam.

Enquanto a mulher de Queiroz Márcia Oliveira Aguiar, com prisão decretada e considerada foragida pelo MP – e outras pessoas próximas a ele mantinham conversas que indicavam um esquema para protegê-lo e mantê-lo escondido, Nathália só é citada no documento recente do MP quando resolve elencar os problemas do pai.

Ao encaminhar para Márcia, que não é sua mãe, uma reportagem do jornal O Globo que mostrava um áudio de Queiroz falando sobre cargos em Brasília, em outubro do ano passado, Nathália escreveu: “Meu pai não se cansa de ser burro, né?”

Márcia respondeu: “Cara, é foda! Não sei, cara, quando é que teu pai vai aprender a fechar o caralho da boca dele? Eu tô cansada!”

As conversas não pararam por aí. Nathália, inconformada com a suposta burrice do pai, voltou a mandar uma longa mensagem para a mulher dele, que não é sua mãe.

Cotidiano. Sabe-se que Nathália está cansada de toda a investigação, que fez com que ela perdesse clientes e mudasse a rotina. Queria poder retomar o estilo de vida que mantinha até ser citada constantemente no noticiário. Mas os desdobramentos do Caso Queiroz, cada vez mais próximo ao Palácio do Planalto, não deixam.

Enquanto a mulher de Queiroz Márcia Oliveira Aguiar, com prisão decretada e considerada foragida pelo MP – e outras pessoas próximas a ele mantinham conversas que indicavam um esquema para protegê-lo e mantê-lo escondido, Nathália só é citada no documento recente do MP quando resolve elencar os problemas do pai.

Mesmo reclamando do modo como o pai insistia em permanecer ativo na política, a ex-assessora apontada como ‘fantasma’ pelo MP não deixa de dar suas opiniões para os seguidores. No início deste mês, na esteira da onda de imagens com a bandeira “antifascista” nas redes sociais, autodenominou-se uma “professora antifascista”. Muito do movimento tinha como objetivo criticar o presidente Jair Bolsonaro, cuja família empregou Queiroz e seus parentes por anos.

A atuação de Nathália como personal trainer de celebridades – Bruna Marquezine e Bruno Gagliasso, por exemplo – ajudou a chamar atenção para o fato de ela ser “fantasma”. Isso porque fotos da professora com os clientes famosos eram publicadas no Rio de Janeiro, enquanto seu nome estava registrado como assessora do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília. Ela não aparecia na capital federal.

A indignação expressa nas mensagens indica que Nathália, apesar dos indícios de que transferiu para o pai até 81% do que recebeu como assessora parlamentar, leva uma vida diferente da de seus pares. Personal trainer com mais de 11,6 mil seguidores no Instagram – a conta passou a ser fechada após as investigações -, Nathália posta imagens de natureza, selfies e fotos doando sangue que, volta e meia, recebem comentários de celebridades. Recentemente, figuras como Dany Bananinha e o ator Thiago Gagliasso passaram por lá.

Nathália é tida como a mais articulada da família. Acaba sendo a responsável por lidar, por exemplo, com os advogados do caso. Seu nome também aparece nas investigações, por repasses que fez ao pai, mas, por não estar sob suspeita de obstrução de Justiça, não foi alvo de nenhuma medida cautelar na atual fase investigação. Até agora, passou por um mandado de busca e apreensão e teve os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados.

Ao encaminhar para Márcia, que não é sua mãe, uma reportagem do jornal O Globo que mostrava um áudio de Queiroz falando sobre cargos em Brasília, em outubro do ano passado, Nathália escreveu: “Meu pai não se cansa de ser burro, né?”

Márcia respondeu: “Cara, é foda! Não sei, cara, quando é que teu pai vai aprender a fechar o caralho da boca dele? Eu tô cansada!”

As conversas não pararam por aí. Nathália, inconformada com a suposta burrice do pai, voltou a mandar uma longa mensagem para a mulher dele, que não é sua mãe.

Márcia, eu vou te falar. De coração. Eu não consigo mais ter pena do meu pai, porque ele não aprende. Meu pai é burro! Meu pai é burro! Ele não ouve. Ele não faz as coisas que tem que fazer. Ele continua falando de política. Ele continua se achando o cara da política.”

Nathalia diz ainda que, sempre que o encontra, Queiroz insiste em falar em política, em nomeações. “Quando tá tudo quietinho. Tudo quietinho. Aí vem uma bomba. E vem a bomba vindo do meu pai, né?”

O Estadão procurou Nathália por diferentes meios, mas ela não respondeu.

STF e Forças Armadas abrem diálogo em busca de pacificação

Desgaste do ministro da Defesa fez o Supremo buscar interlocução com Exército; comandantes tentam ficar distantes de radicalização
Tânia Monteiro

BRASÍLIA – Na manhã de 10 de junho, uma quarta-feira, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se encontrou com o general Edson Leal Pujol, comandante do Exército, no quarto andar do principal prédio do Setor Militar Urbano. Em plena crise entre o Palácio do Planalto e o Judiciário, Gilmar pretendia medir a temperatura no Quartel General. O encontro evidenciou o afastamento do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, da interlocução entre os poderes.

