O banco está fechado. O objetivo do bandido é entrar na sala atrás dos caixas eletrônicos e roubar o dinheiro que está dentro deles. Mas, se der um passo, o alarme dispara e a polícia chega. Como driblar um sensor de calor que pega qualquer movimento?
Em algum momento, alguém desvendou esse dilema. O resultado foram centenas de assaltos a bancos no país. Para barrá-los, só uma instituição gastou, nos últimos dois anos, R$ 28 milhões.
O ladrão buscou enganar o sensor dos bancos com uma manta térmica (feita de alumínio) colocada por cima dos ombros, cobrindo o corpo inteiro. Tentou. O alarme não soou e o roubo deu certo.
A manta, que policiais e bancos chamam de “invisível”, caiu na boca dos bandidos e se espalhou pelo país. O alumínio driblava o sensor, que não enxergava calor na sala dos caixas eletrônicos.
Segundo funcionários da área de segurança de um grande banco do país, centenas de roubos a caixas eletrônicos foram feitos dessa forma.
Atualmente a situação está controlada: bancos investiram no desenvolvimento de um radar que não fosse driblado pela manta.
As instituições bancárias têm desembolsado no Brasil cada vez mais para manter equipes especializadas no combate a essa modalidade de crime e a outros tipos de golpes –alguns com nomes excêntricos como chupa cabra, alpinismo, pescaria.
Só em 2015 foram R$ 9 bilhões para “desenvolver sistemas de segurança”, segundo a Febraban (federação dos bancos). Há dez anos, o montante era de R$ 3 bilhões.
Esse valor não se refere apenas às agências, mas também à segurança virtual, hoje um dos grandes responsável por desfalques.
Em 2014, houve 385 assaltos a bancos no país, mais de um por dia, segundo a Febraban. Em SP, de janeiro a novembro de 2015, a polícia registrou 149 casos –recuo de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“Temos que pensar como eles [bandidos]. Tentar adivinhar novos golpes, mas eles estão sempre à frente”, diz um investigador de um banco. “Por segurança”, ele pediu para não ser identificado.
O infográfico nesta página mostra golpes adotados por ladrões para roubar bancos e clientes -e os recursos que algumas instituições utilizam para barrar as ações, como em um jogo de gato e rato.