Médico que comandou a ação do governo contra a pandemia de covid-19 defende a imprensa livre
Na noite de quarta-feira (24), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi o entrevistado em uma livre promovida pela apresentadora Flávia Mandetta. O sobrenome italiano revela o grau de parentesco: são primos. Em ambiente descontraído na web, bem diferente da tensão vivida em seus últimos meses no governo de Jair Bolsonaro, o médico comentou uma controvérsia repercutida na mídia e nas redes sociais.Mandetta e Mandetta: ex-ministro participou de transmissão bem-humorada no Instagram de apresentadora
Na edição daquela noite, o Jornal Nacional o atacou. “O ministro da Saúde encontrou uma outra maneira de agradar o presidente. Criticou o trabalho da imprensa”, leu a âncora substituta Ana Paula Araújo. “É estarrecedor que ele não reconheça que o nosso trabalho, o trabalho de todos os colegas jornalistas, daqui da Globo, mas também de todos os veículos, é um remédio poderoso: dar informação para que o povo possa se proteger.”
Na transmissão de ontem no Instagram, Mandetta admitiu ter se equivocado. “O que me arrependo naquela fala foi ter dito que às vezes a imprensa é sórdida. Não usei o adjetivo certo. Às vezes é over, às vezes é além. Veja os noticiários, mas dê um pouco de paz ao seu espírito”, explicou.
No bate-papo com Flávia Mandetta (conhecida por trabalhos na TV Gazeta, Band e RedeTV!), ele comentou a respeito da importância de as pessoas não exagerarem no consumo de televisão a fim de manter o equilíbrio da saúde mental. “Em um momento como esse, com excesso de informações sobre o coronavírus, você tem que ler um livro, ver um filme.”
Na sequência, deu outras sugestões. “Conversa com o marido, os filhos, joga War, sei lá, faça qualquer coisa, pule amarelinha, mas saia um pouco da frente da televisão. O pessoal acaba ficando com estresse. O assunto (na TV) fica monotemático e não tem saída.”
Luiz Henrique Mandetta ressaltou o valor das entrevistas dos técnicos do Ministério da Saúde transmitidas pelas TVs todas as tardes durante sua gestão. “Todo mundo da imprensa trabalhava aquilo (as informações divulgadas) e chegava nesse Brasilzão”, relembrou. “As entrevistas diárias salvaram milhares de vidas.”
O ex-ministro afirma ter investido pouco em propaganda oficial a respeito da pandemia justamente porque a mídia ajudava a espalhar as recomendações de prevenção aos quatros cantos do País. Em outro trecho da live que atraiu milhares de espectadores, Mandetta defendeu a liberdade de expressão e se colocou contra a censura.
“Não gosto de deslealdade com a notícia, quando tratam mal a notícia. Mas ainda prefiro aturar o mau jornalista a ter qualquer tipo de monitoramento ou uma imprensa não livre. A imprensa ajudou muito”, afirmou.