Gilmar indicou que o Supremo não tem intenção de interromper o mandato de Bolsonaro. Observou, ainda, que muitas avaliações sobre o comportamento dos magistrados não passam de “teorias conspiratórias”. Nas palavras do ministro, a preocupação na Corte é com o “telefone sem fio”, uma série de mensagens “dúbias” de Bolsonaro em relação à democracia, e também com a insistência dele em sugerir que as Forças Armadas estariam com o governo numa possível ruptura institucional. Pelo Twitter, o próprio Gilmar afirmou que “Exército não é milícia”. Além disso, a ideia de que os militares podem fechar o STF e o Congresso foi classificada pelo magistrado como “incompatível” com a Constituição de 1988.

Pujol mais ouviu do que falou naquele encontro, conforme apurou o Estadão. Gilmar encontrou ali um general econômico nas palavras, mas que deu a entender a existência de um mal estar nas Forças Armadas com posições de ministros da Corte em relação ao Planalto, possivelmente numa referência a ações de Celso de Mello e Alexandre de Moraes.
A conversa entre o ministro e o general também girou em torno de missões militares de logística e apoio ao combate à pandemia do coronavírus e da Operação Verde Brasil, de repressão ao desmatamento na Amazônia.

O comandante do Exército se mantém calado ao longo da sucessão de crises, voltado às responsabilidades da área. No encontro com Gilmar, sinalizou que não aceita nem mesmo o papel de interlocutor político da caserna ou do governo com o Judiciário, que era do ministro da Defesa. O posto está vago.

O general Fernando Azevedo e Silva, que já foi assessor do atual presidente da Corte, Dias Toffoli, perdeu espaço na interlocução depois de emitir três notas para explicar atos e declarações de Bolsonaro e sobrevoar com ele, num helicóptero, uma manifestação antidemocrática na Esplanada.

Mesmo com a recusa em ocupar o posto de Azevedo e Silva, Pujol recebe pedidos de encontros. Do lado do governo não faltam convites. Bolsonaro tem insistido em aparecer ao lado dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Foram três reuniões oficiais desde abril, um recorde da Presidência, fora as que não estão previstas na agenda. Na última quarta-feira, por exemplo, Bolsonaro chamou Pujol para assistir à cerimônia de arriamento da bandeira, no Palácio da Alvorada. Com esses gestos, o presidente procura mostrar que as três forças estão ao seu lado. Assim, alimenta um discurso caro aos apoiadores extremistas, insinuando que poderia haver um golpe militar em andamento, mesmo sem uma sinalização direta sobre isso.

Villas Bôas

Quando assumiu a pasta da Defesa, em janeiro de 2019, Azevedo e Silva avisou aos comandantes militares que tinha a prerrogativa de fazer manifestações políticas. Argumentou que estava num posto com essa característica. Diante disso, a exemplo de Pujol, o almirante Ilques Barbosa, da Marinha, e o brigadeiro Antônio Carlos Bermudez, da Aeronáutica, evitam exposições nas mídias sociais e se mantêm quietos, focados nas ações de suas áreas.

Em 2018, às vésperas do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou no Twitter que repudiava “a impunidade” e que a força estava “atenta às suas missões institucionais”, sem explicar o que pretendia dizer com aquela expressão. Hoje, Villas Bôas, na reserva, tem um “exército” de 780 mil seguidores no aplicativo e seu exemplo de intromissão na política não é seguido pelos atuais comandantes, que só possuem contas institucionais nas redes sociais.

Na esteira de Villas Bôas, porém, muitos militares da ativa criaram perfis pessoais no Twitter e no Facebook. Pujol não aceitou. Em julho do ano passado, o então chefe do Estado Maior do Exército e atual ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, assinou a portaria 196, que proibiu a militância virtual dos militares da ativa. Braga Netto observou que manifestações políticas não estavam previstas no Estatuto dos Militares e no Regulamento Disciplinar do Exército. A única ressalva era para integrantes do Alto Comando do Exército, que podem ter perfis funcionais, mas possuem recomendações expressas de não usar esse instrumento para qualquer tipo de manifestação política.

Senado marca para esta terça-feira (23) votação da PEC do adiamento das eleições

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), marcou para esta terça-feira (23) a votação da proposta de emenda à constituição que trata do adiamento das eleições municipais, previstas para outubro deste ano.

O Congresso Nacional começou a discutir o tema nas últimas semanas, considerando a resiliência do novo coronavírus, causador da Covid-19. Especialistas da área médica ouvidos pelos senadores estimam um achatamento da curva de contaminação apenas no mês de setembro.

Caixa e MPT firmam acordo para que trabalhadores recebam valores do FGTS

Com o objetivo de garantir o cumprimento das exigências legais do FGTS, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e que os trabalhadores recebam os valores a que têm direito, foi firmado um acordo de cooperação técnica entre o Ministério Público do Trabalho e a Caixa Econômica Federal .

Segundo o MPT, o foco inicial do acordo abrangerá os recolhimentos feitos ao FGTS pelos empregadores e que não foram individualizados aos titulares das contas vinculadas do fundo em razão da ausência de informações obrigatórias.

A meta é contribuir para que os recursos depositados sejam efetivamente recebidos pelos trabalhadores.

Segundo levantamento atualizado da Caixa, divulgado pelo MPT, há cerca de 600 milhões de reais em depósitos a discriminar, com potencial de beneficiar mais de 400 mil trabalhadores. O acordo terá prazo de vigência de cinco anos.